por Marcelo Seabra
Jason Statham é um cara legal. Mesmo parecendo ensaiar horas as poses que vai fazer, sempre traz um ar cool a seus personagens. Mas não foge de uma boa briga ou de uma bela mulher, elementos que não podem faltar em seus filmes. Assassino a Preço Fixo (The Mechanic, 2011), que estréia nesta sexta, 18, não é diferente. Como de costume, sua presença acaba trazendo um diferencial – diversão – a um argumento batido e, à primeira vista, bobo.
O longa nos apresenta a Arthur Bishop (Statham – ao lado), um assassino profissional eficiente, limpo e discreto, exatamente as características que ele precisa ter para executar bem o seu trabalho. Similar a um “mecânico”, como ele explica, ele é um sujeito que resolve problemas – no caso, eliminando os alvos e fazendo parecer um acidente ou incriminando terceiros, como ele esclarece numa narração que logo é abandonada. Seu empregador (Tony Goldwyn, de A Última Casa, de 2009) passa o serviço, ele o realiza e a vida anda.
Os problemas começam quando seu mentor, Harry McKenna (Donald Sutherland, um dos Cowboys do Espaço, de 2000), é morto e Bishop se vê tendo o filho dele, Steve McKenna (Ben Foster, de O Mensageiro, de 2009), como aprendiz. Logo, se estabelece um conflito que, sabemos, vai explodir mais cedo ou mais tarde. Algumas verdades começam a aparecer e, com um chute aqui, outra cena meio forçada ali, a ação transcorre com tiros e lutas.
Reforçando a onda de refilmagens (veja o post abaixo), Assassino a Preço Fixo é a releitura de um trabalho de Charles Bronson que data de 1972 (ao lado). Quando este filme foi lançado, Statham tinha poucos dias de vida e Bronson já contava 50 anos, interpretando um veterano que já via sua aposentadoria perto. Também contabilizava 50 anos o edifício que a produção explodiu. Na época, a explosão foi alardeada como a maior já realizada pelo cinema.
Statham é velho conhecido dos fãs do gênero ação, sendo mais lembrado por ser o protagonista de duas séries cinematográficas, Carga Explosiva (The Transporter, com filmes em 2002, 2005 e 2008) e Adrenalina (Skank, de 2006 e 2009). Um trabalho mais discreto, porém, é um dos mais interessantes: Efeito Dominó (The Bank Job, 2008). Isso, além dos fantásticos dois primeiros de sua carreira, ambos com o diretor Guy Ritchie: Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (Lock, Stock and Two Smoking Barrels, 1998) e Snatch – Porcos e Diamantes (2000).
Donald Sutherland (para quem não sabe, o pai de Kiefer “24 Horas” Sutherland – ao lado) fica em cena por pouco tempo, em uma participação afetiva, mas tem algumas falas interessantes o suficiente para ficar na lembrança. Na ativa desde o início da década de 60, Sutherland traz peso e credibilidade para qualquer papel, como visto na série Dirty Sexy Money (2007-2009) ou em diversos outros filmes dos últimos quase 50 anos (nem todos memoráveis). Inclusive, já trabalhou com Statham em Uma Saída de Mestre (The Italian Job, 2003). Os dois outros coadjuvantes mais importantes na história, Foster e Goldwyn, defendem seus papéis como podem, crescendo quando possível.
É fácil, assistindo a Assassino a Preço Fixo (é bom lembrar que não existe a crase que alguns insistem em colocar no título), se lembrar de Um Homem Misterioso (The American, 2010 – abaixo), longa recente estrelado por George Clooney. Mas as semelhanças param na profissão do protagonista. Cada filme segue em uma direção, e ambos são bem sucedidos em seus caminhos. Enquanto o de Clooney é mais contemplativo e visualmente belo, o de Statham é mais direto, curto e movimentado. Na dúvida, fique com os dois.
Obs: já ia me esquecendo de mencionar uma curiosidade: a empresa de fachada que contrata Bishop em Assassino a Preço Fixo chama-se Cobol Engenharia, nome que nos remete ao filme A Origem (Inception, 2010). Seria apenas uma coincidência, uma referência a uma linguagem de informática ou teria aí algo mais?