Spartacus chega ao fim

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Depois de três temporadas e meia, Spartacus chega ao fim de maneira bastante satisfatória. A minissérie Spartacus: Gods of the Arena teve apenas seis episódios e funcionou quase como um derivado da série principal, ainda que tenha servido a um propósito: introduzir na trama personagens que mais tarde teriam um papel importante nela, como a figura do gladiador Gannicus (Dustin Clare, da série Satisfaction), apresentado nesta última temporada.

Diferentemente da maioria das séries atualmente na TV – se não de todas elas – cada temporada de Spartacus teve um subtítulo que dava uma ideia do conteúdo da trama daquele ano. Assim sendo, Spartacus: Blood and Sand, a primeira temporada, tinha como foco a transformação do escravo sem nome que recebera a alcunha de “Spartacus” em homenagem a um rei de sua terra de origem, a Trácia, em gladiador e sua conseqüente fuga da prisão (nossa resenha dessa temporada pode ser lida aqui). Spartacus: Gods of the Arena, foi uma intertemporada concebida devido ao fato de o protagonista de Blood and Sand (o ator galês Andy Whitfield) lutar contra um câncer que acabou vitimando-o; Spartacus: Vengeance, encontra o trácio (agora vivido por Liam McIntyre, da série The Pacific – acima) em sua busca por vingança contra o homem que o escravizou e fora responsável pela morte de sua esposa, o Pretor Claudius Glaber (Craig Parker, de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres), enquanto seu exército de escravos libertos cresce a cada dia, tendo o escravo liberto Gannicus como uma inesperada adição a ele.

Aviso: se você não assistiu à segunda temporada da série, Spartacus: Vengeance, o texto abaixo pode conter alguns spoilers.

Assim sendo, Spartacus: War of the Damned começa poucos meses após a luta definitiva do protagonista com sua nêmese. Ainda acossados pelas forças romanas, que tentam de todas as formas deter a revolta rebelde que passou à história como a Terceira Guerra Servil (também chamada pelo historiador Plutarco de “Guerra dos Gladiadores), Spartacus e seus generais – os gladiadores Agron (Daniel Feuerriegel), Crixus (Manu Bennet, de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada) e o supracitado Gannicus – têm uma decisão difícil pela frente: encontrar abrigo e alimento para os milhares de escravos fugitivos que compõem seu grupo, sendo muitos deles mulheres, crianças e velhos sem condições de lutar.

Ao mesmo tempo, o Senado Romano também tem uma decisão difícil a tomar. Com a guerra na Espanha acontecendo simultaneamente à rebelião em terras romanas, os recursos da República para combater a revolta estão cada vez mais escassos. Sem o dinheiro necessário e pressionado pela opinião pública que quer o fim da rebelião, o senado não vê alternativa além de recorrer ao único homem da república rico o suficiente para financiar um exército capaz de derrotar Spartacus: Marcus Crassus (Simon Merrells, de O Lobisomem, 2010 – acima). Crassus vê, aí, a chance pela qual estava esperando para tornar sua ambição – a de se sagrar imperador – verdadeira. Para isso, ele se cerca de aliados nas figuras de seu filho Tiberius (Christian Antidormi) e do jovem e ambicioso – e futuro imperador – Júlio Cesar (Todd Lasance). Desnecessário dizer que as ambições de Tiberius e Cesar para se tornarem o segundo homem mais importante no exército de Crassus logo entrarão em conflito.

Se as coisas nas forças da república andam complicadas, o mesmo pode se dizer do exército rebelde, na medida em que há uma cisão entre seus generais. Crixus quer conduzir uma guerra aberta contra Roma, enquanto Spartacus e Argon preferem encontrar maneiras de fugir da Itália e, saindo da sombra de Roma, tornarem-se realmente livres.

Com dez episódios, Spartacus: War of the Damned tem um desenvolvimento parecido com o visto em temporadas passadas: cenas de violência e sexo intercaladas com sequências com diálogos afiados e conspirações dentro de conspirações sendo tramadas. Enquanto o desfecho de alguns episódios pode ser quase que adivinhado por quem está acompanhando a série desde o princípio, outros trazem viradas inesperadas, o que mantém o apelo. No fim das contas, apesar de todos os seus contratempos – sendo o maior deles a morte do protagonista do primeiro ano –, Spartacus foi uma série bastante consistente e que deixará saudades naqueles que gostam do tipo de história ali apresentada. As primeiras temporadas da série foram veiculadas no Brasil nos canais a cabo FX e Globosat HD. War of the Damned está sendo transmitida via streaming no site Muu. O FX anunciou que transmitirá a temporada final da série, mas ainda não divulgou sua data de estréia.

Liam McIntyre, Dan Feuerriegel, Dustin Clare e Simon Merrells

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

View Comments

  • É a melhor série que eu já assisti na minha vida. É raro encontrar alguma outra do mesmo nível.

  • Muita violência e sexo, MAS apenas como pano de fundo para o principal: A HISTÓRIA e o EXCELENTE ROTEIRO da série. Principal 2: as tramas entre os interesses dos personagens, as estratégias de batalha e o cenário da sociedade romana. Detalhe: Spartacus realmente existiu - a série é baseada na História dele contra a República de Roma.

  • Não tem nada de pipoqueiro..
    Só vejo um homem de honrra que lutou pela sua liberdade..

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