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Alhos e Bugalhos

Bolsonaro não é Trump e brasileiro não é americano. Esqueçam

Nada a ver

Bastou o bufão amalucado vencer nos EUA e as comparações e previsões com o nosso próprio “doidão” começaram fortes. Gente: O fiofó não tem nada a ver com as calças; não nesta dimensão atual que se coloca. Não houvesse a esquerda — sobretudo o PT — levado o capote que levou nas últimas eleições, aí, sim, o “fator” Bolsonaro seria real. Mas muito limitado. O deputado não possui tamanho cacife eleitoral, não conta com apoio partidário algum e possui apenas um significativo, sim, grupo de apoio dentre os eleitores, mas muito restrito, coisa de 7% a 10%.

Além disso, o cenário é outro, é completamente diferente, e algumas vitórias municipais, sobretudo em BH e SP, os dois maiores colégios eleitorais do país, deixaram isso muito claro. A população cansou da esquerda, sim! Graças a Deus. Mas cansou também da classe política tradicional. E sinto informar aos fãs do Bolsonaro (e com dezenas de ressalvas, até eu sou um deles), ele é um político tradicional. Do tipo que usa a própria imagem para formar seu próprio clã político, nos mesmos moldes de um Sarney — Obviamente que me refiro apenas aos seus filhos, pois é um sujeito honrado.

Trump, como Kalil (BH) e Dória (SP) seduziram os leitores que buscam soluções imediatas para os problemas imediatos. Não votaram neles em nome da Direita, dos Homens, dos Brancos, dos Heteros. Votaram em alguém que, acreditam, tornará a vida menos sofrida. Confiaram na capacidade empreendedora e gerencial dos candidatos-empresários, e estão pouco se lixando se devem impostos, se possuem empresas quebradas, se batem nas mulheres ou comem criancinhas assadas. Querem saber de atitudes rápidas e firmes, que permitam que levem suas vidas com mais prazer. Só isso. E dentro deste (meu) raciocínio, Jair Bolsonaro não tem nada a oferecer. Até porque, como já disse acima, sua principal bandeira já não existe mais. A esquerda acabou!

Além disso, amigos, não nos esqueçamos da “bela safra” de presidenciáveis que teremos a nosso dispor em 2018. Serra, Alckmin, Aécio, Anastasia, Meirelles, Caiado, dentre outros ainda não tão presidenciáveis assim. É gente de peso, de respeito, de cacife eleitoral e que, apesar de políticos tradicionais, encarnam personagens menos “arriscadas”. Afora a muitíssima bem-vinda possibilidade de um outsider surgir forte. Bem-vinda, claro, a depender de quem seja. Todos representam um conjunto de possibilidades muito maior que a simples polarização esquerda-direita, mote único de Bolsonaro.

Antes de finalizar, acaba de me ocorrer uma ideia: Imaginem um dos candidatos acima, com Jair Bolsonaro como vice-presidente na chapa? Forte, né? Será que algum teria coragem?

Leia também.

Ricardo Kertzman

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