por Marcelo Seabra
Nas últimas semanas, a correria da vida cotidiana não permitiu a este pipoqueiro colocar no “papel” as impressões sobre os filmes mais recentes a estrear. Sessões de Cinema não faltaram, mas não sobrou tempo para escrever. Por isso, seguem abaixo algumas linhas sobre as principais produções a chegarem à tela grande que ainda não apareceram por aqui.
A nova macaquice de McG a chegar aos cinemas é a típica produção descartável estrelada por Liam Neeson, com a diferença que o ator não aparece, dando lugar a Kevin Costner. 3 Dias para Matar (3 Days to Kill, 2014) é uma ação protagonizada por um agente fodão e pai de família, apesar de separado da esposa e emocionalmente distante. Seria um prato cheio para Neeson (de Sem Escalas, 2014), mas é Costner (de O Homem de Aço, 2013) quem vive o assassino da CIA que pretende completar sua última missão para se aposentar. Sua vida, inclusive, depende disso, já que ele só terá a droga experimental para curar sua doença se eliminar o malfeitor da vez.
O diretor, mais lembrado pelas duas aventuras das Panteras (de 2000 e 2003), está mais genérico do que nunca, assumindo aqui o papel de pau mandado do roteirista e produtor Luc Besson, que assina diversas produções por ano, em funções variadas. Costner, sempre uma figura marcante e carismática, é o responsável pelo filme funcionar moderadamente, em meio a tiros, correrias e risos involuntários. Afinal, além de salvar o seu país, ele precisa ajudar a filha a passar pelas crises da adolescência. Hailee Steinfeld (de Bravura Indômita, 2010) vive a garota e passa uma relação crível com o pai, tendo um pouco mais de importância para a trama que Connie Nielsen (de Ninfomaníaca, 2013), que faz a mãe. O papel de Amber Heard (de Machete Mata, 2013), a mulher fatal que comanda o agente Renner, é o mais difícil de engolir, já que ela passa de “certinha do escritório” para “linda das ruas” de uma cena para a outra.
O resultado de 3 Dias para Matar é o filme da TV usual, que você vai assistir no dia que faltar o que fazer e você preferir evitar a trouxa de roupas para lavar. Tem momentos engraçadinhos, outros que não deveriam ser e acabam sendo, e mostra uma dose de ternura quando enfoca o relacionamento da garota com o pai. Como bônus, podemos ouvir a clássica Make It With You, da banda Bread, e Sweet Disposition, canção mais moderna, da Temper Trap. Há de agradar gerações diferentes.
A interação entre os protagonistas, que funcionou tão bem da primeira vez, continua tendo sua força. Mas a repetição pura e direta e a recorrência do mesmo tipo de piadas irrita. A brincadeira da confusão dos dois com um casal gay, por exemplo, é usada à exaustão. A metapiada de se tratar de uma continuação também cansa. Eles arrumam uma forma engraçada de sustentar o título original, já que o endereço do quartel general deles mudou, mas não param de afirmar que essa missão é igual à anterior. Mas “a segunda vez é sempre pior”, como um personagem diz certa hora.
Os policiais têm nova cena com uso de drogas, se envolvem a fundo na vida que deveria ser apenas um disfarce, passam por situações que requerem improvisação e dão muitas mancadas. Tudo como ocorreu da primeira vez. Mas sem o frescor, o ineditismo que chamou a atenção há dois anos. A dupla de diretores, Phil Lord e Christopher Miller, lançou também em 2014 Uma Aventura LEGO (The LEGO Movie), filme despretensioso que funciona infinitas vezes melhor. E o dinheiro que esta continuação gerou já garantiu um terceiro, que tem até um roteirista contratado, Rodney Rothman, um dos três desse segundo episódio. Resta saber onde Jenko e Schmidt vão se infiltrar dessa vez.
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