“O futebol, por si só, não é machista. A sociedade é. Mas o esporte bretão é parte dela e, portanto, reflete as suas mazelas, dentre as quais, a discriminação de gênero. Inclusive pela predominância masculina em todos os seus espaços: dentro de campo, nas arquibancadas, na cobertura jornalística, nas direções dos clubes e federações etc. Falar sobre a mulher no futebol é, além de um grande desafio, algo necessário diante do crescimento da participação feminina no esporte.” Penélope Toledo
A paulista Penélope, que é corintiana e mora no Rio de Janeiro, ativista e combativa, admirada entre seus milhares de seguidores, decretou em sua página no Facebook, no último dia 12 de maio, que “lugar de mulher é nas arquibancadas, sim!”. A postagem é uma reprodução de seu próprio artigo publicado na véspera no Portal Vermelho.
Valho-me dela para fazer uma breve divagação sobre a presença da mulher na vida do Clube Atlético Mineiro. Cito, como exemplo, Alice Neves, Lúcia Helena Guimarães Borges e Adriana Branco (alguns a chamam de Adriana Branco e Preto). A presença da mulher na vida do Galo foi e continua sendo fundamental às nossas conquistas. Dizem que “atrás de um grande homem existe sempre uma grande mulher”, mas prefiro trocar o “atrás” por “ao lado”.
Todo Atleticano já ouviu falar de dona Alice Neves e reconhece sua importância e determinação na fundação do clube, em 25 de março de 1908. Mãe de um daqueles meninos, Mário Neves, ela faz parte da nossa rica história. Além da confecção dos primeiros uniformes, desde camisas até calções, dona Alice foi responsável pela criação da primeira torcida organizada feminina do Galo.
Proprietária de uma pensão que abrigava estudantes, naquele início de século, ela ainda se ocupava em ir de porta em porta pedindo permissão aos pais para que suas filhas integrassem o grupo de mulheres torcedoras. Muitas delas irmãs dos próprios fundadores e até jogadores do recém-criado Clube Atlético Mineiro. Dona Alice é uma personagem forte na história do Galo.
Tempos depois, já nos anos 70, ainda com o futebol predominantemente machista, foi a vez da relações públicas Lúcia Helena Guimarães Borges colocar a mão feminina em nossa vida Atleticana. Naquela ocasião, sob sua orientação, sempre que o Galo viajava para alguma partida, era distribuído amplo material de divulgação das nossas cores. Desde réguas, lápis, canetas, chaveiros e outros tantos souvenirs que eram disputados pela garotada no interior de Minas Gerais. Tempos depois tive a felicidade de dividir banco acadêmico com Lúcia Helena na Faculdade de Direito Milton Campos.
Agora, no Galo contemporâneo, temos a presença forte de Adriana Branco. Todas as ações de marketing e de licenciamento de produtos passam pela sua “batuta”. Foi com ela que o combate à pirataria obteve relativo sucesso. É quase impossível acabar de vez com essa prática, que causa prejuízo aos cofres do clube. Cabe a nós Torcedores não comprar produto pirata.
Mas, de volta a Adriana, combatida por alguns, é importante ressaltar que a diretora coloca o interesse do clube acima de qualquer coisa. Está no Galo há anos, sendo que, na era Kalil, foi sustentáculo do presidente em muitas decisões que colocaram o Atlético definitivamente na rota dos grandes clubes de futebol mundial.
Lamentavelmente, o machismo que afeta muitos setores da vida econômica, social e política do país, ainda margeia algumas iniciativas também no Galo. Querem um exemplo? No livro sobre a defesa da penalidade Victor/Riascos, lançado recentemente e do qual sou autor de uma das crônicas, entre dezenas de textos apenas dois foram escritos por mulheres.
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Dia, Eduardo.
Inteligente que é, você não poderia deixar de tocar nesse assunto. Mulheres do Galo. Em nossa heterogênea torcida, conhecida desde sempre como uma torcida de Massa em sua essência, presenciamos uma forte presença feminina. E que sorte a nossa. Acompanham o Galo em todas as circunstâncias, tem muito conhecimento e são as melhores em expressar a paixão Atleticana seja em textos, nas ruas ou arquibancadas. É necessário dar voz, respeito e liberdade as nossas eternas companheiras de jornada, se hoje somos um clube respeitado nacionalmente e internacionalmente, uma grande parcela desse êxito temos que dedicar as Mulheres.
Um Abraço a todas Atleticanas espalhadas mundo afora.
Saudações.
Para mim que tenho três mulheres formidáveis e bem resolvidas em minha vida ,o machismo não serve para nada . É apenas o sinônimo de opressão e desrespeito, e quem oprime e desrespeita é mau caráter . Mulheres não são objetos e a sociedade não tem poderes ou moral para ditar nada . O que importa é assumir a existência do machismo presente na sociedade que oprime mulheres e homens . Dudu mandaste bem na letra,Aqui não é só GALO ,é de tudo um pouco , parabéns ! SAN
Há muito ainda o que mudar quanto a isso, mas não desanimaremos! E ainda acreditamos que o espaço a de existir graças a homens que não se sintam intimidados e que estejam dispostos a dividir este espaço com colegas mulheres.
Excelente texto Eduardo! Tema extremamente pertinente. Parabéns pela iniciativa.