por Marcelo Seabra
Em 2010, Robert Redford partiu para a direção de seu oitavo longa, dando continuidade a uma elogiada carreira que se iniciou com os quatro Oscars de Gente Como a Gente (Ordinary People, 1980) – Melhor Filme, Diretor, Ator Coadjuvante e Roteiro Adaptado. Lincoln é o ponto de partida para Redford, mas a trama não gira em torno dele: Conspiração Americana (The Conspirator, 2010) aborda os eventos que se seguiram ao assassinato. Em um momento de grande tristeza para parte da população (mais para o norte), era necessário investigar a intrincada ligação entre os conspiradores que levaram o plano adiante. Como diz o cartaz do filme: “Uma bala matou o presidente, mas não um homem”.
Robin vive Mary Surrat, uma respeitada dona de pensão que se vê envolvida na conspiração que culminou na morte do presidente e na agressão ao Secretário de Estado William H. Seward – e havia ainda um plano para o vice-presidente Andrew Johnson. Os dois foram atacados menos de uma semana após a rendição de Robert E. Lee a Ulysses S. Grant, fato que deu vitória aos ianques e deixou os sulistas com um sentimento de vingança frente à conclusão da Guerra Civil Americana. Foi na pensão de Mary que seu filho John, John Wilkes Booth e vários outros se reuniram para combinarem os ataques. Quando começam as prisões dos suspeitos, ela vai junto e já é tida por todos como culpada, com rumo certo à forca.
A grande questão levantada por Conspiração Americana nem chega a ser especificamente quanto à possibilidade de culpa de Mary. O principal aqui é o respeito às leis e à tão mencionada constituição dos Estados Unidos. Parece que é muito fácil arrumar desculpas para colocar tudo de lado e fazer justiça de forma torpe e malcalculada. Mary e outros sete homens são julgados por militares, e não por seus pares, como ocorreu com suspeitos do 11 de setembro. Quando todos estão contra (incluindo aqui a opinião pública), fica difícil apresentar as evidências e ter uma defesa justa. Uma situação que permanece tão atual quanto era em 1865.
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