por Marcelo Seabra
Reuniões de ex-colegas de escola são assunto em vários filmes, uns mais bem sucedidos que outros. Aquela atrocidade chamada Gente Grande (Grown Ups, 2010) é exemplo de como fazer errado – e ainda vai ganhar uma sequência esse ano. Disponível nas locadoras com bastante atraso, 10 Anos de Pura Amizade (10 Years, 2011) é uma obra divertida, que apresenta rapidamente um número enorme de personagens e, mesmo assim, eles se mostram simpáticos e cativantes.
Channing Tatum (de Magic Mike, 2012) encabeça o elenco, que conta ainda com a esposa dele, Jenna Dewan-Tatum, além de Rosario Dawson, Oscar Isaac, Kate Mara, Justin Long, Brian Geraghty, Lynn Collins, Anthony Mackie, Chris Pratt, Max Minghella e Ron Livingston, entre muitos outros. São todos colegas de colégio (e seus agregados) que se reencontram 10 anos depois, na cidadezinha onde moravam. O longa é bem objetivo, começando com o grupo se formando e se preparando para a festa.
É interessante ver, uma década depois, essas pessoas tão diferentes, que conviveram devido a um fator geográfico, tentando reatar alguma amizade. Claro que alguns mantiveram contato, mas a maioria não tinha notícias uns dos outros. Daí, aparecem surpresas, como quem se casou, quem teve filho, quem se deu bem na profissão e quem vende hipotecas. Há até um músico de sucesso na turma (Isaac), que acaba chamando bastante atenção em meio aos demais. O foco da história, escrita por Jamie Linden (de Querido John, 2010), é o personagem de Tatum, um sujeito que vive esperando o momento certo para levar a relação com a namorada (Dewan-Tatum) adiante, talvez por insegurança quanto a uma antiga paixão (Dawson – acima). Linden estreia na direção com a obra.
Nos papéis principais, James McAvoy (de Em Transe, 2013) e Mark Strong (de A Hora Mais Escura, 2012) se equilibram bem em extremos. Strong vive mais um vilão, um traficante e assaltante que se vê obrigado a voltar a Londres para ajudar o filho. O jovem meliante aparece ferido, vai para o hospital e uma conspiração começa a se revelar. Cabe ao detetive de McAvoy aproveitar a oportunidade para prender Sternwood, o mesmo homem que o deixou manco após uma perseguição três anos antes. É claro que eles se verão peças em um tabuleiro bem maior.
O íntegro e obstinado Max Lewinsky poderia ter sido retratado como um zé ninguém obcecado, como ele mesmo se descreve, mas McAvoy consegue dar dimensões a ele, inclusive abrindo um pouco de sua vida pessoal. O mesmo pode-se dizer de Strong, que compõe um criminoso com valores e sentimentos, como fica claro quando se fala do filho dele. Andrea Riseborough, vista esse ano em Oblivion, também merece aplausos como a parceira de Lewinsky, e o elenco principal fica completo com David Morrissey (o Governador de The Walking Dead), como o chefe da dupla, e Peter Mullan (de Cavalo de Guerra, 2011), o comparsa de Sternwood.
Creevy, em seu segundo trabalho (depois do inédito Shifty, de 2008), mostra ter um bom domínio da narrativa e não perde o foco da trama, mesmo envolvendo política e politicagem. Em nenhum momento o público se perde, o que torna possível acompanhar Lewinsky em sua investigação e até antecipar alguns momentos. A chuva de tiros vai divertir e acobertar uns furos aqui e ali e o resultado, apesar de esquecível pouco tempo depois, é honesto e respeita a inteligência do espectador.
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