“…[Seus pais] são crianças como você, [que é] o que você vai ser, quando você crescer…” (Renato Russo)
Este domingo passado amanheceu irremediavelmente triste. Em uma tragédia envolvendo um acidente de carro, uma linda jovem de 19 anos perdeu a vida e condenou os pais, especialmente a mãe com quem morava, a prosseguir em “carne-viva”, onde a dor pela perda jamais deixará de ser sentida.
O rapaz que dirigia é um doce de pessoa. O conheço desde pequeno e seus pais são exemplos de amor, cuidado, carinho e boa educação. Especula-se que tenha bebido, o que não seria anormal. Com 20 anos, saindo de uma festa, é provável que tenha dormido ao volante. O acidente ocorreu às 5hs da manhã.
É muito difícil — e extremamente delicado — para mim, escrever a respeito. Sou pai de uma única filha também. O sofrimento dessa mãe me atordoa o pensamento. Diminui todas as outras coisas. Todas! A proximidade com os pais do rapaz, especialmente o carinho pelo pai dele, me fez pensar e repensar mil vezes antes de publicar este texto:
Filhos,
Já fomos jovens e sabemos como a vida nesta idade é atordoante. Como é encantadora, desafiadora, sedutora e tão tragicamente mentirosa quando nos promete a certeza de anos e anos à frente; quase uma certa imortalidade. O corpo forte, a saúde plena, a coragem advinda da certeza de que tudo se resolve. O ímpeto guia, quando deveria obedecer.
Bebidas, drogas, sexo ocasional, tudo faz parte do momento em que estão. A vida é para ser vivida e a juventude passa rápido. Daqui a pouco trabalho, casamento, filhos. “Vejam nossos pais”, vocês pensam a todo instante. E é assim mesmo, garotos. Simples assim. Complicado assim. Difícil assim. Maravilhoso assim. Mas que bom que é… assim.
Meu recado é um só. Na verdade, um pedido. Ou melhor, uma súplica: Jamais coloquem as próprias vidas, as próprias vontades e os desejos mundanos à frente do amor que vocês têm pelos seus pais. Porque vocês não fazem a menor ideia — e só farão quando tiverem os próprios filhos — da dor que o menor dos dissabores de vocês nos causa.
Um dedo que quebra nos dói como fratura exposta. Aquela cólica incapacitante de uma menstruação é um soco no nosso próprio estômago. O choro pela briga com a(o) namorada(o) nos faz mínimos como pulgas. Mas a dor pela ausência definitiva de vocês nos condena a uma espécie de morte em vida. A passar os dias em franco desespero. Em plena incapacidade de viver.
Por isso, por favor, crianças: antes de cada gole, de cada baseado, de cada Ecstasy ou quaisquer destas porcarias, de cada beijo ou quiçá transa rápida, deixem a si próprios um pouco de lado e lembrem-se de nós. Coloquem-se instantaneamente nos nossos lugares e pensem no que estaríamos lhes dizendo, no que estaríamos sentindo, e se essa “treta” em que estão se metendo vale mesmo a pena.
Acreditem: isso poderá salvar as suas vidas. Ou melhor, as nossas vidas.
Aos envolvidos nesta terrível tragédia, meus mais sinceros e profundos respeito e solidariedade.
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Enquanto bebidas, sexo e drogas fizerem parte do "momento", você pode esperar muitas outras tragédias...
Triste mesmo, só quem é pai pode ter noção de uma parte desta magnitude. Mas a notícia ganha mais requintes de comoção porque envolveu um jovem casal de classe social mais abastada, inclusive a enorme foto da bela jovem que morreu no acidente destacada na página de entrada do portal UAI reforça essa convicção. Se fosse um acidente com jovens conduzindo um Vectra 92 no Bairro Ribeiro de Abreu, com a morte da uma jovem residente nas proximidades, haveria apenas uma notinha de canto de página e olhe lá. Outra coisa que me assustou foram os comentários da notícia no portal: quanto recalque, frustração e falta de sensibilidade ... sinceramente ainda não consigo me adaptar a estes novos tempos de mídias digitais / sociais, formadores de opinião e juízes de internet etc. Aposto que este post será um prato cheio para vários falarem aqui "bem feito", "playboy", "filhinho de papai bêbado", como se esta comunidade virtual só tivessem monges franciscanos e freiras.
Meus pêsames, aos familiares e amigos.
Simplismente lindo.....exatamente como eu penso.
Graaaande. Nós que conhecemos a família do pai da menina ficamos chocados e tristes pela perda.
Eu, tb, me comovo pelo rapaz e tenho compaixão pela sua dor.
Impossível segurar o ímpeto dos jovens. Só após passarem por uma tragédia é que aprendem a lição. Aos pais, cabe apenas o sofrimento, não há o que fazer a não ser ensinar, orientar. Infelizmente, isso não vai mudar nunca.
Um sentimento de impotência e dor atinge a todos nós que somos pais qdo uma notícia como essa nos tirs o chão, ainda que seja com jovens desconhecidos, qualquer que seja sua classe social. Mas nesse ponto, concordo com o Rafael no quhotel se refere ao destaque que a mídia dá qdo os envolvidos têm melhores condições sociais.
Mas a juventude é isso... uma linha tênue entre o presente a qualquer custo e o futuro desconhecido e distante. A inconsequência é parceira do prazer e pensar duas vezes pode significar não viver ou não ser feliz.
Nosso instinto de preservação tem alarme que está programado para soar somente depois dos 25, 30 anos.
E ainda assim, atendemos ao grito de “acorda” de forma bem lenta e desconfiada.
Se nos tempos da pouca informação e da ausência das redes sociais, nossos ja tinham seus pesadelos com nossos atrasos na madrugada, nossos filhos não têm ideia do que sofremos hoje.
Mas o melhor remédio hoje, continua sendo o melhor remédio de ontem. O amor, o diálogo aberto e verdadeiro, o significado de família e, acima de tudo, Deus.... a nos fortalecer para viver o melhor com eles e nos preparar e amparar para o caso de uma fatalidade (nunca desejada) como esta e cumprir o resto de nossa missão sem eles.
Pesado demais um fardo como este! Mas que fica ainda mais pesado qdo a desesperança e falta de fé tomam O lugar de Deus nos corações de quem se vê obrigado a passar por tragédia como esta.
Que a Beatriz encontre logo o caminho da luz para que possa ajudar a família a superar tamanha perda e dor.
Bom dia amigos, aqui quem escreve é a mãe da Beatriz. Que menina adorável, somente aqueles que tiveram a oportunidade de conhecê-la sabem a luz que ela irradiava. Seu namorado é uma pessoa fantástica, e o considero como meu filho. Ele não era este play boy que vocês estão dizendo é muito menos minha filha era uma patricinha da zona sul. Tenho certeza que ela está nos braços do nosso Pai. Fiquem com Deus ????
Independente da classe social, a notícia é muito triste pessoal! Acho que aqui só cabem comentários construtivos de apoio às famílias e instrutivos no sentido do texto publicado, de alerta aos jovens e com muito carinho sempre!
Sou mae de uma jovem da mesma idade e me solidarizo com as famílias envolvidas.
O mundo pede mais amor nestas horas, mais apoio, mais entendimento, mais luz, menos crítica e mais direcionamento.
Que triste realidade...Ricardo, que texto fantástico, retrata profundamente um sentimento de uma mãe ou pai diante da realidade que vivenciamos... Li com lagrimas no rosto tanto pelas familias que independente da classe social perderam o chão... Tanto por todo o meu medo de chegar a minha hora, já que soj mãe de um pequeno de 5 anos....
A escrita do Renato também falou algo de extrema relevancia... Vamos buscar a Deus e ensinar os nossos filhos ...
Que Deus conforte o coracao desta família, principalmente da mãe da Beatriz neste momento tão delicado.