por Marcelo Seabra
Os filmes de terror atuais têm mostrado principalmente dois problemas: o fatídico momento em que o monstro se revela e acaba com todo o clima que vinha sendo construído; e o aspecto de produção de fundo de quintal, já que muitas dessas obras são realizadas com orçamento pequeno e atores não tão competentes. Mama (2012) resolveu a segunda questão, com uma ótima protagonista: a onipresente Jessica Chastain, indicada ao Oscar este ano por A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty, 2012). E se sustenta bem, até uma conclusão que perde um pouco do impacto, mas vale a jornada. É o que se chama de terror old school, respeitando a inteligência do espectador mesmo ao usar um clichê ou outro do gênero.
O longa-metragem Mama se originou de um curta homônimo, falado em espanhol (Mamá). São dois minutos bem assustadores, facilmente encontráveis no You Tube (clique aqui), que levaram o produtor Guillermo del Toro (de Não Tenha Medo do Escuro, 2011) a entrar em contato com o diretor, o argentino Andrés Muschietti. Logo, Muschietti e a irmã Barbara desenvolveram aquela pequena trama para um projeto de maior fôlego – contando ainda com Neil Cross (das séries Luther e Doctor Who) – e a coisa começou a tomar corpo. Para chamar atenção, ajudou convidar Chastain e ainda o emergente Nikolaj Coster-Waldau, mais conhecido como o regicida Jaime Lannister de Game of Thrones.
A trama começa em meio a uma crise econômica que desespera Jeffrey (Coster-Waldau). Vendo-se sem saída, ele mata a esposa e leva as filhas para uma cabana na floresta. Lá, descobrimos um ser sobrenatural, com um instinto maternal apurado, que protege as meninas. Cinco anos depois, vivendo como animais, elas são encontradas e levadas para a casa do tio Lucas (mais uma vez, Coster-Waldau), que vive com a namorada punk, a baixista Annabel (Chastain). Sobra para Annabel cuidar das sobrinhas recém-adquiridas, tarefa que se complicará pela presença da entidade.
Esta é outra oportunidade para Chastain mostrar que não se prende a um tipo de papel ou personagem. A atriz é bem versátil e enriquece sua Annabel, que nas mãos de alguém menos capaz poderia ter sido rasa e desprezível. Coster-Waldau, vivendo os irmãos, confirma a boa presença em cena que os fãs de Game of Thrones já conhecem. Do surto de Jeffrey à calma de Lucas, ele faz um bom trabalho e deixa o caminho livre para Chastain aparecer. Ela é, de fato, o maior êxito de Mama, um longa que consegue dar ao público o que se procura, com um clima tenso e belas imagens. Em meio a tanta bobagem que se vê, é uma surpresa bem vinda.