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Que vergonha, senhor prefeito

A cada Kalil que surge, um eleitor desiste da política. E a cada eleitor que desiste, mais fácil fica para os “Kalils”. Este é o ciclo perverso em que nos encontramos

Esse que iria acabar com a velha política?

Sabe, senhores?, uma das coisas que mais odeio na vida é falsidade, gente que se apresenta e se vende como um e que entrega e age como outro. Em tempos de Operação Carne Fraca — aquela batatada histórica da PF — aprendemos que há como maquiar carne estragada. Basta umas gotinhas de um ácido qualquer e a massa escura e mal cheirosa torna-se um corte de primeira. Pois bem. Certas pessoas são assim: por dentro são podres, mas com gotinhas de boa retórica, fala firme e olhos esbugalhados, conseguem, com uma dose extraordinária de amoralidade — diferente de imoralidade –, vender-se aos menos observadores como carne de primeira, o que, definitivamente, jamais foram.

Pois é. Pensaram no penta-réu criminal a caminho da prisão, Lula? Certamente se encaixa na descrição acima. Há centenas de políticos e governantes assim. Gente que se vende como “pobre, oprimida, defensora do povo”, mas tão logo eleita mostra a realidade do que é. Benedita da Silva, deputada petista pelo Rio de Janeiro que o diga. E tantas e tantos outros, não é verdade?

Mas não estou me referindo a estes, não. Estou me referindo a Alexandre Kalil, prefeito de Belo Horizonte. Todos sabem que votei em João Leite. Mas quem me acompanha também sabe que cansei de dizer que, se Kalil fosse eleito, não acharia ruim. Cheguei mesmo a pensar que, dadas as condições aparentes de um e de outro, o ex-presidente do Galo teria melhores chances de administrar a cidade. Minha escolha por João Leite era por afinidade a quem ele é; minha resistência ao Kalil idem, apenas com sinal trocado: justamente por saber quem ele é.

Nos dias 15 e 16 de março passado, o prefeito de BH e seu vice Paulo Lamac (o petista que não é petista, mas é petista) partiram rumo à Brasília. Foram cuidar de assuntos do interesse da cidade. Beleza. Dois dias apenas, meus amigos. Sabem quanto gastaram juntos? Mais de R$ 40 mil reais! As sumidades não seguiram para Confins e voaram em um avião comercial, não. Os zelosos administradores do dinheiro do povo, do pobre sofrido que acorda às 5 da manhã e demora três horas para chegar ao local de trabalho (lembram-se de Alexandre acompanhando sua funcionária doméstica no percurso casa-trabalho?), daqueles coitados desprezados pelo porteiro do Hospital do Barreiro (outra das propagandas eleitorais do prefeito), fretaram um jatinho pela bagatela de R$ 39 mil reais e voaram felizes, confortáveis e, principalmente, distantes do… Argh! Do povo.

Eis aí. Ele não era político. Era empresário, administrador eficiente. Ele iria varrer da prefeitura os penduricalhos indicados pelos partidos e inauguraria um novo tempo, uma nova política. Ele iria desempregar os vagabundos que não trabalham e abrir a caixa-preta da BhTrans. Mas o quê? Três meses de mandato e repete ipsis litteris tudo aquilo que prometeu acabar: aliás, a farra das nomeações políticas na PBH é ainda mais absurda que antes. Pois é.

Que pena, Kalil. Que vergonha, Kalil. Eu não votei em você, mas tinha esperança em você. Fico a imaginar aqueles que verdadeiramente acreditaram no que você dizia. Coitados! Mais uma decepção. Mais um degrau que descem rumo ao descrédito e ao nojo da política. A cada novo Kalil que surge, um novo eleitor desiste. E a cada eleitor que desiste, mais fácil para Kalil. Este é o ciclo perverso em que nos encontramos. Tá osso aguentar tudo isso.

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Ricardo Kertzman

View Comments

  • O cara é ladrão de FGTS de empregado pobre, caloteiro de IPTU, Campeão belohorizontino de título protestado. Não paga ninguém. Safado, demagogo patife. Fala que engenheiro, mas não é. Pior aluno da Keneedy em Cálculo, não aguentou o curso. Foi cuidar das empresas da familia, afundou todas, é amigo do Pimentel e dá uma que não é. Ganhou porque o seu adversário defendia bandido e estupradores e era apoiado por Aécio. Eleger Kalil, foi tragédia. Enquanto Dória transforma SP. A Praça 7 fede urrina, che ira maconha e BH é vista como capital brasileira da pichação.

  • Kalil aprendeu com Aécio. Este só viaja de jatinhos ou helicópteros. De jatinho quando o helicóptero não está sendo usado para outros fins.

    • Você esta de gozação,povo ir par a rua,o povo esta mais preocupado é com os feriados que estão chegando.
      Você não viu a vergonha do projeto do auxilio moradia R$4.300.E a maioria tem casa própia.
      E se procurar acha mais.

    • Votei nesse cara! ...
      Digo "cara" porque moro no "centro de BH" e o que ele consentiu em relação à realização do último carnaval (mudança do eixo do submundo do carnaval do RJ para BH), em detrimento/prejuízo dos moradores da região central ... é de mudar para sempre a visão "quase" otimista que "tinha" sobre ele.
      Aliou-se à "parte podre" de comerciantes (suas bebidas e seus interesses), vendendo a crise como motivação, aliás, as questões morais desses "empresários" amorais, sempre convergem para "a crise".
      Como prefeito, não tem coerência com a campanha e, para se "ajustar" ao "processo/pensar político", nada faz, a não ser "jogo político" até agora, rasteiro (de sempre, na politica de MG).
      Vislumbrei uma mudança ao votar nele ... e pelo jeito, regredi no tempo, porque temos aí um "cara" que, embora sempre negue, esta aprendendo a fazer política e nisso, então, consegue ainda ser pior que um politico de carteira, porque os custos sociais do seu aprendizado, como sempre, serão às nossas custas, contribuintes.

  • Pois, não entendi porque o povo queria mudança,se a cidade estava bem administrada,na época do último prefeito, não se via sujeira como se vê hoje,os corredores viários largados sem manutenção,nem se quer capinam onde precisa,as ruas puro buraco,Vce liga hoje para o tel tapa buracos.A cidade caiu no esquecimento,na minha rua todo sábado tinha uma turma dá slu ,limpando,já nesse mandato so vi uma vez....
    Kalil kkkkkkkk

      • Ao que me consta, Zezé Perrela não recebeu nenhum voto, assumiu como Senador na condição de suplente quando da morte do então Senador Itamar Franco, esse sim eleito.

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