As duas faces do mesmo populismo

Um, corrupto e mentiroso, era festejado quando vestia-se de petroleiro. O outro, eficiente e inovador, é enxovalhado por vestir-se de gari.

Ah!, as esquerdas… Jamais as compreenderei!

Lula vestia-se de petroleiro, sujava as mãos (já imundas) de petróleo e carimbava as costas de seus cúmplices — Dilma e Ségio Cabral dentre eles — repetindo o gesto populista e fanfarrão de Getúlio Vargas, não por acaso outro réptil da classe vermelha. Era a alegria da Folha de São de Paulo, da GloboNews e da turminha esquerda-caviar espalhada pelas redações Brasil afora. “Que estadista”, ouvia-se em meio aos sussurros de paixão. “Finalmente chegamos lá”, pensavam os inocentes úteis, imaginando que, finalmente, “o petróleo é nosso”. E era mesmo! Deles. Só deles! No mínimo, R$ 6 bilhões.

Parte dessa gente que amava e idolatrava o chefe da maior quadrilha do mundo — se não em participantes, em montante roubado — acordou. São esquerdistas, sim, mas que sabem separar ideologia de caráter. Sabem que Lula e o PT assaltaram a Petrobras e o país como um todo, por isso não os defendem, não mais os idolatram. Apenas “cobram geral”. Querem que todos paguem pelas roubalheiras, no que estão mais que certos. Estes ainda contam com minha amizade e consideração. Contam com meu respeito, mesmo que igualmente com minha discordância no campo das ideias. Eles lá, eu cá. E vida que segue.

Essa turma, juntamente com os tarados acéfalos — aqueles cegos que ainda mantêm fidelidade e adoração pela corja — escolheram João Doria, o prefeito de São Paulo, como alvo da ira atual. Deixaram um pouco de lado o morto-vivo político Aécio Neves, já que este não oferece mais perigo. Aécio caminha para ser uma espécie de FHC perante à turba. De vez em quando o tiram do armário e dão-lhe uma espinafrada qualquer, que é para não perder o costume, hehe. Não sei Aécio como reagirá, mas FHC todos sabemos: gosta! Tanto que não perde uma única oportunidade para fazer um gracejo. O ex-presidente é como a imagem popular da “mulher de malandro”: quanto mais apanha mais gosta.

A bronca com Doria, já que não há o que falar sobre gestão e honestidade, é o seu populismo exagerado. Dia sim, dia também, ou melhor, hora sim, hora também, o prefeito publica um vídeo nas redes sociais ou concede uma entrevista. Como é do ramo, “João Trabalhador” (seu auto-apelido) sabe o que falar, como falar, como se vestir, como aparecer. O sujeito dá um banho frente às câmaras e leva a esquerdopatia órfã às raias da loucura. E cruel como só, o populismo de Doria é elegante e finamente irônico, ao contrário daquela gritaria histriônica e cheia de perdigotos esvoaçantes do penta-réu criminal a caminho da prisão. Se Doria fosse do PT, meu Deus!, não haveria Pop Star no mundo a rivalizar com ele.

Lula fantasiou-se de petroleiro, de cangaceiro, de caipira, de craque de futebol. Collor de piloto de jato, de motoqueiro, de sei lá mais o quê. Como ambos representavam extremistas — de direita e de esquerda — e eram raivosos, grosseiros, eram festejados. FHC, nas poucas vezes em que se meteu a besta, foi duramente criticado. Agora é Doria. Em comum, a classe, a educação, a maneira de se vestir, de falar. Ambos transmitem a imagem do que as esquerdas mais odeiam, a tal “elite paulistana”. A estes não é permitido qualquer populismo, afinal não são nordestinos, não gritam, não falam palavrões e são cultos e ricos. Talvez até por esses traços, Lula pense em lançar Fernando Haddad à presidência, caso esteja jogando xadrez com Zé Dirceu, em Curitiba.

Conclusão: para as esquerdas, populismo só serve quando lhes convém. Ou não foi assim também nos EUA? A Obama, tudo. A Trump, nada.

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