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Vergonha e manipulação de resultados

Aos poucos, ainda que com grande atraso, algumas verdades vão aparecendo. A manipulação de resultados, aqui em Minas Gerais e até mesmo em competições nacionais, vem à tona décadas depois. O sarro saudável entre os torcedores acaba dando lugar – lamentavelmente – a uma revolta e indignação inimaginável. E nós Atleticanos somos vitimas dessa manipulação faz anos.

As brincadeiras com o 9 a 2 e aquele 6 a 1, com contestações das partes, chegam a ser divertidos. Até porque, para nós Atleticanos, o placar de nove é comprovado em edição licenciada do nosso adversário. Já o 6 a 1, na mesma publicação, são encontrados três placares idênticos, todos a favor do Galo. Vale dizer, igual ao que comemoram, já fizemos três vezes, mas o 9 a 2 é insuperável.

Isso faz parte da história saudável das brincadeiras e sarro entre torcedores, de um lado e do outro. O que não é apreciável, por exemplo, é aquela confissão do ex-diretor (será mesmo ex?) Benecy Queiroz dando conta de que manipulava resultados por meio de “acertos” com a arbitragem. Foi afastado, depois dado e tido como “adoentado” e “afastado” de suas funções. Aqui, muita coisa não se apura a fundo, como por exemplo, um helicóptero do governo usado para fins particulares. E até mesmo outro helicóptero, cuja culpa recaiu sobre o mordomo, digo, o piloto. O caso Benecy teve o mesmo tratamento.

Deixando de lado essas questões domésticas, recebi neste final de semana do bom amigo Sílvio Scalioni uma preciosa informação sobre um livro com a autobiografia de Walter Clark, já falecido, que foi o todo poderoso criador do “padrão Globo de qualidade”. No livro, ele revelou importantes fatos da vida nacional e a ação daquela emissora na vida dos brasileiros. Em sua segunda edição, teve trechos relacionados ao Flamengo extirpados da primeira. Só se encontra o livro em sebos.

O autor, que ficou na televisão entre os anos de 1965 até 1977, saiu da emissora e foi se tornar vice-presidente do Flamengo no ano seguinte. Até então, apesar de ter uma grande torcida, o rubro-negro carioca não ganhava nada. Foi a partir daí, com uma série de ações inescrupulosas, como admite o autor em sua autobiografia, que os cariocas ganharam projeção e títulos. Admite, por exemplo, que havia compra de juízes para favorecer o Flamengo.

A emissora, naquela ocasião, em cada três partidas transmitidas, uma era do rubro-negro carioca. Até os câmeras eram orientados para mostrar festa dos flamenguistas e os narradores obrigados a elevar o tom da voz nos gols do time e baixar nos do adversário. Em 1979, o Flamengo foi bicampeão carioca. Na época, criaram dois campeonatos no mesmo ano com essa intenção.

Ai vem o ano que interessa ao Atleticano, 1981, depois de o time do Rio ser campeão carioca, superando o Vasco numa melhor de três jogos, em que perdeu dois e venceu um. Isso mesmo. O regulamento, tendenciosamente, previa essa manipulação.

Isso explica tudo. As finais do Brasileiro de 1980 foram apitadas por Romualdo Arppi Filho e José de Assis Aragão. Vencemos aqui em Belo Horizonte por apenas um a zero, com o Romualdo Arppi Filho segurando o time Atleticano. No Rio de Janeiro, Aragão completou o serviço. Numa parte da edição, Clark fala até em árbitro que fazia acerto duplo.

Em 1981, na Copa Libertadores, naquele famoso jogo do Serra Dourada, quando José Roberto Wright expulsou quase metade do time do Galo, para anos depois reconhecer que no início da partida deveria ter eliminado jogador carioca, assistimos ao fechamento da era Clark e das manipulações a favor do Flamengo.

E o que é mais sério e triste para o futebol brasileiro é que, mesmo depois dos sete a um, a vergonha continua na avenida Luiz Carlos Prestes, no Rio de Janeiro, sede da CBF.

Em tempo: estou conseguindo o livro num sebo de Belo Horizonte.

Blogueiro

View Comments

  • Em tempo: afirmei acima que pela torcida que possui, o Fla merece alguns privilégios (cotas maiores de TV). A "manipulação de resultados" é crime.

  • Eduardo, desculpe pela atraso, mas não posso deixar passar em branco, essas marias não descem do salto alto, o esquema sempre foi Andre Sanches, Jose Perrela (nome emprestado, pois tem ficar oculto) e Ricardo Teixeira, se gritar pega ladrão não fica um meu irmão.

  • O CRUZEIRO ACABOU DE SER ELIMINADO NA COPINHA PELO FLA COM UM GOL IRREGULAR E COM UMA FALTA INEXISTENTE CONTRA O CRUZEIRO NO MEIO CAMPO QUE RESULTOU NO SEGUNDO GOL IRREGULAR DO FLAMENGO , OU SEJA O BENECY É MUITO MAIS UM MOTIVO DE RAIVA DOS ATLETICANOS DO QUE QUALQUER OUTRA COISA , DOR DE COTOVELO COM O CRUZEIRO.

    • Eliminado por quem? Ah! Flamengo? Entendi.
      Benecy é réu confesso. Chutaram e sugeriram um stress conveniente para tirar o foco.

  • Eduardo: até hoje a"turna da plin/plin", favorece ao Fla. Basta notar quanto Ela paga pelos direitos de transmissão ao Fla, em relação ás cotas pagas aos outros. Inclusive ao Corinthians - 2º maior torcida -. Todavia, reconheço que o Fla merece privilégios, haja vista o número de torcedores que possui. Agora devemos fazer justiça ao atual Presidente Bandeira de Melo. Segundo consta saneou as finanças, melhorou as condições de trabalho, montou/está montando um time. Que vai dar trabalho!. Sobretudo, afastou-se dos antigos políticos que comandaram o Clube. Trazendo o farinha para o nosso prato, estamos fazendo o caminho inverso.

  • Bom dia, Eduardo. Afinal de contas os árbitros só roubam do Galo? Todos os outros grandes clubes do Brasil ganharam títulos nesses anos, menos o Galo. Nas conquistas recentes da Libertadores, CB e Recopa não tiveram juízes comprados ou foi o Galo que comprou?

  • Sou Cruzeirense, mas torci para o Galo em 81. Foi vergonhoso. Fiquei com dó de mim mesmo por ser mineiro naquela ocasião, e quase desisti de assistir futebol. Meus dois irmãos atleticanos até choraram. Bobeira ficar com esse papinho de Beneci, 6, 9... somos vítimas do mesmo sistema corrupto que sempre favoreceu times cariocas e paulistas.

  • Pelo menos nós temos um presidente de federação (FMF) que é nosso. Pelo menos aqui a gente é campeão quase todo ano devido ao mesmo "esquema". E aí, choram caldenses e cruzeiros. A pergunta que fica é: Como eles conseguem ser multicampeões neste cenário de adversidades??

  • Todo time no Brasil tem uma história de choradeira, até nas copas do mundo tem erros. Quando o time é bom e tá focado não tem juiz que conduz do seu jeito. Time que tem sina de campeão ganha títulos sempre. Quem tem 10 ou mais títulos importantes não depende de juiz.

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