Os Globos de Ouro – 2014

por Marcelo Seabra

Tina Fey e Amy Poehler começam os 71º Globos de Ouro, pela segunda vez, às 23h. Uma série de brincadeiras depois e elas chamam a primeira categoria, Melhor Atriz Coadjuvante. E é ninguém menos que Jennifer Lawrence, de Trapaça (ou American Hustle), que levou o último Oscar de Melhor Atriz. Para Melhor Atriz Coadjuvante de uma Série ou Filme para Televisão, várias atrizes jovens e bonitas são indicadas, mas o prêmio ficou para a experiente Jacqueline Bisset, por Dancing on the Edge. Um discurso longo, com palavrão e tudo, e ela encerra o primeiro bloco.

Na sequência, Naomi Watts e Mark Ruffalo chamam a Melhor Série ou Filme para a TV, e dá a HBO: Behind the Candelabra, ou Minha Vida Com Liberace, longa sobre o fantástico pianista e sua vida íntima. Como Melhor Atriz em Série ou Filme para a Televisão, Elizabeth Moss, mais lembrada por Mad Men, ganha por Top of the Lake, uma minissérie muito elogiada de Jane Campion. Ela bate gente como Jéssica Lange e Helen Mirren. O presidente da associação de imprensa estrangeira entra para saudar a todos e a categoria seguinte é Melhor Ator em uma Série de Televisão. Não poderia ser outro que não Bryan Cranston, de Breaking Bad, na sua última temporada. Na categoria Melhor Série Dramática, não poderia ser diferente: Bryan Cranston volta ao palco para ajudar a equipe a receber o prêmio por Breaking Bad, numa homenagem que deve durar a noite toda. Vince Gilligan, o criador e produtor, com sua voz débil, agradece, abrindo espaço para o coadjuvante Aaron Paul.

O prêmio seguinte fica com o figura Alex Ebert, pela Trilha Sonora de All Is Lost, Até o Fim no Brasil, e é seguido pelo prêmio para Melhor Canção Original, que fica com o pessoal do U2 e colaboradores pela música Ordinary Love, do filme Mandela: Long Walk to Freedom. Tudo leva a crer que a estatueta seguinte, Melhor Ator Coadjuvante de Série, Minissérie ou Filme para  TV, é mais uma para Breaking Bad, mas quem leva é Jon Voight, o pai de Ray Donovan. A categoria mais equivocada, Melhor Atriz – Comédia ou Musical, que escolhe os filmes mais nada a ver com os gêneros específicos, premia novamente Trapaça (American Hustle), para a linda Amy Adams, indicada anteriormente quatro vezes. O casal Kyra Segdwick e Kevin Bacon chama a Melhor Atriz em uma Série ou Filme para a TV, e é Robin Wright, de House of Cards.

O vencedor de Ator Coadjuvante no ano passado, Christoph Waltz, entra para anunciar o vencedor desse ano, e a surpresa é o cantor Jared Leto, que voltou a fazer um filme com Dallas Buyers Club. Spike Jonze, que diz falar inglês mal, mesmo sendo sua única língua, fica com o Globo de Ouro de Melhor Roteiro, por Her. Numa categoria meio difícil, onde quase qualquer um seria uma zebra, Andy Samberg, de Brooklyn Nine-Nine, leva Melhor Ator em uma Série de Televisão. A Grande Beleza, obra italiana de Paolo Sorrentino, é o Melhor Filme Estrangeiro, mesmo eu tendo gritado aqui que seria A Caça. Não deu, não ouviram. Uma grande barbada veio a seguir, com Michael Douglas como Melhor Ator em uma Minissérie ou Filme para TV vivendo Liberace em Behind the Candelabra.

A Disney mostra quem manda levando Melhor Animação por Frozen – Uma Aventura Congelante, a favorita da categoria – afinal, Meu Malvado Favorito 2 é sacanagem, né? A apresentadora Amy Poehler levou Melhor Atriz por uma Série de TV – Comédia ou Musical, por Parks and Recreation, o que a pegou desprevenida, e mesmo assim ela aproveitou para beijar Bono. Para ela, prêmio duplo. Tina Fey aproveitou para saudar a amiga, com uma pitada de ironia. Emma Stone, por algum motivo, introduz o prêmio Cecil B. DeMille, que este ano é para ninguém menos que Woody Allen. Depois de um longo clipe sobre as obras do diretor, Diane Keaton entra para fazer uma homenagem mais apropriada, já que ela é uma das atrizes mais marcantes da carreira do cineasta. Como Allen não está lá, ela recebe o prêmio pelo amigo. Um longo discurso e uma música depois, ela sai para que a cerimônia continue.

Na sequência, vem o prêmio de Melhor Diretor, e os cinco são pesos pesados. No fim das contas, quem leva é Alfonso Cuarón, pelo visualmente fantástico Gravidade. A Melhor Série de TV – Comédia ou Musical é mais uma honraria para Brooklyn Nine-Nine, uma série que vem sendo elogiada, mas ainda não mostrou serviço. Só de não ter ido para Girls ou Modern Family, já está ótimo. O Melhor Ator – Comédia ou Musical vem de O Lobo de Wall Street, que não é nem comédia e nem musical. Ele é Leonardo DiCaprio, o Jordan Belfort do novo trabalho de Martin Scorsese, que fez questão de reverenciar os demais indicados. Já o Melhor Filme – Comédia ou Musical é Trapaça, mais um prêmio para a produção de David O. Russell.

DiCaprio volta ao palco para entregar a estatueta de Melhor Atriz – Drama, e ficou mesmo com Cate Blanchett, a alma de Blue Jasmine. Em seguida, a estonteante Jessica Chastain convida o Melhor Ator – Drama. Entre vários fortes concorrentes, talvez o menos provável fosse Matthew McConaughey, segundo ator vencedor por Dallas Buyers Club. Steve McQueen pode não ter sido o melhor diretor, mas seu 12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave) é o Melhor Filme – Drama. Um filme forte, extremamente elogiado, que chega ao Brasil na sexta-feira de carnaval, dois dias antes do Oscar, o que não é uma jogada muito esperta da distribuidora. Dentre vários prêmios que o longa poderia ter ganhado, ele ficou “apenas” com o mais importante. E, assim, se encerram os Globos de Ouro 2014.

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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