por Marcelo Seabra
Como o título original deixa claro e o nacional, apesar de mal pensado, ajuda a reforçar, O Grande Herói (Lone Survivor, 2013) terá apenas um sujeito vivo ao final. No início do filme, isso fica ainda mais claro. Não é no final que o diretor e roteirista Peter Berg está interessado, mas na jornada dos quatro fuzileiros americanos que são escalados para uma missão aparentemente corriqueira e se vêem cercados por combatentes afegãos muito mais numerosos. Cenas de guerra bem feitas e uma edição ágil devem agradar quem busca um filme de ação minimamente inteligente e construído com afinco.
Os quatro integrantes da missão são todos nomes bem estabelecidos no Cinema. Taylor Kitsch (de Selvagens, 2012) vive o líder, Mike Murphy; Emile Hirsch (de Killer Joe, 2011) é o técnico de comunicação Danny Dietz; Ben Foster (de 360, 2011) faz o atirador Matt Axelson; e Mark Wahlberg (de Sem Dor, Sem Ganho, 2013) é o soldado Marcus Luttrell, o sobrevivente do título em inglês. Foi Luttrell (com Patrick Robinson) quem escreveu o livro que conta a saga desses militares que foram enviados para a morte nas montanhas do Afeganistão, atrás de um dos líderes do Talibã, que estaria escondido ali. Os atores parecem bem integrados, nenhum se destaca – positiva ou negativamente.
O superior que organiza a missão, Erik Kristensen, é interpretado por Eric Bana (de A Fuga, 2012), o outro nome famoso do elenco. Bana, em 2001, participou de outro filme bem realista sobre uma empreitada militar que deu errado: Falcão Negro em Perigo (Black Hawk Down). O Grande Herói, no entanto, é menos ufanista e não defende a guerra tão claramente. Apenas conta a história daqueles soldados, e até consegue trazer algumas questões para discussão. Civis devem ser poupados? Mesmo sabendo que eles podem entregar a equipe e estragar tudo? A dedicação aos colegas é um ponto forte aqui, e podemos ver algumas cenas do treinamento ao qual eles são submetidos para ver que as situações são realmente muito difíceis, daquelas que unem as pessoas. Na primeira parte, conhecemos um pouco de cada um dos protagonistas, e isso será fundamental logo adiante, para que nos importemos com eles frente ao perigo.
Em meio a tiroteios, mato e montanhas, o que mais chama a atenção durante a exibição é a crueza das quedas. Num terreno bem irregular, marcado por grandes formações rochosas, os personagens são jogados sem dó, rolando e batendo pelo caminho. Quase sentimos dor com eles, o que é um grande mérito do filme, que consegue levar para o público um pouco do desespero que aqueles personagens devem ter vivenciado. Edições de áudio e vídeo primorosas contribuem bastante nessa experiência. Berg, responsável por obras pavorosas como Battleship (2012) e Hancock (2008), consegue entregar um trabalho acima da média e ganha um ponto positivo em sua carreira. E ele estava precisando.
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