por Marcelo Seabra
Em setembro de 2012, logo após o lançamento da segunda parte, Liam Neeson disse que não teria uma terceira. Ou “as chances são muito pequenas”, consertou. Em novembro seguinte, a Fox começou a se movimentar para que essa sequência acontecesse. Eis que, em janeiro de 2015, chega aos cinemas nacionais Busca Implacável 3 (Taken 3, 2014), a provável última aventura do psicopata bacana Bryan Mills, aquele super agente aposentado que teve a filha seqüestrada e ainda enfrentou todos os compatriotas dos seqüestradores mortos. Para o terceiro, a saída foi acusá-lo de um crime, colocando-o em outra espiral de violência.
Propositalmente mais abatido e velho, Mills parece estar se acostumando à vida solitária de um aposentado divorciado, com ocasionais jogos de golfe com a velha turma e algumas visitas da ex-mulher e amiga (Famke Janssen), além de ver a filha (Maggie Grace) sempre que pode. No papel de segundo marido de Lenore, Dougray Scott (de Sete Dias com Marilyn, 2011) substitui Xander Berkeley e tem uma participação maior. O sujeito que passou perto de ser o Wolverine dos X-Men ganha a vida sendo um coadjuvante de segunda em continuações de terceira. E Forest Whitaker (de Tudo por Justiça, 2013) se constrange mais uma vez repetindo o papel de policial estúpido e fisicamente esquisito.
Tudo parece no seu devido lugar quando acontece um assassinato e Mills é o suspeito óbvio para uma polícia acometida de sérias deficiências mentais. Mesmo que as supostas provas contra o sujeito sejam extremamente circunstanciais e que haja provas certas do contrário, de que haveria outros envolvidos, os homens da lei preferem apenas ignorar tudo e continuar numa busca implacável por Mills. Só assim para explicar o título – que no original já deixou de ter sentido. Mills passa uma boa parte da produção apenas fugindo da polícia, para em algum momento resolver ir atrás dos verdadeiros criminosos. E é impressionante como tudo flui facilmente. Algumas pessoas tomam certos cuidados, outras não. E algumas pistas são descobertas, outras ficam guardadas para um momento oportuno.
O primeiro Busca Implacável, a entrada de Neeson nesse filão de ação que ele tanto vem explorando, é bem divertido, quase como um James Bond que volta à ativa para salvar a filha. O segundo foi forçado e absurdo, com situações completamente fora da realidade – alguém se lembra da garota explodindo granadas no telhado do hotel? Este novo episódio é ainda mais exagerado, previsível, imbecil e furado, mas se leva muito mais a sério e realmente se acha muito engenhoso. Luc Besson e Robert Mark Kamen devem ter ficado muito orgulhosos do fechamento que criaram para a trilogia de Mills. O personagem coloca em risco dezenas de universitários apenas para poder ver a filha, destruindo patrimônio público e privado sem pensar duas vezes. Para um ator que acaba de lançar o interessante Caçada Mortal (A Walk Among the Tombstones, 2014), Neeson não precisava ter insistido nessa franquia.
O produtor Besson, que anda cometendo atrocidades como Lucy (2014), 13º Distrito (Brick Mansions, 2014) e 3 Dias para Matar (3 Days to Kill, 2014), não satisfeito em ter escrito um roteiro ridículo e cheio de buracos com Kamen, chamou um diretor que não tem noção do que está fazendo. O bom e velho Olivier Megaton, que nunca falha em ser pau mandado do amigo, é o responsável pela parte 2 também, o que prova que Besson decidiu insistir no erro de várias formas. No meio de tantos bons filmes, nessa temporada de premiações, nos deparamos com isso. Ao menos, dessa vez, o cartaz diz que “Acaba aqui”. Vamos torcer para que a promessa seja mantida.
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