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Polêmica à vista: charge falaciosa e injusta causa indignação em judeus de BH

Uma charge extremamente injusta que não deve ser encarada como antissemitismo, mas resultado de profundo desconhecimento e pré-conceito formado pela tradicional má cobertura da grande imprensa mundial sobre os conflitos na região

Charge do Quinho, publicada na edição do Estado de Minas de 15 de maio de 2021

Quinho Ravelli é o pseudônimo de Marcos de Souza, chargista da maior qualidade e que já há mais de uma década ilustra com costumeiro brilhantismo as páginas do jornal Estado de Minas.

Apesar de sermos colegas de jornal, não o conheço pessoalmente, infelizmente, pois deve ser um ótimo papo para um fim de tarde regado à cerveja gelada e porções de torresmo. Mas não faltará oportunidade tão logo esse maldito novo coronavírus encontre o fim.

Quinho reproduziu sua opinião sobre o mais recente conflito em andamento em Israel através de uma charge, na edição do Estado de Minas deste sábado, 15 de maio. Nela, um “soldado de fumaça” enorme aponta um fuzil para uma “criança de fumaça” pequenina.

A mensagem, portanto, seria a opressão, covardia e – por que não? – assassinato de crianças indefesas por um Estado/povo cruel, sanguinário e desumano. Nada mais falso, contudo, pois nem a mensagem nem a ilustração encontram mínima razão diante dos fatos.

Disparo de foguetes à partir de Gaza (Imagem: AP Photo / Adel Hana)

Escrevi, por coincidência, no mesmo dia, uma coluna didática, quase auto explicativa até, sobre a questão atual. E não me invoco, claro, o monopólio da verdade. Ocorre que absolutamente tudo o que está lá encontra amplo amparo fático na história e na realidade.

Israel não é nem nunca foi um Estado bélico nem muito menos opressor. Muito pelo contrário! É a única democracia na região. O único país do Oriente Médio onde as mulheres são livres; onde os homossexuais não são perseguidos e apedrejados; onde todas as religiões são respeitadas; onde há eleições democráticas, inclusive com ampla participação dos muçulmanos israelenses.

Além disso – e não sou eu que digo, mas a história – Israel jamais atacou qualquer povo ou país. Sempre se defendeu e respondeu aos ataques, muitas vezes em conjunto, dos países vizinhos que não aceitam a presença de judeus na região.

E mais: Israel nunca atacou a população civil de qualquer agressor, ainda que estes, como fazem os terroristas palestinos, mirem escolas, hospitais, creches, lar de idosos, comércios e residências dos judeus. Novamente: não sou eu que digo, mas a história e os fatos reais.

Terroristas disparam contra a população de Israel (Foto Sem Autor / Google)

O conflito atual é mais uma prova do que digo, e mais uma prova da incorreção da charge do meu colega. Durante semanas, centenas de foguetes foram disparados diariamente pelos terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica contra alvos civis em Israel.

Diariamente significa: todos os dias! Alvos civis significam: idosos e crianças, inclusive árabes e cristãos, já que os mísseis terroristas não distinguem onde caem e quem acertam. Apenas após esta sucessão de ataques, Israel enfim contra-atacou.

Mas não só contra-atacou com extremo cuidado, a fim de tentar não causar fatalidades entre a população palestina – subjugada e escravizada pelo terror financiado pelo Irã – como os alvos são pré-determinados, específicos e atingidos com extrema precisão.

Ocorre, meus caros, que os verdadeiros assassinos cruéis de crianças, leia-se os terroristas do Hamas, mantêm, propositadamente, crianças e idosos ao lado dos alvos. Sim, eles fazem isso, sim. Os utilizam como escudos humanos, a fim de produzirem a costumeira propaganda contra Israel, mostrando os pobres corpos carbonizados e seus imóveis destruídos.

Acontece que essa gente ordinária abriga arsenais de destruição dentro de escolas e hospitais. E ai de quem reclamar! O que é preciso compreender – e aceitar! – é que a condição dos mais de 750 mil palestinos em Gaza é de absoluta escravidão. Da mesma forma que os traficantes e milicianos fazem com os cariocas nos morros e nas comunidades mais pobres do Rio de Janeiro, cerca de 300 mil terroristas do Hamas e outras facções “governam”, à força, a população indefesa abandonada pela tal da Autoridade Palestina, supostamente o governo legal local.

Como o Estado é ausente por lá, assim como é no Rio de Janeiro, não há escolha para toda essa gente sofrida, que acaba sendo morta. Mas não por Israel e sua “tirania opressora”, mas por seu próprio povo. Ou alguém duvida que não seria melhor para todos – obviamente para aqueles que não vivem da guerra – o fim do conflito?

Imaginem o benefício mútuo: Israel teria mais mão de obra, que sempre falta em um país tão pequeno, e teria mais mercado consumidor, acarretando maior arrecadação de impostos.

Pelo lado dos palestinos, teriam acesso à escolas e hospitais de ponta e a empregos formais e renda. Ou seja, uma vida digna! E mais importante: teriam acesso à democracia, à liberdade, à direitos civis. E ambos viveriam em paz. Mas qual ditadura deseja um “final feliz” assim?

Reproduzir Israel como o grande Quinho reproduziu, não só é injusto como falso. Não acho que seja antissemitismo, apenas um profundo desconhecimento da realidade. Só isso! Ofendê-lo não é o caminho, como amigos meus, da comunidade judaica, fizeram em grupos de WhatsApp.

E tampouco o Estado de Minas é antissemita ou coisa parecida. Quando há o devido respeito, como no caso da charge, apenas retratando uma visão ou opinião do autor, não há por que não publicar. Liberdade de Opinião não pode ser algo seletivo, por isso digo que é besteira partir para julgamentos e agressões como, infelizmente, vi durante todo o dia. O melhor – sempre! – é sentar, tomar uma cerveja (com torresmo, claro!) e explicar a verdade.  

Não a minha verdade, mas a verdade inquestionável e insofismável. O caminho não é o do atrito, mas o do entendimento, do compartilhamento de ideias. É o que espero fazer em breve com nosso grande cartunista, orgulho de Minas Gerais.

Leia mais artigos meus em: IstoÉ, Estado de Minas e Facebook
**Atenção: Este texto não reflete a opinião do Portal UAI, e é de responsabilidade exclusiva do seu autor**
Ricardo Kertzman

View Comments

  • Muito a propósito, o local mais seguro de atuação (escritório operacional) dos terroristas, ladrões, milicianos, políticos f.d.p, traficantes, e outros bandidos menos cotados, é o local naturalmente protegido por pessoas indefesas (e/ou isentas).
    Só e unicamente porque o meio dificulta a localização e atuação, por defesa ampla, daqueles que "correm pelo certo", já que a separação entre o joio e o trigo fica muito complicada.
    Não existe "bomba" cirúrgica (de qualquer tipo), e isso não depende da direção para a qual foi lançada, pois ela sempre vai para onde existe gente.
    Gente. É disso que se trata, gente! O propósito de tudo!
    É lógico que eles esperam que qualquer ação crie "efeitos colaterais", os quais servirão aos seus objetivos de fazer o que querem, e depois terem alguma simpatia ou tolerância gratuita dos observadores (normalmente) externos e a choradeira dos mais próximos. Esses próximos que não estão em condições de analisar com frieza (porque perder amados, crianças e idosos, não é fácil) ou porque estão contaminados (ou pagos) pela "causa"!
    É responsável tentar entender essas coisas para não incorrer na tentação de "entregar" o visível e se tornar, de alguma forma, em cúmplice das injustiças!
    As promessas para Israel foram feitas no céu. Não há como eliminar um mistério desses!

  • Não há remédio indolor quando predomina entre as nações, a cultura de agressões radicais x direito de defesa.
    O interesse econômico com o acesso ao poder pelos políticos, partidos, empresários e mídia são capazes de mudar versão de facada na barriga para barrigada na faca.
    Uma simples leitura na feroz campanha política de certos jornalistas para a queda do Collor, da Dilma e Bolsonaro mostra como são as coisas.

  • Deus é amor. O deus mosaico tem preferências. O Deus de Jesus ama a todos. Não autoriza mortes em "seu nome", nem precisa de psicopatas para defender "sua honra".

  • Deixe-me ver se entendi: "os fins justificam os meios", é isso mesmo?
    Até na lei de Talião existem limites da ação de revide, mas isso não vem ao caso. Como já sabiam os essênios, a reencarnação é o instrumento básico da Justiça Divina, que sempre prevalece.

  • Queria saber, a nivel psicológico, o que liga a "causa" palestina e os traficantes cariocas com a esquerda brasileira. Impressionante como qualquer esquerdista não tolera judeus e o estado judeu, assim com Hitler. Este pessoal da esquerda também não tolera policia, exercito ou qualquer outra força de segurança de estado. Para os esquerdopatas não existe agressão do Ramas, não existem foguetes caindo todos os dias em cima de crianças, idosos, mulheres. Impressionante como protegem bandidos, terrorista, ditadores e corruptos. Ficam cegos ou só conseguem enxergar um lado. Sobre a operação onde morreram 27 bandidos e 1 policial, teve uma jornalista da CNN que perguntou no ar, de forma indignada, porque morreram 27 pessoas e do "outro lado" apenas 1. Vejam bem, ela disse "do outro lado". Disse que os rapazes da favela não eram treinados para usar aquele armamento sofisticado. Será que ela queria que fossem treinados? Acho que para os esquerdopatas faltam-lhes a mínima noção do que é errado e do que é certo.

  • Parabéns Ricardo pela excelente contextualização do tema . Boa parte da grande imprensa não faz isso . Não põe as coisas em perspectiva .
    É lindo, com perdão da palavra, colocar em primeira página uma criança palestina vítima do do grande opressor segundo a visão de um esquerdopata.
    Segundo uma pseudofilósofa da USP (famosa por odiar a classe média)
    No Brasil, para ser de esquerda tem que ser contra EUA, Israel, classe média produtiva...
    Tem que ter rancor, ressentimento, raiva e recalque.

    • Caro Ricardo, interessante como você ajustou seu discurso, se aproximando muito às falas de bolsominions que tanto critica. O que o estado de Israel - não confunda com o povo Judeu - é sim um lento genocídio do povo Palestino. Se o direito a terra concedido em 1948 fez justiça aos temíveis sofrimentos do povo Judeu, a politica expansionista deflagrada desde então por governos de direita promove a miséria e a morte na região para os Palestinos, que tem o mesmo direito à sua terra. A charge criticada parece que atingiu seu fígado, isso é bom. Espero que chegue ao coração!

  • Por Fernando Brito.
    A quarta revisão da Convenção de Genebra obriga as “potências ocupantes” a adotar as “medidas profiláticas e preventivas necessárias para combater a propagação de doenças contagiosas e as epidemias”.

    Nenhuma mais importante, nestes dias, que a vacinação contra a Covid.

    O mundo bate palmas para a rapidez e extensão que Israel vacinou sua população. Mas choraria de vergonha se soubesse que, nas áreas ocupadas da Cisjordânia ocupada, pouquíssimas vacinas chegavam e que na Faixa de Gaza, cercada, só depois de muitos entraves entraram as poucas vacinas doadas pela Rússia e pelos Emirados Árabes Unidos, chegaram, fazendo com que menos de 5% dos habitantes tenham sido imunizados.

    Na faixa de Gaza, são 2 milhões de pessoas, amontoadas em trechos urbanos e favelas. É um amontoado de gente, separado de grandes áreas despovoadas, usadas para a agricultura de colonos judeus, separados por cercas do “Armistício de 1950” semelhantes às que separam Paraisópolis do Morumbi

    No entanto, segundo informa o Valor Econômico, “Israel rejeitou qualquer sugestão de que seja obrigado, segundo a lei internacional, a fornecer vacinas para os palestinos que vivem em territórios ocupados pelo país. O governo de [Benyamin] Netanyahu afirma que, segundo os Acordos de Oslo, de 1993, a responsabilidade sobre as áreas densamente povoadas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza é da Autoridade Palestina”.

    Mas mandou-as, porém, como doação, para as distantes Honduras, Guatemala e República Checa, em troca do compromisso de transferirem suas embaixadas para Jerusalém e reconhecerem, assim a soberania israelense sobre uma cidade que era partilhada por árabes e judeus, Jerusalém, além de cristãos e armênios.

    Os territórios onde vivem os palestinos foram minguando e sendo transformados em algo de que os judeus conhecem muito as crueldade: guetos.

    Também não desconhecem o que é ser chamado de terrorista por ações armadas – e nem sempre de combate , como foi o atentado do Hotel Rei David e o massacre de Der Yassin, ambos com mais de uma centena de mortes de civis – em defesa da terra que acreditavam ser sua.

    Como os judeus na Alemanha, na Polônia e em outros países da Europa, também os árabes da Palestina foram alvo de um “limpeza étnica” nos anos de formação do Estado de Israel.

  • Agora é assim. Inundado sentindo o bafo quente no cangote (leia-se Lulinha Paz e Amor na preferência do povo nas pesquisas de intenção de votos, farsa das pedaladas superada, embuste do juiz da roupa preta explicado) vem com cada assunto disparatado, no melhor estilo Macaco Elétrico. Isso quando num chama um mequetrefe ex- TRE para escrever sobre tema pretensamente jurídico. Muito manjado. Tadin dele!

  • Após sua postagem tive certeza que a charge retrata bem a realidade.
    Sua visão unilateral sobre a questão é de provocar vômito.

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