por Marcelo Seabra
Frequentemente, temos belas histórias proporcionadas pelo esporte. Uma delas ganhou as telas recentemente e marca a estreia do global Caio Castro no Cinema. A Grande Vitória é a história de um conceituado judoca e treinador brasileiro, Max Trombini, que encontrou seu caminho após começar a praticar judô. O diretor e roteirista Stefano Capuzzi Lapietra é outro que tem seu debut, indicando com este trabalho correto que um bom futuro pode estar por vir.
Em vários momentos, Lapietra poderia ter perdido a mão e transformado a obra em um dramalhão. Mas ele se contém e consegue manter o nível. Ajuda contar com o auxílio de um bom elenco – ao menos, na primeira parte da história. Moacyr Franco, bastante premiado por O Palhaço (2011), faz o avô do garoto, alguém que o trata com carinho e ensina valores importantes, além de uns golpes para vencer o colega brigão. A morte do avô faz o menino perder seu referencial e as brigas se tornam cada vez mais freqüentes. A solução vem a partir da sugestão do professor de educação física: aulas de judô. Detalhe: o professor é ninguém menos que o próprio Trombini, numa participação especial.
Na primeira etapa, Max é vivido por Felipe Falanga, que já havia feito o jovem Lula no longa de 2009. Compensando seu artificialismo com carisma, Falanga consegue cumprir sua obrigação. Para a versão adulta, foi convocado Caio Castro, um ator que precisa treinar um bocado para chegar perto da naturalidade dos veteranos do elenco. Tato Gabus Mendes, como o sensei Josino, consegue fazer a figura paterna sem ser chato ou moralista, contribuindo muito para o resultado positivo do filme. Suzana Pires (de O Tempo e o Vento, 2013), como a mãe de Max, é outra a mesclar os dilemas de uma pessoa que não sabe bem como demonstrar afeição ao filho mesmo tendo ele como principal preocupação na vida.
Como ponto negativo para o elenco, temos Sabrina Sato, que tenta evitar rir em cada cena em que aparece. Se como comediante a moça já não ajuda, como vimos em O Concurso (2013), num drama é que não seria bem sucedida. O constrangimento é visível e o uso da imagem dela no cartaz é claramente uma tentativa enganosa de chamar público, já que ela nem faz um personagem tão importante. O apresentador Carlos Massa, o Ratinho, faz uma ponta e não chega a se comprometer, de tão rápida que é sua aparição. Com um minuto a mais em cena, talvez, a crítica seria mais severa. Outros nomes, como Domingos Montagner, Felipe Folgosi e Rosi Campos, não chegam a causar uma impressão forte, também por passarem rapidamente pela tela.
Com um maestro de renome encarregado da trilha sonora, era de se esperar algo magistral. Mas João Carlos Martins não tem experiência com Cinema e seus temas acabam martelando no público as emoções que deveriam sentir. Em diversos momentos, isso chega a incomodar. No quesito fotografia, a coisa funciona melhor, com belas imagens por Toni Gorbi. As tomadas nos tatames são bem elaboradas, permitindo que até que não conhece nada de judô entenda o que está acontecendo. E há transições bem elaboradas entre cenas que tornam a produção mais elegante. Como os pontos positivos se sobrepõem, Trombini deve ter ficado satisfeito com a adaptação de seu livro e com a forma como a sua vida foi retratada.