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Transformers chegam à quarta aventura!

por Marcelo Seabra

Tudo o que aprendemos a detestar no trabalho de Michael Bay está em Transformers: A Era da Extinção (Transformers: Age of Extinction, 2014). Excesso de câmeras lentas para tentar aumentar um suspense inexistente; incontáveis closes buscando denotar heroísmo; destruição desenfreada que leva o espectador para qualquer outro lugar que não a ação; personagens humanos insossos para provar que o filme não é sobre robôs; trama indecifrável, de tanto que a complicam; cortes rápidos e imagem trêmula que dificultam ainda mais o entendimento; duração inexplicavelmente exagerada. E não podemos nos esquecer da bandeira americana ao vento. Resumindo: Michael Bay continua sendo Michael Bay.

Já em seu quarto longa (!), a franquia dos robôs da Hasbro não dá sinais de conclusão. Pelo contrário: não é exatamente um reboot, porque a trilogia inicial é respeitada na cronologia. Mas toma-se outro caminho, com novos personagens humanos se envolvendo na guerra entre veículos alienígenas. E está aí o provável único mérito dessa aventura: nos livrar de Shia LaBeouf. O novo protagonista é, no mínimo, mais carismático. Mark Wahlberg, que trabalhou com Bay recentemente em Sem Dor, Sem Ganho (Pain & Gain, 2013), assume a responsabilidade, ou a tarefa ingrata, de correr em meio a destroços metálicos para tentar salvar sua vida e de sua filha.

Com um prólogo besta na pré-história, a trama logo parte da Chicago que sobreviveu após a destruição dos filmes anteriores – “trauma” que lembra Os Vingadores (The Avengers, 2012). Os Transformers foram banidos, até mesmo os bonzinhos autobots. Eles passaram a viver na clandestinidade. Sob o disfarce de um caminhão velho e estragado, o grande líder Optimus Prime acaba se revelando para salvar a vida do inventor falido que o comprou (Wahlberg) e da filha adolescente dele (Nicola Peltz, da série Bates Motel). Também na fuga interminável estão o amigo de Cade, Lucas (T.J. Miller, de Rock of Ages, 2012), e o namorado de Tessa, o piloto Shane (Jack Reynor, de De Repente Pai, 2013), profissão que vem bem a calhar, já que ele assume sempre o volante.

No rol de vilões, há exemplos de várias espécies. No time de humanos, há o burocrata frio vivido por Kelsey Grammer (o eterno Fraser da TV), responsável por um plano inacreditável e com carta branca da presidência; o capanga chefe de Titus Welliver (de Terra Prometida, 2012); e o empresário bilionário Joshua Joyce. Interpretado por Stanley Tucci (o apresentador de Jogos Vorazes, acima, com Bay e Grammer), ele é um dos poucos que se salvam na chatice generalizada que é o roteiro de Ehren Kruger (também responsável pelas duas bombas anteriores baseadas nos brinquedos). Há um caçador alien com um quê de Predador, Lockdown, cuja história não fica nem perto de explicada. E não poderiam faltar os nossos decepticons de sempre, que servem ao mal por algum motivo. Agora, cientistas conseguem criar seres similares aos Transformers, e aparentemente melhorados, o que promete colocar mais lenha na fogueira.

A presença forte de Wahlberg não é o suficiente para compensar todos os demais problemas desse “Transfourmers”. Começando por seus coadjuvantes, Peltz e Reynor, que deveriam pegar fogo juntos, mas não convencem como casal. No elenco, o que acaba chamando mais a atenção é a voz de John Goodman (de Caçadores de Obras Primas, 2014), inconfundível, como o durão Hound. Entra ano e sai ano, Bay continua com seus maneirismos irritantes, os mesmos que começou a mostrar ao dirigir clipes no início dos anos 90 – alguém se lembra de Do It to Me, do Lionel Ritchie? Para quem é fã da franquia, este “mais do mesmo” deve agradar. E a vida da franquia deve ser longa, visto que está em primeiro nas bilheterias yankees.

O astro e o diretor já conversam sobre um quinto filme

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

View Comments

  • Olá Pipoqueiro! Transformers A Era Da Extinção foi o pior filme que assisti esse ano. Um roteiro confuso e eu não entendi nada.
    Abraços.

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