por Marcelo Seabra
É comum encontrar na TV programas jornalísticos que exibem matérias de interesse humano, aquelas de pessoas que passaram por grandes provações. Independente do final, elas costumam atrair muita atenção. Para jornalistas mais cínicos e pessimistas, estas são as piores missões. Martin Sixsmith era um desses e acabou partindo para uma carreira como assessor político. No momento em que se viu em desgraça profissional, voltou ao jornalismo e a primeira história que caiu em seu colo era exatamente o que não queria: a busca de Philomena Lee pelo filho entregue à adoção.
Certamente um dos filmes mais discretos entre os indicados ao Oscar, Philomena (2013) é daqueles que devem muito do barulho causado à atriz principal, a grande Judy Dench (a M das novas aventuras de James Bond). Não fosse a inglesa, seria apenas mais um filme bonitinho e sensível entre tantos outros, com seus pequenos furos. Dench dá a Philomena a dimensão exata que a personagem necessita para que nos interessemos pelo drama dela. Ainda bem jovem, ela se apaixona e engravida de um rapazinho, o pai a envia para um convento e ela supostamente é cuidada pelas freiras. Assim como no marcante Em Nome de Deus (The Magdalene Sisters, 2002), o cerne da questão é o tratamento dispensado pela Igreja Católica às garotas “desonradas” recusadas por suas famílias.
Além de produzir e roteirizar (ao lado de Jeff Pope), Steve Coogan ainda assume o papel de Sixsmith, o jornalista que toma conhecimento da história da sofrida senhora e decide investigar, já que isso daria muito mais público que seus adorados estudos sobre a história da Rússia. Se, num primeiro momento, ele parece ser apenas um chato intolerante, as coisas se desenvolvem bem e ele acaba ganhando traços mais reais, de uma boa pessoa, porém vaidosa e impaciente. O momento pelo qual passa também não ajuda, o que serve de atenuante. Philomena parece ser um pouco limitada intelectualmente, o que é compensado com um grande coração e uma simpatia imensa. Sixsmith é praticamente o oposto. O contraste entre as duas personalidades cria momentos quase cômicos, que ajudam a quebrar a tensão causada pelos pontos trágicos da trama.
Mais uma vez passando despercebido por trás das câmeras, Stephen Frears é o tipo do sujeito que dirige em todos os gêneros, sem nunca deixar uma marca. Responsável por obras grandes (Ligações Perigosas, Os Imorais, Alta Fidelidade), boas (A Rainha, Herói por Acidente) e irritantes (O Segredo de Mary Reilly, O Dobro ou Nada), sua inconstância não cria muitas expectativas, o que o deixa no lucro quando acerta o alvo. Novamente sob o comando de Frears, Judy Dench repete o feito de Sra. Henderson Apresenta (Mrs. Henderson Presents, 2005) e recebe uma indicação ao Oscar de melhor atriz, sua sétima – o único que levou, como coadjuvante, foi por poucos minutos em cena em Shakespeare Apaixonado (Shakespeare in Love, 1998). Apesar de pouco provável, Dench ganhar por Philomena seria fazer justiça a uma bela composição de uma veterana que por diversas vezes provou seu talento.
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Realmente a atuação de Judy é o principal chamativo do filme, e tem uma estrutura bem interessante. Ótimo.
Discordo totalmente da crítica. Achei Philomena um filme medíocre e superestimado. Judi Dench não fez nada demais além de dar uma performance que se espera dela é talvez o pior indicado ao Oscar desse ano.
Não entendo o porque de não ter gostado de Philomena, é um filme muito bem estruturado e consegue discutir vários temas presentes na sociedade ser soar forçado. Bom, avida é assim mesmo, uns gostam, outros não.