por Marcelo Seabra
Para quem é ligeiramente paranoico ou gosta de uma trama intrincada marcada por muitas dúvidas, há uma boa novidade para se levar para casa: Circuito Fechado (Closed Circuit, 2013). O clima de tensão e apreensão permanece no ar, com personagens e situações que podem não ser exatamente o que parecem ser numa trama que envolve temas atuais, como terrorismo, imigrantes e atuação policial. Até que ponto pode-se justificar o uso da violência para um suposto bem maior?
O roteirista Steven Knight parece se interessar pelas questões que levanta em Circuito Fechado, ele já abordou assuntos similares em obras como Coisas Belas e Sujas (Dirty Pretty Things, 2002) e Senhores do Crime (Eastern Promises, 2007). Dessa vez, o foco é o sistema legal inglês e suas especificidades quando se trata de um caso de segurança nacional. Para quem não está inteirado (possivelmente todo mundo), é uma boa introdução à área. A forma de lidar com o caso pode parecer estranha, com muitos cuidados estranhos a brasileiros e ao resto do mundo, mas não deixa de ser interessante.
Eric Bana, lembrado como o Hulk (2003) de Ang Lee ou mesmo o Heitor de Tróia (Troy, 2004), continua não muito expressivo. O bom é que, desta vez, esse “talento” casa bem com o personagem, um advogado almofadinha que se vê assumindo o caso mais importante do momento. Uma bomba explode em um mercado londrino, matando um punhado de gente, e um rapaz de origem turca é preso como mandante e executor. Depois que o advogado de defesa comete suicídio, Martin Rose (Bana) é escalado. Ao mesmo tempo, é necessário ter uma defensora que vai lidar com o material confidencial e as sessões fechadas, e chamam Claudia Simmons-Howe (Rebecca Hall, de O Dobro ou Nada, 2013). O passado dos dois envolve um romance falido, que deve ser mantido em segredo devido ao papel de cada um no caso.
As imagens iniciais, complexas e nervosas, de câmeras particulares nas ruas de Londres, indicam uma direção que o filme acaba não seguindo. Algumas soluções são um tanto simplistas e não há nada de marcante no trabalho do diretor, o pouco conhecido John Crowley. Apesar do ritmo frouxo e uma dose de clichês, o bom elenco, que ainda conta com Ciarán Hinds (de A Mulher de Preto, 2012), Jim Broadbent (de A Viagem, 2012) e Julia Stiles (da série Bourne), compensa e mantém o interesse do público.