Rápidas do blogueiro e considerações de leitores

Caríssimas Atleticanas e caros Atleticanos, farei breves considerações sobre o noticiário de ontem para abrir um amplo espaço a dois leitores deste nosso canto. Ficou um tanto quanto longo, mas acho que as duas manifestações precisam ser divididas e debatidas pelo Torcedor do Galo.

Vida que segue! Foi uma sexta-feira cheia para a nossa vida de Galista. Até que chegue o domingo, dia de enfrentar o Botafogo, pelo Brasileiro, com partida que teve horário alterado para atender interesse dos cariocas, vamos fazer um ping-pong com os temas de ontem. Caio Zinardi, treinador que já trabalhou em seleções de base, será o responsável por comandar o time B na disputa da Segunda Divisão Mineira. Assim como nas divisões de base, mais que títulos (embora não dispense conquistar e comemorar), o que se espera é dar ritmo de jogo e oportunidade a jogadores até então sem chances no profissional.

Nos anos 70, aconteceu com Cerezo, Ângelo e outros nomes: defenderem outras equipes até que surgisse oportunidade no time principal. Este ousado projeto tem como intenção deixar os atletas mais próximos de ser observados. Assim como aconteceu com Bremer, que faria estágio nesta equipe B, alguns poderão ser aproveitados ainda na atual temporada. Os jogadores registrados pelo Galo no BID podem atuar tanto no Mineiro da Segundona quanto no Brasileiro.

Já entre o grupo principal, duas notícias. Uma boa: a volta de Marcos Rocha, e uma ruim: constatação de edema do Luan. Sobre o lateral, incontestável é que seu retorno traz grande alívio ao setor defensivo do lado direito. Alex Silva, com altos e baixos, cumpriu seu papel. Mas Rocha é o dono da posição. Seguramente vai atuar domingo, não se sabe ainda ao lado de quais companheiros, mas sua presença é garantia de que o setor estará bem resguardado.

Por outro lado, Luan, para nossa tristeza, deverá ter nova paralisação. É ídolo, o Atleticano tem total empatia com o jogador, especialmente por sua garra, determinação e amor à camisa do Galo. Infelizmente, ao que sinto, será jogador para uma ou duas partidas, sem a sequência que o Torcedor gostaria. Que seja rápida essa recuperação. Depois, um bom planejamento sobre suas entradas, seria interessante. Quem sabe joga uma e descansa outra, ou até duas partidas. Quando Luan entra, provoca incêndio dentro e fora do gramado.

O caso da tabela, que ontem debatemos aqui, colocando o Galo cruelmente em situação desfavorável aos demais concorrentes, merece até uma análise mais aprofundada. O leitor Tércio Pedrosa se interessou pelo tema e enviou uma saudável missiva, que divido com os leitores:

“Oi, Eduardo. Estou de volta com o levantamento sobre a tabela, para todos os times da série A do Brasileirão desse ano. Se afirmarmos que jogar em casa nos finais de semana é melhor que jogar em casa nos meios de semana, considerando que a presença de público é maior nos fins de semana, realmente, o Galo, teoricamente, teria uma boa desvantagem. O número de jogos realizados como mandante nos finais de semana no levantamento de todos os participantes variou entre 11 e 16 jogos, com uma média de 13,6 jogos realizados nessa condição. O Galo foi o pior deles nesse aspecto. É o único com apenas 11 jogos realizados em casa nos finais de semana. Nossos parceiros mais próximos na desventura são: Fluminense, São Paulo, Sport e Vitória, com 12 jogos. Os mais privilegiados são: Atlético-GO, Grêmio, Vasco e Corinthians, com 15 jogos, e o nosso rival, o único com 16 jogos nessa condição. Acho que temos parceiros respeitáveis na desventura, assim como há pobres bem-aventurados do outro lado. Por outro lado, o Galo é o que mais jogou em casa nos meios de semana. Esse número variou entre 3 e 8 jogos, e o Galo é o único que fará 8 jogos em casa nos meios de semana. Enquanto isso, nosso rival prefere passear nos meios de semana, sendo o único que só fara 3 jogos nessa situação.

Realmente, a média de público nos jogos realizados em casa difere muito quando se considera os jogos nos fins de semana e os jogos dos meios de semana. A média de público no Independência dos jogos de fim de semana é de 17.650 pagantes, enquanto no meio de semana a média cai para 11.886. Entretanto, apesar dessa grande diferença na presença de público, o rendimento do Galo é exatamente o mesmo em ambas as situações, ou seja, até agora não está fazendo diferença o galo jogar no Independência no meio ou no final de semana. São seis jogos em casa, sendo três no final de semana e três no meio de semana. E temos uma vitória, uma derrota e um empate em cada situação. Um rendimento global de 44% no Independência e que se repete quando avaliamos se o jogo é no domingo ou na quarta. Ou seja, se a CBF tramou contra nós, não está surtindo efeito. Seria algo a se comemorar se não fosse trágico.

É indiscutível que já fomos vandalizados pelo esquema composto pela CBF e pela emissora oficial. Mas pondero que compor uma tabela é algo extremamente complicado, se considerarmos as diversas condições que devem ser atendidas, como evitar dois jogos entre torcidas rivais na mesma data e localidade, respeitar uma alternação entre jogos em casa e fora para cada clube, além da dificuldade gerada ao se espremer o calendário entre o Brasileirão, Copa do Brasil, Libertadores e Sul-Americana. Com a pausa na Copa do Brasil e na Libertadores, o mês de junho teve que comportar um número grande de jogos nos meios de semana e a sequência acabou determinado um maior número de jogos em casa nos meios de semana e tendo que sair mais nos finais de semana. A propósito, o rendimento do Galo fora de casa é de 53%, melhor que os 44% no Independência. Ou seja, estamos dando realmente um nó na CBF.”

Vai ficar longa a postagem de hoje, mas não quero perder também o que disse o advogado e jornalista, Marcelo Moreno, acerca do nosso futuro estádio.

“Prezado Eduardo,

Sou, além de seu amigo e admirador, leitor diário do Canto do Galo. E, sabendo da enorme repercussão do blog, dele vou me utilizar para expressar minha profunda decepção com uma entrevista de um conselheiro do Clube contra a construção do nosso Estádio, divulgada na Rádio Itatiaia. Fiquei tão indignado com estas declarações que esperei algumas semanas para fazer este contraponto, pois a ira não é uma boa conselheira. Diante dos fatos gostaria de lembrar à Torcida Atleticana que:

 1- Em primeiro lugar, este cidadão foi a segunda pessoa que ouvi se manifestar contra esse projeto que colocará o Atlético entre os grandes clubes de futebol do mundo. A outra pessoa que ouvi falar contra esta obra foi o presidente do rival em entrevista divulgada em 23 de dezembro de 2016 e que é de domínio público. Sintomático, não?;

 2 – Esse conselheiro integrou a Diretoria do Paulo Cury, foi vice-presidente, uma das piores da história do Atlético, quando se deu início ao processo suicida de não se pagar os débitos tributários do Galo, deixando dívidas que até hoje estão sendo quitadas. Fiquei espantado em ver, no momento em que estamos em nossa melhor fase política, administrativa, financeira e esportiva em muitos e muitos anos, surgirem os fantasmas do passado político do Atlético, que quase nos conduziram à ruína;

 3 – Disse que não vai gerar renda para o Clube. Que absurdo uma declaração destas. Vejam o quanto o Palmeiras tem arrecadado com seu estádio. Vejam como o Atlético Paranaense mudou de patamar no futebol brasileiro com a sua Arena da Baixada. Não comparem nosso projeto com a construção estádio do Corinthians, pois são públicos e notórios os fatos que geraram esta dívida monstruosa para o co-irmão paulista;

 4 – Disse que o Mineirão é a casa do Atlético. Outra barbaridade. Hoje, o Atlético não tem casa, mora de aluguel e ainda tem de tolerar as bravatas da diretoria do clube que recebeu, de graça, o Independência reformado com dinheiro público. As obras de reforma do Mineirão consumiram mais de R$ 660 milhões de reais, enquanto o Grêmio gastou pouco mais de R$ 350 milhões para construir um estádio novo para 60.000 pessoas. Como é possível alguém imaginar que, com estes custos, que são embutidos na operação do estádio, jogar no Mineirão seria bom? A concorrência que viabilizou a reforma do Mineirão possibilitou à Minas Arena ganhar de qualquer maneira com a operação do estádio, uma vez que, se não tiver lucro com a operação do Mineirão, o Governo do Estado cobre o prejuízo. Isso é público, está no Edital. Inclusive, foi tema de alerta do Alexandre Kalil quando de sua publicação. Ou seja, se voltasse para o Mineirão, o Galo teria de disputar datas com o rival e com os shows que lá são realizados. Não podemos explorar nossa marca no Mineirão e nem temos renda referentes a shows e outros eventos que a Arena Multiuso proporcionará ao Atlético. O Mineirão é tão bom que o rival fez lá um contrato de 25 anos e já tenta de todas as maneiras rescindi-lo na Justiça, pois viu o quanto é ruim e dispendioso este acordo. Quem vive de passado, é museu;

 5 – Risível o argumento deste senhor de que o terreno fica longe. Longe de onde, cara-pálida ? Só se for da casa dele. Neste aspecto é importante destacar que o Estádio do Atlético foi concebido para trazer de volta o público de menor poder aquisitivo, por isso está em uma excelente localização, com três ótimas vias de acesso: Via Expressa, Anel Rodoviário e a BR 040. Ao lado de duas estações de metrô. Terá estacionamento para 3 mil carros. Ou seja, vai proporcionar transporte e acesso para públicos de todos os níveis sócio-econômicos que fazem da torcida do Atlético uma das mais admiradas do Brasil. Vai permitir, ainda, que a imensa torcida Atleticana que mora na Região Metropolitana de Belo Horizonte tenha acesso ao nosso estádio de forma rápida e segura;

 6 – Ridícula também a argumentação de que os clubes que tem estádio próprio passam por dificuldades financeiras em função de terem suas próprias casas, com exceção dos projetos mal concebidos como o já citado. Muito pelo contrário. Ainda nos anos 1920, o Vasco da Gama, com o apoio da grande colônia portuguesa do Rio de Janeiro, construiu São Januário. Nos anos 1940 foi a vez do Palmeiras e seu Parque Antártica. Nos anos 1960 foi  a vez do tricolor paulista e dos gaúchos Grêmio e Internacional. Muitos destes estádios foram reconstruídos ou reformados, mas quem sempre teve estádio próprio nunca abriu mão deste privilégio. Hoje, dos grande 12 grandes clubes de futebol do Brasil, apenas os mineiros e Flamengo e Fluminense não têm estádios próprios, uma vez que o Botafogo tem o direito de explorar o Engenhão por muitos anos. Importante ressaltar que ontem, exatamente, Flamengo e Fluminense anunciaram que vão construir seus próprios estádios. Portanto, os grandes clubes do Brasil, em algum momento de suas histórias, reuniram seus grandes líderes, empresários de sucesso e o povo que os ama para marcar suas respectivas histórias e se consolidarem como instituições gigantes. Eu, dentro das minhas modestíssimas possibilidades, farei o que estiver ao meu alcance para ajudar na viabilização deste sonho. Vou comprar uma cadeira cativa no primeiro dia em que estivar à venda e vou adquirir uma casa e me mudarei para a região da Arena Multiuso tão logo as obras comecem. Dedicarei, a cada dia da minha vida, um tempo para ver como posso, humildemente, contribuir para o sucesso deste empreendimento, que vai gerar centenas de empregos durante as obras e posteriormente com a operação do estádio, além de ser uma ótima alternativa para a realização de shows e outros eventos e que se transformará em importante área de lazer para a comunidade do entorno;

 7 – Enfatizo ainda que o Mineirão foi construído por um dos artífices do golpe militar de 1964, o então Governador Magalhães Pinto, e esse paternalismo do Estado com os clubes, que sempre ficaram à mercê dos governos, lembram-se da ADEMG ?, fez com perdêssemos o bonde da história, que só voltamos a pegar em 2012.

 8 – Igreja tem templo, universidade tem campus, escola de samba tem quadra e clube de futebol tem de ter estádio próprio. Simples assim.

 9 – Destaco ainda que o projeto do estádio do Atlético prevê média de público de 35 mil pessoas, pois serão construídos setores populares com preços acessíveis, trazendo de volta o povão que foi afastado pelos preços exorbitantes exigidos pelas operações caríssimas destes estádios padrão FIFA;

 10 – Te confesso, Eduardo, que já esperava que os inimigos do Atlético fossem se unir para atuar de forma intensa para tentar impedir que esta obra importantíssima para nosso futuro se torne realidade, pois sabem que será impossível competir com o Atlético depois que tivermos nosso estádio, mas, sinceramente, não achava que a sabotagem seria iniciada por quem quem se diz atleticano;

 11 – Por falar nisso, este mesmo senhor falou nesta entrevista sobre a dívida do Atlético. Meu Deus do céu: o Atlético pagou todas suas dívidas trabalhistas, renegociou seus débitos tributários e está com o Profut pago até 2022. Os salários estão em dia. Temos um dos melhores centros de treinamento do mundo, fomos campões da Libertadores, da Copa do Brasil, recuperamos a hegemonia do futebol mineiro e o respeito em todo o Brasil. Não está bom? Está com saudades do passado? Acabou-se o tempo em que éramos motivo de chacota, que notícias sobre penhoras e cobranças faziam parte do nosso cotidiano. Esse tempo ficou para trás, graças a Deus;

12 – Esclareço que esta indignação com as mencionadas declarações não é só minha e eu, na qualidade de jornalista e advogado, e outros companheiros atleticanos, iremos questionar junto ao Conselho Deliberativo se não haverá punição para quem utilizou-se de uma das rádios mais importantes do Brasil, sempre com repercussão nacional, para manchar a imagem do Atlético. Faço estas críticas de forma direta, sem me esconder no anonimato da internet. Nunca tive Orkut, nem Instagram, nem Facebook e nem Linkedin, pois acho que o anonimato destas redes antissociais leva as pessoas a falar asneiras e cometer injustiças. Por isso, quando me referi aos outros clubes neste post, o fiz com o devido respeito, inclusive ao co-irmão de BH. Respeito é bom e todo mundo gosta. Nada tenho pessoalmente contra este conselheiro, mas não poderia deixar de demonstrar que os argumentos por ele utilizados são fraquíssimos e não resistem a uma análise mais detalhada. Por esta razão, assino ao final do texto. Mas não poderia esconder que fiquei indignado com estas declarações, pois foi um trabalho de muitos anos para que o Galo voltasse ao patamar esportivo, financeiro e institucional em que nos encontramos hoje e não é possível que alguém do Conselho possa fazer este tipo de declaração, especialmente sobre a dívida, que já está equacionada e sendo paga. Ter opinião contra o nosso estádio é direito de qualquer um, mas macular a imagem do Clube, não. Vamos cobrar do Conselho Deliberativo uma posição sobre isso.

13 – Finalmente, mas não menos importante, gostaria de fazer aqui um agradecimento e uma homenagem aos grandes Atleticanos que contribuíram e ainda contribuem para que o Galo voltasse a ser o Gigante de sempre: Elias Kalil, eterno presidente; Valmir Pereira, um lutador; Afonso Paulino, que teve a visão de fazer uma parceria para construir o Diamond Mall quando recuperamos o terreno do estádio Antônio Carlos; Ricardo Guimarães, que se dispôs a utilizar sua fortuna para impedir que o pior acontecesse; Alexandre Kalil, mito; Rubens Menin, um atleticano do qual a torcida nunca vai se esquecer e a quem seremos eternamente gratos; Daniel Nepomuceno, jovem e valente dirigente, que tem seus erros, como todos nós temos, mas que está conduzindo o Atlético para o caminho da Glória e da independência financeira. À torcida Atleticana, além de desculpas pelo texto imenso, peço que fique atenta. Agora vão aparecer os pescadores de águas turvas, os defensores de interesses inconfessáveis e os oportunistas. A estes sabotadores, fica o aviso: o novo sempre vem!”.