por Marcelo Seabra
O Príncipe do Deserto (Black Gold, 2011) teve sua primeira exibição em um festival no Qatar em outubro de 2011 e só agora chega aos cinemas brasileiros. O diretor Jean-Jaques Annaud (de A Guerra do Fogo e O Nome da Rosa) decidiu filmar um épico no deserto e, para isso, escolheu um livro publicado em 1957 (The Great Thirst, do piloto e escritor sueco Hans Ruesch) sobre o começo da exploração do petróleo no Oriente Médio, ou “em algum lugar da Arábia”.
A história começa na resolução de um impasse: na década de 20, o progressista Nesib (Banderas) e o conservador Amar (Strong), sultões de regiões vizinhas, brigavam por uma terra de ninguém que fica entre eles, a Faixa Amarela. O acordo seria de nenhum dos dois tomar posse e o lugar continuar sem dono. Numa espécie de tradição árabe da época, um deveria ficar com os filhos do outro para garantir o pacto de não agressão. Por isso, os dois filhos de Amar passam mais de uma década vivendo na cidade e com a família de Nesib.
A paz é ameaçada quando um americano, examinando a região, encontra petróleo na tal faixa. Nesib vê aí uma oportunidade de usar o dinheiro gerado para desenvolver sua cidadela e seu povo, construindo hospitais, escolas e o que mais for necessário. Amar não concorda, julgando os estrangeiros infiéis e procurando manter as tradições. Começa então a estratégia de Nesib para tentar forçar Amar a aceitar a exploração do ouro negro. Os dois príncipes, já não tão jovens, entram no meio e caberá a um deles decidir a questão. Muita luta vai acontecer até que se chegue ao final.
É verdade que o filme poderia ser mais enxuto, já que tem momentos cansativos em seus quase 130 minutos de exibição. E o roteiro parece simplificar as questões que envolvem o petróleo do Oriente Médio, apesar de ter uma conclusão satisfatória. Não há nenhuma polêmica e não se pode esperar a profundidade de um Sangue Negro (There Will Be Blood, 2009), que também aborda o assunto da ambição em torno do combustível – a “grande sede” que dá título ao livro que serviu como base. Perto de um clássico como Lawrence da Arábia (1962), ele sai chamuscado, mas merece uma conferida se o espectador for ao cinema sem expectativas, como foi o meu caso.
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