Vexame em dose contínua

A opção, ainda que de forma velada, a cada nova partida pelo Brasileirão fica mais exposta. Não só pela utilização de um time reserva, com alguns poucos titulares para chamar de mistão – ou alternativo -, mas sobretudo pela preguiça dos jogadores em campo. Se frente ao Bragantino iludiu a Massa, ontem fez isso só no primeiro tempo. Embora, apesar da vantagem no placar saiu para os vestiários com duas previsíveis e necessárias alterações para o segundo tempo.

Porém o treinador Milito, que tem algumas características – segurei para não dizer teimosia -, não efetiva substituições no intervalo. Não consigo entender. Seria o momento de corrigir alguma debilidade percebida na primeira metade do jogo e sem queimar as três paralisações permitidas. Enfim, voltou com Fuchs – que além de amarelado não estava bem – e Vargas que até marcou um gol ao final desse tempo, mas vinha errando bastante e demonstrando a mesma apatia conhecida.

Não foi um primeiro tempo brilhante, como cheguei a ler e ouvir, mas suficiente para encaixotar um dos mais sérios candidatos ao rebaixamento na temporada. E logo aos sete minutos já saiu na frente, juiz e var levaram quase três minutos para confirmar o tento. Depois passou por alguns sufocos e também possiblidades perdidas, até fazer o segundo no finalzinho. De volta, sem qualquer modificação, os quase 35 mil Atleticanos acreditavam na construção de um placar que devolvesse a vexatória goleada do primeiro turno. Perdemos lá por quatro a dois.

E o que vimos na segunda etapa foi brochante. Desanimador para quem sonhada com a reação no BR e avançar em busca dos Gs da parte de cima. Time sonolento, sem vontade, começou a tomar pressão do Vitória da Bahia. Phode? Pois eles diminuíram, empataram e até viraram em apenas oito minutos. Sorte nossa que o bandeira anulou o terceiro e o var confirmou. Seria o coroamento de uma das maiores vergonhas que já presenciamos. Ah! Era o time reserva. Mas era a camisa do Galo. Ainda que de muito mal gosto a que foi usada. Detesto essas opções de uniforme dos tempos modernos, gosto é da preta e branca, quando impossível a branca do uniforme número dois sem virar abadá. Mas não foi essa a causa da derrota e sim a falta de comprometimento.

O treinador tem culpa? Tem sim senhor! Ele e todo o elenco. A Torcida fez de tudo, cantou e tentou fazer o time reagir, mas a preguiça em campo foi determinante. Sobre o público, que surpreendeu a muitos, foi pelo preço acessível aos ingressos. Não fosse isso, seria outro fiasco, no caso nas arquibancadas. Ainda assim, judiado pelos preços extorsivos dos serviços. Estacionamento e bares. Um casal de idosos, próximo a outro casal conhecido meu, teria reclamado. “Deu pra vir, mas sem consumir. Picolé a dez e saquinho de pipoca a 25 reais”.

Mas, para arrematar o sentimento da volta para casa e da noite – outra vez mal dormida -, acordando com aquele gosto amargo de tempos já vividos vamos ao resumão da agonia. Merecemos, na verdade, era tomar a virada. Tal a insolência do time escalado. Só não aconteceu por milagre. Éverson e sua mania de abandonar a meta, saiu atabalhoadamente e se complicou com o Lyanco. Colocou a mão na bola fora da área, vermelho! Além do sufoco no final, pois o Milito tirou o Deyverson (tirasse o Kardec que acabara de entrar), ainda vamos ficar sem o goleiro para a próxima partida. Ao final era rezando para terminar, pois sequer saber armar um contra-ataque não conseguiam. Toda saída de bola nossa era entregue nos pés de adversário, Até os balões dados pelo goleiro. Nada avançava e o sistema defensivo errando tudo.

Não te é licito fazer isso com a gente, Galo!

*fotos: Pedro Souza/Atlético