por Marcelo Seabra
É difícil conseguir juntar, em uma mesma frase, as palavras “terror”, “moderno” e “bom”. Essa semana mesmo, comentei a falta de originalidade ou frescor de Pânico 4 (Scream 4, 2011 – veja o post anterior). Por isso, resgatei um exemplo não muito recente que deve deixar os fãs do gênero satisfeitos. Passou batido no nosso mercado Cabana do Inferno (Cabin Fever, EUA, 2002), do então novato Eli Roth. O diretor só ficaria famoso em 2005, quando cometeu O Albergue (Hostel), pecado que repetiu em 2007 com a continuação, para os quais nunca haverá perdão.
A história não é nada original: um grupo de jovens vai para uma casa afastada e começa a ter problemas, o que costuma significar mortes. Mas, ao contrário de Sexta-feira 13 e outros, não há o psicopata de plantão, aquele ser imortal, silencioso e rápido que chega de mansinho e consegue esconder os cadáveres. O problema que eles enfrentam vem na forma de uma doença que corrói a pele, causando diversas e profundas feridas. Primeiro, eles desconhecem o risco que correm. Depois, não sabem como evitá-lo.
Apesar da falta de experiência, Roth sabia o que fazia. Reuniu um elenco de desconhecidos, do qual o único que consegui reconhecer foi James DeBello (ao lado), que participou de filmes rasteiros como American Pie (1999), Detroit Rock City (1999) e 100 Garotas (100 Girls, 2000). Não poderiam faltar lindas garotas, como em qualquer obra do gênero: aparecem a ex-Power Ranger Amarela Cerina Vincent e Jordan Ladd (Club Dread). E tem também as “homenagens”, indispensáveis referências a filmes considerados clássicos, como Evil Dead – A Morte do Demônio (1981), O Massacre da Serra Elétrica (1974) ou qualquer um de Wes Craven.
O segredo de Cabana do Inferno é a capacidade do roteiro de brincar com as convenções e, o mais importante, de saber usar humor e ironia. Assim, a tensão e o terror ficam bem balanceados, alternando momentos descontraídos e momentos nervosos. Podemos conhecer um pouco dos personagens antes de acompanharmos as situações pelas quais eles passam e até torcemos pelos cinco, esperando por um improvável final feliz.