por Marcelo Seabra
Quando um filme faz barulho devido à polêmica que o envolve, mas o conteúdo propriamente dito passa batido, nota-se que há algo errado. A nova comédia de Seth Rogen, Evan Goldberg e turma, A Entrevista (The Interview, 2014), se encaixa nessa categoria e só agora chega aos cinemas do Brasil. Depois de detonar uma guerra entre hackers ligados à Coréia do Norte e a Sony Pictures e ser deixada na geladeira, a produção conseguiu ser vista nos Estados Unidos em cinemas independentes, e não nas grandes redes, e segue ao resto do mundo. Todo esse circo na mídia criou expectativa pelo filme, que supostamente seria uma engraçada sátira política. Mas ele merecia tanta atenção?
A premissa é criativa, isso temos que admitir. Um apresentador de televisão de um programa raso de entrevistas descobre que o líder supremo da Coréia do Norte, Kim Jong-un, é seu fã e o produtor faz de tudo para conseguir agendar com ele. Assim, é anunciado no programa que, em três semanas, o tal apresentador fará uma bombástica entrevista com o ditador que é temido no mundo todo. A CIA aproveita a oportunidade e incumbe os dois de matar o entrevistado, algo que seria muito simples em tese. A partir daí, os diretores Rogen e Goldberg, que escreveram o longa ao lado de Dan Sterling, redator do programa The Daily Show, aproveitam para fazer graça com a Coréia do Norte e a visão que o mundo ocidental tem de lá. Nada além de uma comédia exagerada, com o chamado humor de banheiro, ainda mais baixo que no trabalho anterior da trupe, É o Fim (This Is the End, 2013).
O ponto alto de A Entrevista é o elenco. Rogen, como o produtor Aaron Rapaport, é sempre uma figura carismática, e funciona bem ao lado de James Franco, seu velho amigo. Franco sabe usar sua persona de canastrão e se dá muito bem como Dave Skylark, o entrevistador que se acha na mesma posição de David Frost na famosa entrevista com o ex-presidente americano Richard Nixon. A surpresa fica por conta de Randall Park, que vive Jong-un. Ele mistura timidez, doçura, raiva e frustração na medida certa, acertando no tom para cada momento, ajudando em muito que o filme consiga fazer as críticas que pretende. De pequenos papéis em filmes como Vizinhos (Neighbors, 2014) e Sex Tape (2014) e séries como Veep e Projeto Mindy, Park deve ver sua carreira decolar, ou ao menos ter mais oportunidades. Outra que deve ter portas se abrindo é Diana Bang (da série Bates Motel), que faz uma importante assessora do governo e tem uma presença forte, não deixando nada a desejar frente aos colegas mais famosos.
Apesar das figuras simpáticas em cena, o grande defeito desse filme é a quase total falta de graça. Rimos muito esporadicamente e não há críticas de fato interessantes ou inteligentes sendo feitas. Mas as piadas de banheiro, ah, essas não faltam! Eles chegam ao ponto de improvisarem um supositório, tamanha é a apelação, e isso passa longe de ser engraçado. O que chega mais perto de criar algum interesse no público é a relação que se desenvolve entre Skylark e Jong-un, em detrimento da amizade entre o primeiro e Rapaport. Mas os roteiristas estão mais preocupados em tentar fazer graça com situações mais óbvias, perdendo a oportunidade de desenvolver melhor as sutilezas.
O problema todo causado pela Coréia do Norte, que considerou o filme uma afronta dos norte-americanos e detonou tantas retaliações, teve o efeito contrário do pretendido. Por medo de ataques, os grandes cinemas não o exibiram, o que causou um prejuízo financeiro. Mas antes que os independentes decidissem lhe dar asilo, o arquivo já rodava a Internet, batendo recordes de downloads ilegais, e a Sony logo anunciou lançamento em outros países. Serviços online já disponibilizam o longa, que estará disponível no Netflix ainda este mês e chega em DVD e Blu-ray em fevereiro. A Sony pode até ter sido desfalcada, mas o alcance de A Entrevista foi longe. A uma altura dessas, provavelmente até na Coréia do Norte.
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Muito antipático da sua parte falar tão mal, afinal o Sr não é o dono da verdade, busca implacável é um ótimo filme de ação! De o Sr não gostou, não significa que todos não gostaram
Vamos por partes, Geísa:
1- por que um comentário sobre Busca Implacável está em A Entrevista?
2- Onde eu disse que todos têm que detestar Busca Implacável?
3- Sim, é a minha opinião, postada no meu blog.
4- Quando eu disse que era legal?