por Rodrigo “Piolho” Monteiro
Nascido em Vinci, Toscana, Itália, em 15 de maio de 1452, Leonardo di ser Piero da Vinci, ou, simplesmente, Leonardo da Vinci foi um dos maiores gênios da humanidade. Uma das mentes responsáveis por liderar a revolução progressista – especialmente no ramo das artes – que viria a ser conhecida como “Renascimento”, Leonardo se destacou em praticamente todas as áreas do conhecimento. Foi um célebre pintor, escultor, arquiteto, músico, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, geólogo, cartógrafo, botânico e escritor. E, agora, na nova série do Starz – mesmo canal responsável por produções como Spartacus e Pilares da Terra – Leonardo revela-se um grande adepto da lógica ao ser apresentado como uma espécie de detetive medieval, ainda que seus talentos sejam, em sua maioria, usados em prol de si mesmo.
Da Vinci’s Demons se passa em Florença, Itália, no último quarto do século XVI, período conturbado na história italiana, na medida em que a cidade-estado se encontra em uma guerra fria com o Vaticano que, logo, se torna um conflito aberto. Inicialmente alheio a esse conflito, Leonardo (Tom Riley, de Loucos por Ela, 2007 – ao lado) se preocupa em tornar suas invenções – como uma geringonça que faria o homem voar auxiliado por uma carroça (imagine uma pipa gigante e um homem amarrado a ela) – realidade. Para isso, conta com o auxílio de Nico (Eros Vlahos, de Game of Thrones) e Zoroastro (Gregg Chillin). Ao mesmo tempo, ele prepara uma pomba voadora mecânica para o governante da cidade, Giluino Medici (Tom Bateman), para que alce vôo durante as comemorações da páscoa, uma festa que mais se assemelha ao carnaval do que qualquer coisa. Ao tomar ciência do clima político na cidade, Da Vinci passa a usar seu contato direto com os Médici, família que controla Florença, para tentar lhes vender armas – ainda a serem construídas por ele – que lhes dêem vantagens no conflito inevitável que se avizinha.
Paralelamente, uma história mais pessoal se desenvolve. Inquieto a ponto de ter que usar ópio e vinho para desacelerar seu cérebro e conseguir pensar claramente, Leonardo acaba trombando com um turco em uma taverna. Essa pessoa é procurada pela Inquisição, o que desperta sua curiosidade. Logo, o turco revela a ele que a mãe de Leonardo – que o abandonara quando criança – faz parte de uma sociedade secreta que busca o lendário “Livro das Folhas”, um compêndio que conteria toda a história secreta do mundo, provando que muito do que era tido como fatos seriam, na realidade, mentiras para enganar o povo. O tal livro também é procurado pelo Papa Sexto IV (James Faulkner, de X-Men: Primeira Classe, 2011), que designa para tal o chefe dos Arquivos Secretos do Vaticano, Girolamo Riario (Blake Ritson, de Rock ‘n’ Rolla, 2008). Desnecessário dizer que conspirações dentro de conspirações, como na maioria das produções do gênero, permeiam a série, que tem até mesmo sua femme-fatale na figura de Lucrezia Donati (Laura Haddock, de Capitão América: O Primeiro Vingador, 2011 – abaixo). Leonardo, obviamente, vai se emaranhar nela em sua busca pelo que considera ser a verdade do mundo.
Da Vinci’s Demons é criação de David S. Goyer, um dos produtores e escritores com o currículo mais instável de Hollywood. Afinal, ao mesmo tempo em que escreveu filmes sensacionais como a trilogia Batman ao lado de Cristopher Nolan, (e reutiliza algumas das ideias apresentadas ali para construir o passado de Leonardo), ele também foi o responsável por cometer Motoqueiro Fantasma: O Espírito da Vingança. Após uma temporada de apenas oito episódios, sua nova empreitada ainda não se decidiu se é uma série mais leve ou se algo mais sombrio e intrincado, no estilo de Arquivo X. Uma coisa, no entanto, fica clara desde o começo e é mais explorada nos últimos capítulos da temporada, que é a introdução de elementos místicos e mesmo sobrenaturais, propiciando encontros inusitados entre Da Vinci e figuras importantes que lhe eram contemporâneas e, até onde se sabe, nunca interagiram com Leonardo. Essa influência do sobrenatural traz atrativos a mais para a trama, que adiciona um pouco ao tema recorrente de “conspirações dentro de conspirações”.
Um outro atrativo da série é o protagonista, que Riley interpreta como uma espécie de Tony Stark medieval, ora exibindo traços de sua genialidade, ora comportando-se como uma criança petulante. Se Goyer vai conseguir definir uma direção para a sua série – que, é bom enfatizar, é totalmente fantasiosa no que diz respeito à História – só o tempo dirá. Tempo que ele terá, pois Da Vinci’s Demons já teve sua segunda temporada confirmada. A série foi exibida no Brasil às terças-feiras às 23h no canal a cabo Fox. A primeira temporada começará a ser reprisada no mesmo canal e horário a partir do dia 18. Já a segunda temporada deve ir ao ar em 2014, sem data definida até agora.