por Marcelo Seabra
Nos Estados Unidos, há duas grandes forças políticas que se antagonizam, mesmo que frequentemente se confundam: os partidos Democrata e Republicano. Ambos têm sua dose de escândalos e políticos sem noção, o que sempre fornece bastante munição para os opositores – nada muito diferente do Brasil. Deixando a ideologia para trás, o diretor Jay Roach criou uma sátira política que não pretende criticar um lado ou o outro, mas todo o sistema. Os Candidatos (The Campaign, 2012) vai mais longe e mostra a responsabilidade do eleitor, também culpado por muito do que acontece e envergonha a todos.
Se é possível imaginar uma mistura dos três Austin Powers e dois Entrando Numa Fria com Recontagem (Recount, 2008) e Virada no Jogo (Game Change, 2012), o resultado seria Os Candidatos. Para esta comédia escrachada com tons políticos, Roach, responsável por todos os mencionados, trouxe dois atores que já viveram coadjuvantes em seus trabalhos anteriores: Will Ferrell, do primeiro Austin Powers (1997), e Zach Galifianakis, de Um Jantar para Idiotas (2010). Apesar de não se tratar de um filme inovador ou artisticamente relevante, os três estão em um bom momento e conseguem arrancar muitas risadas, que é o que importa aqui.
Para agradar o pai milionário (Brian Cox, da franquia Bourne), Marty topa o desafio, mas entra tímido na disputa. As coisas mudam quando Brady começa a provocá-lo, levando a campanha a um mar de sujeiras e baixarias. Brady começa a pressionar seu chefe de campanha (vivido por Jason Sudeikis, de Quero Matar Meu Chefe, 2011) para descer o nível, enquanto Marty conta com o apoio do misterioso e experiente Tim Wattley (Dylan McDermott, da série American Horror Story), contratado pelos tais empresários para trazer a vitória. Em meio a isso tudo, Roach e seus roteiristas, Chris Henchy (de Os Outros Caras, 2010) e Shawn Harwell (da série Eastbound & Down), aproveitam para brincar com alguns clichês ligados à política, como colocar o candidato para beijar bebês ou participar de cerimônias religiosas.
Ao contrário de alguns de seus papéis anteriores, Ferrell está mais comedido, ficando dentro do que seu personagem precisa. O exagero de um Quase Irmãos (Stepbrothers, 2008), por exemplo, passa longe, e é muito bom ver que o ator de quadros brilhantes do Saturday Night Live não perdeu a mão. Com Galifianakis acontece o mesmo, e pensamos: “Como estes dois paspalhos podem ser as únicas opções para aquela pequena cidade?”. E basta assistir ao nosso horário político para ver que aquilo não está nada longe da realidade. Fica aquela sensação de que, independente de quem ganhar, nada vai mudar. Ao menos quanto ao filme, podemos rir. O problema está do lado de cá da tela.
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