E essa vontade de comemorar que não passa? Pelo contrário, ela só tem aumentado desde o dia 2 de dezembro. De vez em quando, me pego gritando Galo sem mais nem menos e tenho certeza de que muita gente que me escuta aqui em São Paulo, onde moro, já pôs minha sanidade mental em xeque. Não ligo. Não tenho satisfação a dar para quem não compartilha da minha alegria e sigo feliz com minha festa!
Às vezes me falta assunto para prosseguir falando sobre o Galo. O que falar além de tudo que já foi dito a respeito da conquista do Brasileirão? Há muito pouco por dizer. Creio que tudo que havia para ser dito já foi contado, recontado e comemorado! Mesmo assim, ainda temos muito para falar a respeito do que esse time tem feito para encher a Massa de alegria.
A temporada de 2021 tem sido magnífica e tem tudo para ser fechada amanhã com a conquista da Copa do Brasil. Depois da goleada por 4 a 0 sobre o paranaense, no domingo, só uma tragédia descomunal para tirar o título do Galo. A festa continuará e este momento de glória permanecerá em nossa memória por muito tempo. O que estamos comemorando não é o fim de um ciclo de jejum que, no caso do Brasileirão, já durava 50 anos. Os que estamos festejando é o início de uma nova era.
As conquistas me alegram, claro, mas posso dizer que não me surpreendem. Nem nos momentos mais difíceis deixei de acreditar do Galo — e posso provar o que estou dizendo. No final de Raça e Amor, o livro sobre o Galo que lancei em 2003, escrevi algumas frases que meu amigo Jorge Machado Guimarães considera proféticas mas que, na verdade, são apenas a expressão de minha fé alvinegra. “Ouviremos o hino composto por Vicente Motta ser entoado cada vez mais alto nas arquibancadas. Seremos muitas vezes campeões brasileiros, conquistaremos a América e o mundo. Quem duvida disso, logo estará chorando.”
Está lá. Quem tem o livro, basta olhar para se certificar de que eu digo a verdade. “Da nossa parte, cantaremos, para quem não acreditou em nós, os versos que tantas vezes embalaram as vitórias de nosso time imortal:
Vou festejar, vou festejar
O seu sofrer, o seu penar.
Está tudo lá. Registrado. Preto sobre o branco, na combinação cromática mais perfeita que a humanidade já foi capaz de produzir. Vamos festejar — ainda mais agora que mais uma conquista maiúscula está por vir. Se o bicampeonato da Copa do Brasil for confirmado, como tudo indica que será, voltaremos às ruas com satisfação e daremos sequência a uma festa mais do que merecida.
E sem pretender que minhas palavras sejam tomadas como mais um vaticínio, ouso repetir o que disse há pouco: o que o que menos interessa nessa festa é o longo período que ficamos sem levantar a taça do brasileiro. Isso se foi! Já era! Acabou!
O que estamos festejando, nessas explosões de alegria que não pararam desde o dia 2 de dezembro, não é o fim de 50 anos em que o caneco nos foi negado — às vezes por nossas próprias falhas, outras pelo azar e muitas pelas tramoias de que fomos vítimas. O que estamos comemorando é o que está por vir — e o que está por vir, convenhamos, promete transformar em rotina as queimas de fogos, o barulho da charanga e as aglomerações em frente ao número 1516 da Avenida Olegário Maciel.
Festejar é muito bom e terminar o ano rindo à toa, convenhamos, é uma situação que não chega a ser inédita para nós, mas há muito tempo não era vivida em sua plenitude. Estar aqui para viver este momento é algo tão sublime que parece não existir entre nós alguém que não deseje compartilhá-lo com alguém que não pode estar aqui para viver este momento.
Não conheço um Atleticano, nesta hora de alegria, que não tenha rendido um tributo a alguém que merecia ter visto o título, mas que partiu antes de ver a taça erguida por Réver, Alonso e pelo grande Belmiro! Minha lista é extensa. Inclui Roberto Drummond, Leandro Simões, Emerson Félix e muita gente. Mas, no nome de dois grandes Atleticanos vou homenagear a todos os que, em outros dezembros alvinegros, tiveram a alegria de festejar a glória deste time imortal.
O primeiro é meu pai, Serafim Mozart Fernandes. Ele é o grande responsável por fazer de meus irmãos e de mim os atleticanos que nos tornamos. Torcedor apaixonado, que muito antes de ver o time em campo pela primeira vez se encantou pelo Galo pela leitura dos jornais que chegavam com dias de atraso à fazenda em que ele foi criado, no município de Curvelo, ele nos embarcou em seu Aero Willys no dia 19 de dezembro de 1971. E nos levou pelas ruas de Belo Horizonte para comemorar a conquista do primeiro Campeonato Brasileiro.
Me lembro como se fosse hoje, da expressão leve e feliz que ele manteve durante todo aquele passeio. Com o carro repleto de crianças, ele seguiu pela Rua Espírito Santo até a praça da Estação e, com a bandeira alvinegra desfraldada na janela, nos levou pela avenida Antônio Carlos até a barragem da Pampulha — de onde vimos o pouso do avião com os campeões brasileiros. Por onde passávamos, nossa bandeira era saudada com entusiasmo pela multidão alvinegra que estava nas ruas pelo mesmo motivo que nós: festejar, festejar e festejar. Foi essa a primeira imagem que me veio à cabeça durante as festas deste ano.
Outro que preciso mencionar neste dezembro é Luiz Valadares Guerra. Levado pelo grande José Gomes Ribeiro, o lendário Sempre (outro de quem me lembrei), Luizinho era criança quando esteve na Avenida Afonso Pena no dia 18 de dezembro de 1950 para receber os Campeões do Gelo. Naquele momento como hoje, Belo Horizonte parou para festejar as vitórias conquistadas sob temperaturas abaixo de zero nos gramados cobertos de gelo dos estádios europeus.
Muito atuante nos bastidores do clube, principalmente na gestão de seu amigo Walmir Pereira, nos anos 1970, Luizinho cresceu nas imediações do velho estádio Antônio Carlos e consolidou sua convicção Atleticana assistindo treinos e jogos do time que tinha Kafunga, Murilo e Ramos, Mexicano, Monte e Silva… Luizinho nos deixou no meio deste ano, em junho, e não pôde testemunhar este momento de glória.
Pessoas como ele, como meu pai e como tantos outros que nos deixaram sem testemunhar este momento de alegria certamente merecem ser lembradas em nossas festas. De qualquer forma, volto à minha certeza de que neste dezembro, não estamos comemorando o fim de um longo período de trevas e injustiças — mas o início de uma era iluminada em que o preto e o branco que manterá o Galo como o orgulho do esporte nacional, que honrará o nome de Minas no cenário esportivo mundial.
Da minha parte, confesso, estou passando por um momento de adaptação a esses novos tempos. Todos os anos, de 1972 até a temporada passada, quando os campeonatos iam chegando ao fim, eu sempre reservava, entre meus desejos para o ano novo, um espaço para pedir que algo acontecesse no clube para que houvesse mudanças capazes de nos proporcionar as alegrias que vinham sendo negadas uma atrás da outra.
Quando estive em Israel e escrevi meu bilhete para colocar no Muro das Lamentações, inclui na minha lista o pedido de ver o Galo campeão. Agora, quero que tudo continue como está — e, caso haja necessidade de alguma mudança, que ela não seja para começar tudo de novo, mas para fazer ajustes numa estrutura vitoriosa.
O resultado da nossa fé e do trabalho incansável da turma que tem cuidado do futebol Atleticano está aí. A praça é da Massa, como o terreiro é do Galo! O que está sendo visto este ano parece ser apenas o início de uma festa promete ser mais longa do que o Carnaval em Salvador: não tem dia nem hora para acabar. Sim. Temos uma avenida aberta à nossa frente e cada movimento feito pelo clube parece indicar o compromisso com a manutenção de times competitivos e vencedores. Cuca, parece sossegado no comando, e isso dá a certa tranquilidade de que teremos a continuidade do trabalho iniciado este ano.
Muitas vezes, um elenco que parecia ter tudo para dar alegrias à Massa na temporada seguinte, se desmilinguia ao final da temporada e tudo tinha que começar do zero no ano seguinte. Na reta final do campeonato de 1999, por exemplo, um dos destaques do time que quase deu ao Galo o título daquele ano era a dupla de zaga formada por Cláudio Caçapa e pelo argentino Galván. Eram seguros, firmes e leais.
Caçapa entrou em todos os jogos a partir do primeiro jogo das quartas de final, contra a equipe vaidosa que uma vez existiu no Barro Preto, pendurado com dois cartões amarelos — e não levou o terceiro nos jogos seguintes. Galván demonstrava uma técnica defensiva vigorosa: impunha respeito, mas nunca visava o adversário. Sempre a bola. Se mostrava tão identificado com o clube que mandou tatuar um Galo em seu braço direito.
Assim que a temporada de 1999 chegou ao fim, a Massa já desconfiava que aquela dupla eficiente não resistiria ao assédio de clubes rivais no ano seguinte: e que o Galo teria que ir atrás de substitutos à altura dos dois. O clube precisava desesperadamente de dinheiro — e Caçapa, supervalorizado no mercado, sairia assim que o clube recebesse uma boa proposta por ele (o que só aconteceu no final de 2000). Galván, por sua vez, não resistiu a uma boa proposta financeira e a promessa de salários em dia e quando a temporada de 2000 começou já o encontrou, com tatuagem e tudo, na zaga do Santos Futebol Clube.
O que eu quero dizer com isso? Ora, apenas mostrar que os tempos são outros. Para cada jogador que demonstra a intenção de ir embora, há dez iguais ou melhores querendo jogar no Galo. Isso não é obra do acaso. O Atlético está se consolidando como uma potência esportiva porque, antes disso, decidiu construir um alicerce sólido e em condições de suportar, dentro de muitos poucos anos, um clube autossustentável e em condições de se firmar entre os que sempre disputam títulos de primeira grandeza. Se alguém, portanto, ainda tem dúvida de que a festa está apenas no começo, paciência. Belo Horizonte, cada vez mais alvinegra, vive a alvorada de uma nova paixão e se prepara para outros dezembros de festa!!!!
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Boa noite!
É meus amigos....
Novos Tempos, Vida Nova e Revigorada!
O Atlético sobreviveu a tão longa, tenebrosa e perigosa noite!
Voltaram a brilhar os revigorantes raios de Luz da Aurora resplandecente!
"Aquilo que não me mata, me fortalece..."
Campeão Atlético Mineiro!!
Saudações Atleticanas
Espero que a tal urbanista que teve o atrevimento de tirar sarro com o Galo, funcionária da prefeitura, seja severamente punida. Lixo!!!
O ex presidente do Galo, Alexandre Kalil, será sempre bem lembrado. Quanto ao prefeito atual de BH, que por dor de cotovelo, está fazendo de tudo pra atrapalhar a vida do Galo e que por causa disso encareceu sobremaneira a nossa Arena, não pode de forma alguma, ser esquecido nas próximas eleições. Sujeitinho medíocre!!!
Boa noite!
As próximas gerações de jovens atletas, em vez de sonhar com clubes da Europa, vão querer fazer história no Galão da Massa!
BOA TARDE A TODOS.
REALMENTE , ESSA CAMISA DE 70 / 71 É LINDA. É A VERDADEIRA CAMISA ALVINEGRA .
HOJE AS CAMISAS E AS BANDEIRAS QUE VEMOS NOS ESTÁDIOS , SÃO VERDADEIROS ABADÁS.
AS BANDEIRAS ENTÃO , DESSAS TORCIDAS ORGANIZADAS SÃO HORROROSAS , UNS ABADÁS AMBULANTES.
Amanhã será um lindo dia da mais pura alegria que se possa imaginar...
BH vive uma nova era. Os novos tempos chegaram, os próximos anos tendem a ser auspiciosos.
Notícias sobre o planejamento para 22 mostram que não há mais espaço para amadores, o patamar do Galo é outro. Se um bom jogador sai, outro melhor chega. E principalmente, quem chegar agora, entenderá o que significa jogar no Galo e o que isso representa. Temos a certeza que Rodrigo Caetano já está pensando o ano que vem, saídas e reforços. Chegar no topo é difícil, ,mas complicado mesmo é se manter lá... VAMOS GALO, A TORCIDA SEMPRE ESTARÁ TE APOIANDO.
Bom dia a todos!
Eu quero é TAÇA e comemorar mais um CAMpeonato.
Vamos GAAALOO!!!!!!
bom dia Eduardo e massa e Ricardo Galuppo. simplesmente estamos vivendo um ano épico. estamos com quase outra taça importante mas muito cuidado porque o jogo de volta vá ser uma guerra no sul. a galo chega domingo mas não chega quarta-feira haja emoção e coração. a galo que sonhos que estamos vivendo. vai galooooooooooo.
Bom dia, Eduardo, Ricardo Galuppo, atleticanas e atleticanos.
Obrigado pelo excelente texto, RICARDO GALUPPO. Pena que no ano que vem não teremos comemorações em dezembro. Vamos antecipá-las por causa da copa do mundo, comemorando na nossa praça os títulos que virão mais cedo. A massa não deixará de ser feliz e cantante, vibrando sem cessar com esse time cada vez mais efetivo e vitorioso. Outros dezembros virão e a festa não pode parar.
Amanhã comemoraremos mais um título nacional ocupando a nossa praça e outros locais onde tradicionalmente a massa atleticana se reúne, festeja e exorciza os males passados. Sim, esse será mais um dezembro glorioso em nossas vidas.
O GALO ESTÁ VIVO E ATIVO EM BH E NO RESTO DO MUNDO, FAZENDO A MASSA FELIZ E TRANSFORMANDO DEZEMBRO NO MÊS DAS NOSSAS COMEMORAÇÕES.
Essa camisa da década de 1970, muito até por sua encantadora simplicidade, era maravilhosa! Muito diferente desses "abadás" horrorosos que se tornaram os nossos mantos. Com a chegada de outra fornecedora de uniformes espero que a DIRETORIA tenha a sensibilidade de disponibilizar uma camisa sem as logomarcas dos patrocinadores para quem quiser apenas desfilar, com orgulho, o seu amor pelo time.
Disse tudo Teobaldo.
Pagar R$300,00 em uma camisa para sair fazendo o papel de um outdoor ambulante é muita sacanagem, não que eu não faça com orgulho, mas seria muito melhor se tivesse somente o Escudo do Galo e a logo da fornecedora.