por Marcelo Seabra
Boas surpresas são sempre bem vindas, e Moonrise Kingdom (2012) é uma delas. Apesar de ser geralmente muito querido pela crítica, Wes Anderson dirige longas estranhos sobre pessoas esquisitas e não posso dizer que eles me agradam. O novo trabalho, no entanto, tem uma história cativante e dois pré-adolescentes, mesmo não sendo muito comuns, adoráveis como protagonistas. Apesar de ser ambientado na costa da Nova Inglaterra em 1965, o tom de fábula se aplica a qualquer lugar e época.
Os novatos Jared Gilman e Kara Hayward são os dois jovens nada populares que empreendem uma fuga juvenil, naquela idade limite entre a infância e a pré-adolescência. Todos os adultos que os cercam se mobilizam para encontrá-los e acompanhamos o casal enquanto eles seguem uma velha trilha indígena, a Moonrise Kingdom do título. Dentre os adultos mais importantes, temos os pais da garota, o chefe do acampamento do garoto, o policial local, a representante do Serviço Social e o chefe dos escoteiros, todos envolvidos na situação como se só vivessem para isso.
As paisagens paradisíacas facilitam o trabalho do diretor de fotografia, Robert D. Yeoman, que usa cores claras que dão a impressão de tranqüilidade, o que acaba se refletindo na personalidade dos moradores. São todos muito pacíficos e a cidade parece não conhecer crimes graves, daí a mobilização que o desaparecimento dos dois gera. Sabemos que a brincadeira não vai durar muito, mas será importante para a formação de ambos. Filmes sobre essa etapa da vida já geraram clássicos queridos por gerações, caso de Conta Comigo (Stand By Me, 1986), por exemplo, e Moonrise Kingdom pode estar indo para o mesmo caminho, a julgar pela boa acolhida que o filme vem recebendo pelo mundo.
O elenco fantástico de Moonrise Kingdom ainda conta com Harvey Keitel, Tilda Swinton e Bob Balaban. Bill Murray está presente nos últimos seis filmes do diretor, tendo faltado apenas no primeiro. Esta é uma parceria longa que ainda deve dar bons frutos. Torço para que Anderson pare de trabalhar com o amigo Owen Wilson, co-roteirista de seus trabalhos mais aborrecidos, e continue criando personagens tão carismáticos, apesar de melancólicos.
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