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Whitechapel explora os crimes da famosa vizinhança londrina

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Produzida pela britânica Carnival Films, Whitechapel é uma série que se foca nos casos investigados pelo departamento de polícia do bairro de mesmo nome e que, em sua maioria, tem ligações com crimes passados. Jack, o estripador, ainda que não diretamente, é o principal motivador da primeira temporada, que consiste de apenas 3 episódios. O que não foge da tendência atual da TV britânica, na qual boa parte das séries tem temporadas cujo número de episódios sequer chega aos dois dígitos.

Localizado no East End de Londres, o bairro de Whitechapel, cujo nome vem de uma catedral dedicada à virgem Maria, se tornou notório no fim do século XIX quando, entre 31 de agosto e 9 de novembro de 1888, cinco mulheres, todas prostitutas, foram encontradas brutalmente assassinadas em diferentes ruas do bairro. A série de assassinatos que aterrorizou a Londres vitoriana entrou para a história principalmente pelo fato de, 125 anos depois, a identidade de seu perpetrador continuar anônima. Seu nome, “Jack” – ou, mais comumente, “Jack, o estripador” – foi tirado de uma carta que o próprio assassino teria enviado à polícia metropolitana que investigava o caso na época. Os assassinatos pararam no começo de novembro, mas a investigação permanece até hoje, com um sem número de livros, tratados, filmes e quadrinhos dedicados a desvendar a real identidade de Jack. Na Inglaterra, há até mesmo a “ripperology”, um termo sem tradução que é usado para identificar os estudiosos e cientistas que se debruçam a entender e desvendar Jack. O número de suspeitos e teorias a respeito é tão vasto que chega a beirar o absurdo.

A série começa quando o corpo de uma mulher é encontrado em um pátio. Ela está agonizando e logo falece, aparentemente devido a um corte na garganta. O departamento de homicídios local – liderado pelo detetive sargento Ray Milles (Phillip Davies, de séries como Sherlock e Being Human, acima à esquerda) – é chamado para cuidar do caso. Sem que Milles saiba, no entanto, o comissário de polícia local designa um novo inspetor chefe para sua unidade, um oficial de carreira chamado Joe Chandler (Rupert Penry-Jones, de Match Point, 2005 – à direita) que quer usar aquele caso apenas como um degrau em sua escalada para cargos mais altos. Desnecessário dizer que o caso se complica na medida em que fica claro que esse assassinato é uma tentativa moderna de recriar os crimes do mais famoso assassino a andar pelas vielas de Whitechapel.

O primeiro caso de Joe Chandler vai dominar toda a primeira temporada da série. Ela mostra bastante da investigação e como o estripador até hoje está presente no cotidiano de Whitechapel, onde há excursões nas quais especialistas em Jack (os tais “ripperologists”) levam turistas pelos locais onde o criminoso atuou. Paralelamente, vemos Chandler batendo de frente tanto com seus subordinados quanto com seus superiores, buscando objetivos diferentes: ao mesmo tempo em que precisa obter o respeito dos primeiros, necessita provar aos segundos que suas teorias de que há um assassino replicando em 2008 crimes cometidos em 1888 não só é real como a capacidade de prever o próximo passo do imitador, baseado nos registros dos assassinatos do século XIX, seria fundamental para capturá-lo.

Uma série interessante, especialmente para os fãs de criminosos históricos, Whitechapel está em sua quarta temporada no Reino Unido (todas bem curtas, sendo a mais longa a terceira, com seis episódios). No Brasil, ela começou a ser veiculada no dia 15 de agosto, às 23h, no canal pago Film & Arts e está também na BBC HD todas as segundas, às 22h.

A identidade de Jack ainda assombra Whitechapel

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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