por Marcelo Seabra
Com o medonho subtítulo Uma História que Chocou o Mundo, Foxcatcher nos apresenta a dois campeões de luta greco-romana que tem um relacionamento complicado: enquanto o irmão mais velho, David (Mark Ruffalo, de Truque de Mestre, 2013), parece mais centrado e calmo, Mark (Channing Tatum, de Terapia de Risco, 2013), o caçula, parece em busca de uma identidade própria, que o reconheçam como o ótimo atleta que é, e não apenas como o irmão do grande David. Ambos ganharam medalhas de ouro em eventos de grande porte e continuavam a se preparar para os próximos, principalmente as olimpíadas de Seoul, em 1988. Casado e com filhos, David conseguia se dedicar a um aspecto de sua vida sem abandonar os demais. Já Mark não tinha vida social, hobbies e nem mesmo traquejo para lidar com outros seres humanos.
Com um discurso ufanista, um bilionário procura Mark oferecendo ajuda, com patrocínio e toda a estrutura necessária para a preparação de lutadores. John du Pont (Steve Carell, de O Verão da Minha Vida, 2013), apesar de todo o dinheiro de que dispunha, era um sujeito solitário, que buscava a aprovação da mãe e que queria ser reconhecido como um grande treinador e líder. Suas atitudes equivocadas e seu discurso vazio de auto-ajuda deixam claro que ele não era um tipo muito normal. A dinâmica entre essas três personalidades distintas é o grande atrativo de Foxcatcher, algo que só é possível graças a um roteiro bem amarrado e enxuto (de E. Max Frye e Dan Futterman) e a interpretações complexas, extremamente bem construídas, que passam uma falsa impressão de facilidade, como se eles não estivessem se esforçando.
Foxcatcher chega ao Brasil tendo tido três indicações aos Globos de Ouro e com outras cinco possibilidades nos Oscars e três no BAFTA, entre várias outras. Responsável pelos elogiados Capote (2005) e Moneyball (2011), Bennett Miller foi consagrado como o melhor diretor de 2014 no Festival de Cannes. E não faltou uma polêmica: o lutador Mark Schultz foi à televisão difamar o longa, dizendo que fugiu muito da realidade, para pouco depois lamentar o acontecido e reforçar a enorme fidelidade com os fatos. Ele se justificou dizendo que foi muito doloroso reviver tudo aquilo e aproveitou para elogiar as escolhas do roteiro, que julga detalhado e, ao mesmo tempo, objetivo. O filme nem precisava de chamar a atenção de outras formas, já que certamente se trata de um dos melhores do ano, se não o melhor.
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Esse "A História que chocou o mundo" é só pra atrair o publico, não tem nada de tão chocante assim. Hoje em dia pra chocar o mundo precisa de muuuuuuuito mais!
O filme nunca deixa isso claro (ao menos não com palavras), mas o John Du Pont era homossexual e sentia tesão em assistir homens se agarrando no tatame. Eu sabia disso antes de assistir, assim encontrei várias cenas desconfortáveis nas quais o personagem observa seus lutadores ou mesmo os agarra. Sem contar que isso pode ser visto como um motivo a mais além do patriotismo para a criação da academia Foxcatcher e o gosto do personagem por lutas. E a forma como o Carell trata a homossexualidade enrustida do personagem é brilhante, além do ator estar irreconhecível. Na verdade todo o trio. Ainda que o Tatum e o Ruffalo não estejam cobertos por maquiagem, a transformação física deles está nos gestos (ou falta de) e no modo de andar desses lutadores, na intensidade que o Tatum traz estampada na cara. A cena do Ruffalo em frente a câmera do documentarista é ótima. O homem que até pouco antes não podia ser comprado se sentindo completamente humilhado.
Team Foxcatcher (2016) é um documentário sobre como John du Pont usou seu dinheiro para ajudar a equipe de luta olímpica dos EUA, construindo instalações de treinamento caras em sua propriedade, chamada 'Foxcatcher'.
O documentário é melhor q o filme, não que o filme seja ruim não é o caso. O documentário é mais rico em detalhes. Recomendo os dois!