por Marcelo Seabra
Com o passar dos anos, Renato Russo ganhou um status de mito. Quando o sujeito é bom e morre em alta, é isso que acontece. Mas tem muita gente viva por aí, da mesma turma, que também teve muito sucesso – talvez não o mesmo tanto, talvez merecesse. É bom saber que são todos gente simples, garotos da vizinhança que decidiram fazer música e deram certo. Essa é, basicamente, a linha que segue Rock Brasília – Era de Ouro (2011), longa que venceu o prêmio de Melhor Documentário no Festival de Paulínia este ano.
Várias figuras interessantes passam pelo vídeo, famosas ou não, que de alguma forma estavam ligadas àquele cenário. J. Pingo, ator de teatro, aparece visivelmente alterado por álcool, e protagoniza momentos engraçados. Em outros, mais emocionantes, vemos o professor Briquet de Lemos, pai de Fê e Flávio, baterista e baixista do Capital, dizer, com lágrimas nos olhos, que os filhos perseveraram e deram um belo exemplo a ele, que já teria desistido de tudo. Os próprios membros do Capital falam sobre o esquema de participações em programas de televisão, o que gerou um pequeno escândalo à época.
Feito de forma tradicional, emendando entrevistas, reportagens de época e cenas de shows, Rock Brasília se destaca por sua edição ágil, que o torna bem humorado e informativo. Só era dispensável a dramatização, com atores, de alguns momentos, e uma animação descabida. Alguns podem dizer que ficou longo, mas deve-se levar em consideração que trata-se da história de várias pessoas, de um movimento amplo. Até senti falta de alguns pontos. Não se sabe, por exemplo, que fim levou André Pretorius, o “Sid Vicious louro”, ou quem era o quarto cara na formação da Legião – o Negrete. Não era possível englobar tudo, e o resultado é bem mais do que satisfatório. E, de forma bem descontraída, Carvalho aproveita para tomar um café com alguns entrevistados. Tão descontraído que chega a ser capenga, com Carvalho e seus microfones aparecendo em cena.
Não tem como não se emocionar com a fala da dona Carminha Manfredini, mãe de Renato, que ainda se convence que o filho está vivo, viajando. Para os fãs do estilo musical, todos eles estão vivos e em plena atividade. Para quem não se liga muito nesse pessoal, Rock Brasília serve como retrato de uma época e dá exemplos de pessoas que apostaram em um sonho e mergulharam de cabeça. Que tem uma banda e planeja ir longe vai sair da sessão extremamente motivado.
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Bonitinho e saudosista. Gostei do longa!