por Marcelo Seabra
É óbvio o crescimento do cinema nacional tanto em números quanto em qualidade. Temos visto várias produções bem feitas e interessantes, geralmente dramáticas ou policiais. A comédia ainda é um gênero carente, insiste naquele mesmo humor rasteiro e apelativo de sempre, que mais parece um batido programa de TV que te faz ir ao cinema e te toma uma hora e meia da sua vida. Depois de conferir Muita Calma Nessa Hora, Agamenon e Cilada.com, fica muito difícil querer dar outra chance a este tipo de filme. Com a estreia de E Aí, Comeu? (2012), uma nova oportunidade se apresenta.
Com roteiro baseado na peça do competente e elogiado escritor Marcelo Rubens Paiva, escrito pelo próprio Paiva e por Lusa Silvestre (do ótimo Estômago, de 2007), o filme prometia. Mas a direção é de Felipe Joffily (de Muita Calma) e a produção é do mesmo Augusto Casé de Muita Calma e Cilada.com – e ele inclusive já prepara as sequências para ambos, que, já adianto, não serão comentadas no Pipoqueiro. E lá está novamente o simpático Bruno Mazzeo, que ainda não conseguiu acertar a mão na tela grande em termos de qualidade, apesar de seguir levando muita gente para as salas. Enquanto houver bilheteria, novas afrontas à inteligência vêm por aí.
A história de E Aí, Comeu? gira em torno de três amigos de longa data e suas desventuras amorosas, homens sensíveis frente a mulheres fortes. Isso até podia ser novidade quando a peça foi escrita, em 1998, mas foi-se a época. Fernando (Mazzeo) acaba de se separar e ainda está mal, recusando-se a seguir em frente enquanto houver uma chance de reatar com a esposa (Tainá Muller). Honório (Marcos Palmeira) é um marido relapso, cujo casamento está ameaçado pela suspeita de traição da esposa (Dira Paes). E Fonsinho (Emilio Orciollo Netto) é um rico herdeiro que se diz escritor e conquistador, mas só se relaciona com mulheres casadas e prostitutas e nunca termina seu primeiro livro.
E Aí, Comeu? se propõe a mostrar a “verdade das conversas masculinas de bar”, segundo Casé. “Vai ser como se as mulheres estivessem olhando o papo de bar dos homens pelo buraco da fechadura. É tudo aquilo que as mulheres gostariam de saber sobre o que tanto os homens conversam quando estão sozinhos”, acrescenta o produtor. O que se vê, na verdade, é um amontoado de clichês, é como se uma mulher tivesse escrito o roteiro baseando-se no que ela imagina se passar numa mesa de bar. Não é apelativo e baixo como se pode esperar a partir do título, é apenas bobo e cansativo. O que já é uma melhora para Mazzeo, mas ainda está longe de ser alguma coisa.
Parece horrivel esse filme, vou passar longe