Homem de Ferro 3 inicia a Fase Dois da Marvel no Cinema

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Exatamente um ano após o lançamento do longa-metragem que reuniu os “Heróis mais poderosos da Terra” na tela grande, a Marvel Studios inicia a “Fase Dois” com Homem de Ferro 3 (Iron Man 3, 2013), um filme que mostra que toda a empolgação dos fãs com relação aos filmes da Marvel tem seu merecimento. Ao contrário do que poderia se pensar, dado à tonelada de informações e material divulgada na internet ao longo dos últimos meses, não se trata de um filme sombrio, nem tampouco é o Cavaleiro das Trevas do personagem (numa referência à trilogia de Nolan). Muito pelo contrário, a produção tem toda a leveza e ação dos filmes anteriores, com uma pitadinha de drama que faz todo o sentido.

Os Vingadores (2012) encerrou com chave de ouro o que se convencionou chamar de a Primeira Fase das produções da Marvel Studios nos cinemas. O plano do estúdio, de transportar toda a coesão do Universo Marvel dos quadrinhos para a tela grande, teve seu pontapé inicial em 2008, com Homem de Ferro. A ele seguiram-se O Incrível Hulk (2010), Homem de Ferro 2 (2010), Thor (2011), Capitão América: O Primeiro Vingador (2011) e, claro, Os Vingadores. Todos – à exceção de O Incrível Hulk – conseguiram sucesso de crítica e público.

O terceiro longa do herói começa com um Tony Stark (Robert Downey Jr.) mais recluso do que nunca. Suas empresas estão sendo comandadas por  Pepper Potts (Gwyneth Paltrow, em um papel mais relevante do que nos filmes anteriores), enquanto Tony passa a maior parte de seus dias e noites enfiado em seu laboratório, criando mais e mais armaduras, desenvolvendo novas tecnologias e tentando lidar com o estresse pós-traumático adquirido após os acontecimentos mostrados em Os Vingadores. Lutar contra alienígenas ao lado de um deus (Thor), uma lenda viva (Capitão América) e uma criatura que é quase uma força da natureza (Hulk) deixa Tony com crises de ansiedade fortes todas as vezes em que os eventos de Nova York são mencionados.

Paralelamente, somos apresentados ao Mandarim (vivido por um afiado Sir Ben Kingsley – ao lado), um terrorista que se considera um professor e cujas ações ele gosta de chamar de “lições educacionais”. Lições essas que envolvem explodir pessoas e matar inocentes. Inicialmente, Tony apenas observa os resultados das “lições” do Mandarim, sem se envolver. Afinal de contas, o combate ao terrorismo é uma função do governo, não de um super-herói. Essa posição de neutralidade, no entanto, é colocada em xeque quando uma das tais “lições” atinge uma pessoa próxima a Stark. A partir daí, clichê dos clichês, a coisa se torna pessoal e o Homem de Ferro se envolverá diretamente na caçada ao terrorista. Dizer mais do que isso estragaria as surpresas que a película reserva.

Um dos grandes diferenciais de Homem de Ferro 3 para seus antecessores está na cadeira de diretor. Depois dos dois longas anteriores, Jon Favreau (que também atua na franquia vivendo o segurança Happy Hogan) deixou o posto, sendo substituído pelo quase desconhecido no Brasil Shane Black, que até então havia dirigido apenas o simpático Beijos e Tiros (Kiss Kiss Bang Bang, 2005), filme também protagonizado por Robert Downey Jr. Black, no entanto, é um roteirista experiente, tendo, dentre seus créditos, participações fundamentais nos roteiros de todos os quatro filmes da franquia Máquina Mortífera (Lethal Weapon). O humor mais acentuado desse episódio deve-se muito a Black, que escreveu o roteiro com Drew Pearce (criador da série No Heroics). No elenco, além dos habituais Don Cheadle e Paul Bettany (como a voz de Jarvis), há Guy Pearce, Rebecca Hall, William Sadler e James Badge Dale.

Com bastante equilíbrio entre as cenas de ação e sem perder as gracinhas características do personagem, Homem de Ferro 3 mantém o nível das produções do Marvel Studios lá em cima e atende – se não supera – as expectativas dos fãs dos quadrinhos. Como já é tradição nos filmes da produtora, pode esperar a ponta de Stan Lee e não saia de sua cadeira antes que todos os créditos tenham subido na tela, ou perderá uma divertida – ainda que não importante – cena escondida.

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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