por Marcelo Seabra
O diretor Simon West volta a trabalhar com Cage, que estrelou seu primeiro longa, Con Air – A Rota de Fuga (1997), logo após coordenar os astros da ação em Os Mercenários 2 (The Expendables 2, 2012). Este, por sua vez, seguiu a interessante refilmagem Assassino a Preço Fixo (The Mechanic, 2011). Dois filmes divertidos que são exceção em uma filmografia bem irregular, marcada por muitos filmes para a televisão e séries. Na maioria, obras feitas sob encomenda, que não exigem muita competência ou imaginação. E o roteiro de David Guggenheim (de Protegendo o Inimigo, 2012) não ajuda em nada: se resume a pegar elementos de várias produções e amarrá-los de qualquer jeito, não se preocupando nada em dar veracidade ou profundidade. Até um filme que se propõe a ser “apenas” um passatempo despretensioso precisa respeitar a inteligência de seu público.
Cage vive um gênio dos roubos que é muito bonzinho, feito sob medida para o público poder torcer por ele, apesar de seus defeitos. Seu parceiro, no entanto, é um maníaco que não pensa duas vezes antes de despachar uma possível testemunha. Pronto: já sabemos o que vai ocorrer daí em diante, estabelecido o antagonismo entre eles. Will e Vincent vão se reencontrar após oito anos e, mesmo vigiado pelo FBI após sair da cadeia, Will vai tentar resolver seu problema com Vincent para que a filha não seja morta pelo outrora amigo. A garota é raptada e presa no porta-malas de um táxi e só será libertada se Will conseguir pagar a Vincent o que era a parte dele no roubo do início, que deu errado e colocou Will atrás das grades. Dividindo-se 10 milhões por quatro, ficaria 2,5 milhões para cada, mas Will enfia na cabeça que deve 10 milhões ao psicopata.
Com o fracasso de O Resgate nas bilheterias, espera-se que Nicolas Cage comece a peneirar mais os roteiros que chegam a ele. Foram gastos 35 milhões de dólares na produção e arrecadou-se, pelo mundo, pouco mais de 2 milhões em duas semanas de exibição. No Brasil, inexplicavelmente, o longa ganha um destaque inédito em outros países, mas não deve se sustentar por muito tempo. E, a esta altura, Cage já deve ter pago muitas contas, tendo participado de oito filmes em três anos. Esperemos que o futuro não reserve a ele apenas uma participação saudosista em Os Mercenários 3.
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