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O tempo que o tempo não tem

 

Por Max Pereira

@Pretono46871088

@MaxGuaramax2012

 

Não é novidade par ninguém que o calendário brasileiro de há muito tem sido perverso para os clubes tupiniquins. Com o advento da pandemia e com o aumento do número de vagas para clubes brasileiros nos torneios continentais patrocinados pela CONMEBOL de uns anos para cá, o calendário brasileiro tornou-se um martírio, algo bastante cruel principalmente para aquelas equipes que logram conquistar o direito de participar, seja da Libertadores, seja da Copa Sul-americana.

O mérito é punido. Disputar três competições simultaneamente, jogando nas terças, quartas, quintas, sábados e domingos e às vezes também nas segundas e sextas-feiras, entre viagens de longa duração e de logística complexa e pesada, intercaladas entre as partidas, como fazem vários clubes, entre eles o Atlético, faz da missão de treinadores e jogadores uma epopeia maluca e desgastante.

Aqui é forçoso lembrar que o Brasil é um país continental onde ao mesmo tempo em que neva no sul, um calor tórrido inunda algumas regiões de seu território, enquanto outras são alagadas por fortes temporais. Não raro uma delegação de futebol se vê obrigada a viajar do Centro Sul para Nordeste e de lá diretamente para Porto Alegre para cumprir compromissos de competições diferentes e, em seguida, já embarca para o exterior porque tem jogo na altitude por uma das copas continentais. Tudo isso em menos de um semana.

Quem não tiver um elenco capacitado para enfrentar esta maratona certamente não obterá nem os resultados esportivos almejados e, claro, tampouco as receitas financeiras decorrentes, seja aquelas provenientes das ambicionadas premiações, seja as resultantes de novos patrocínios e da sua própria performance na distribuição das cotas televisas, que para todos os clubes brasileiros sem exceção, cada vez mais mal geridos e imersos em dividas infindáveis e crescentes, são sempre a salvação da lavoura.

Não sem razão, o Turco em todas as entrevistas que concedeu até o seu time mergulhar nessa zona cinzenta de atuações que não inspiram confiança e nem encantam, defendeu a importância de ter à sua disposição um elenco “largo” que, em bom espanhol, significa um grupo prenhe em quantidade e em opções de qualidade.

O “virar a chave” de uma competição para outra nunca é algo simples e banal como imagina a vã filosofia de um torcedor apaixonado. Enquanto o campeonato brasileiro é uma competição de tiro longo que exige elenco, regularidade, trabalho de longo prazo e permite administrar e recuperar pontos perdidos, as competições de mata-mata exigem dos treinadores e elencos estratégias específicas e, quase sempre, não possibilitam “correr atrás do prejuízo”.

Não à toa, vez ou outra, clubes de menor tradição, de camisa menos pesada e de menor potencial técnico surpreendem, superam e eliminam times de maior qualidade e considerados favoritos. Criciúma, Brasiliense e o hoje famoso Afogados, por exemplo, marcaram para sempre a história alvinegra com insucessos que jamais serão esquecidos.

Não sem razão, portanto, foram as críticas feitas ao comando atleticano em relação às saídas que se verificaram no meio desse primeiro semestre de 2022 recém-findo. Faltou a quem comanda o clube o censo de oportunidade e a percepção de que aquelas saídas em razão do momento que se deram trariam prejuízos inevitáveis ao trabalho do Turco, porquanto, sem peças de reposição e com um elenco reduzido o rodízio e o planejamento da comissão técnica estariam séria e irreparavelmente comprometidos. Falo, claro, das saídas de Savarino, Dylan Borrero e Tchê Tchê que, cá entre nós, estão fazendo muita falta.

Ah! Mas, não é verdade que o empréstimo de Tchê Tchê havia chegado ao fim e a relação custo benefício para aquisição de seus direitos econômicos em definitivo não justificava o investimento, já que o Atlético havia contratado Otávio que, segundo reza a lenda, exerce as mesmas funções? Acontece que o erro maior foi ter fixado para término do empréstimo do jogador uma data absolutamente imprópria.

As recentes lesões e as queda de rendimento de vários jogadores são, dentre outras causas possíveis, também subproduto do desgaste físico e emocional que a maratona a qual eles estão sendo submetidos vem provocando. E quais seriam estas outras coisas que estariam afetando negativamente o desempenho do time?

No artigo “COISAS DE VESTIÁRIO” (https://falagalo.com.br/coluna-preto-no-branco-coisas-de-vestiario/), publicado nesta última quinta-feira, dia 30 de junho, em minha coluna PRETO NO BRANCO no Fala Galo, escrevi, dentre outras coisas, que “o vestiário dos clubes de futebol tornou-se um local fundamental para a sedimentação do espírito de grupo e do cultivo da cumplicidade entre os seus membros. Assim, a palavra vestiário no futebol adquiriu um significado muito maior. Tornou-se sinônimo de grupo, de ambiente”.

E concluí, por fim, que “é preciso que quem comanda o futebol e o próprio clube no todo, percebam que existem coisas de vestiário que precisam ser identificadas e trabalhadas, eliminando aquelas que estariam comprometendo o rendimento da equipe. Enfim, existem coisas e “coisas” de vestiário. Existem “coisas” que o Atlético tem que identificar e solucionar”.

Não preciso dizer que isto vale também para a administração do tempo que o futebol de hoje não tem. Os jogadores que estão chegando vão precisar de um tempo que talvez não terão para se adaptarem e entrarem em forma. E, se novas saídas acontecerem nessa janela que está por se iniciar, aí mesmo que tempo para se organizar e fazer qualquer trabalho fluir e dar frutos será apenas uma peça de ficção. Planejamento e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

Blogueiro

View Comments

  • Não sou favorável a trocar de técnico. Exceto se o desempenho cair a ponto de não ganhar nada e perder posições no Brasileiro gradativamente. Não acho que Cuca é ruim ou merecedor dos adjetivos desqualificadores que são postos aqui. Gratidão é uma rara virtude e, como atleticanos verdadeiros, seremos eternamente gratos ao CUCA pelo único título da Libertadores (por enquanto), o segundo brasileiro (sonhado pela geração de sonhadores antes da minha) e a segunda Copa do Brasil (normal, para quem tem veia de campeão - a segunda das muitas que virão). Vivemos a Era dos Chatos. Todo mundo reclama. Ninguém é original, ninguém fala nada de novo. Só muro das lamentações. Até o sobrinho do meu vizinho de 6 anos entrou nessa. Disse na festa junina: "Ô.tio,.quando.que.esses.caras.chatos.do.exército.vão.parar.de.aparecer.na.televisão?" Moral da história: "quando o sujeito repete demais o mesmo assunto, ninguém mais presta atenção nele e ele passa como chato". Isso se aplica, é óbvio, não à política, que é uma coisa medíocre, mas à ladainha da imprensa de corneta sobre o Galo. Nem ouço mais esses caras.

  • ÂNGELO , DOMINGOS , EVANDRO , JORGE19 , LEONARDO MELLO .....

    Ótima resenha nesses últimos comentários .

    Senti um sopro de liberdade a nos livrar das linhas altas e baixas , das ações com bola no último terço do campo , do jogador "interessante" , dessa porcariada com que "atacam" nossos ouvidos nos dias de hoje .

    Muito boa a prosa !

  • DOMINGOS SÁVIO ,

    quem tem bola chega chegando : RUBENS !!!

    Até o seu aproveitamento no "profissa" ninguém havia falado nada dele , ao contrário do SAVIM SÓ TEM 17 ANOS .

  • Com todas estas situações que envolvem um grande clube (o nosso CAM é um deles) que participa de várias competições, jogos a cada 3/4 dias, jogadores e outros vivem mais dentro do CT que em casa, viagens em vôo fretado, hotéis de luxo, comida da melhor qualidade etc, concordo que tudo isso é muito desgastante mas mesmo assim, eu tenho certeza absoluta que nenhum destes jogadores, comissão técnica e os membros executivos do clube que vivem o dia a dia lá dentro, não reclamam de nada, podem até usar isso como desculpas por resultados ruins e tal mas ser jogador ou dirigente remunerado de um grande clube deve ser maravilhoso, a começar dos salários açima de 5/6 e até 7 dígitos e sempre em dia, quem não quer???

  • Torcida do GALÃO tem que soltar muito foguete, conseguimos ficar livre de uma bucha sem tamanho. Esse tal de Savinho só não é pior que eu que estou quase com 65. Pra ficar melhor ainda falta arranjar um distraído pra levar o “toca para trás “ também conhecido como Allan!!

  • MUITO BOM DIA A TODOS.
    ESSE NEGÓCIO DE SAF JÁ ESTÁ COMEÇANDO A FAZER ÁGUA , PELO MENOS NO BOTAFOGO........
    OS BOTAFOGUENSES JÁ PERDERAM A PACIÊNCIA COM O TAL DE JOHN TEXTOR , DONO DO CLUBE......

    SEGUNDO ELES ESSE TEXTOR VIVE MENTINDO E ENGANANDO A TORCIDA COM PROMESSAS NUNCA CUMPRIDAS....... E O TIME CONTINUA CHEIO DE JOGADORES DE SÉRIE B...........
    ""ACHO QUE A DIRETORIA DO ATLÉTICO ESTÁ BOTANDO O CARRO NA FRENTE DOS BOIS"" , AO BOTAR O GALO À VENDA E SAIR OFERECENDO PARA UM E OUTRO. ATÉ UMA EMPRESA FOI CONTRATADA PARA ""VENDER"" O ATLÉTICO........
    SAF É UM NEGÓCIO QUE NÃO ESTÁ CONSOLIDADO , TEM MAIS DÚVIDAS DO QUE QUE CERTEZA. PRÁ QUE PRECIPITAR ??????
    VAMOS AGUARDAR PARA ONDE VÃO CAMINHAR PALMEIRAS , FLAMENGO , SÃO PAULO E OUTROS GRANDES CLUBES , DO NÍVEL DO GALO.
    NÃO É HORA DE ENTRAR NESSA INCERTA AVENTURA.
    DEPOIS NÃO HÁ LUGAR PARA ARREPENDIMENTOS.

  • Chegada do Pedrinho teve música: acorda Pedrinho. Aguardando a chegada para do Pavon para ouvir a música Pavão Mysteriozo ( Ednardo )

  • Dando nome aos bois, pelas saidas inoportunas e erradas , onde se destaca Savaliso, verdadeiro absurdo. E a chegada de "repoisicoes " a "altura " do time : fabio gomes e gondim, este escolhido pelos olhos de lince duma tal CIGA , que devieria ser extinta sumariamente , pra nao causar mais dissabores e prejuizos. Dando nome aos bois , pelo nosso declinio , nao viagens de jatos e hoteis de luxo, : diretor de futebol, responsavel pelo futebol . O resto , blablablablablablablabla , etc e tal

  • Bom dia Massa e Guru

    Poupar ou não poupar "that´s the question".
    Nós torcedores queremos futebol convincente e mais que isto, queremos títulos, mas como fazer uma boa comida sem ingrediente?
    Por mais que El Turco mereça as críticas e cobranças, não podemos desconsiderar que ao contrário de Cuca, o elenco à sua disposição, até então, é muito inferior e falta-lhe opções.
    Nossa esperança é que com a chegada dos reforços recém contratados, este problema seja resolvido e aí sim não restará mais nenhuma desculpa para o técnico.
    Aliás, ontem numa jogada de marketing, o clube anunciou Pedrinho usando como tema a música "acorda Pedrinho", mas mais do que o reforço que chegou precisamos usar o tema para o técnico:
    "ACORDA EL TURCO"

  • Bom dia!!!

    No BR20 o título não veio pela falta de apenas três pontos. Naquela temporada o CAM foi derrotado por Vasco e Goiás, ambos rebaixados.

    No BR22, nove pontos foram jogados no ralo em jogos contra times que brigam na parte de baixo da tabela, como Goiás, Ceará, Coxa e América.

    Agora o vice-lanterna Juventude é a pedra no caminho do Galo. E de novo a pergunta:

    Poupar ou não?

    Claro que não, tirante obviamente aquele jogador que porventura estiver com CK alto ou disser que não está em boas condições de jogo…

    Gostei demais do Alonso ontem em entrevista que falou sobre isso. Para ele não tem que poupar e inclusive disse que quer jogar essa partida…

    A diferença para o líder Palmeiras é de cinco e poderia ter sido de dez de acordo com resultados que aconteceram na rodada passada. Qualquer vacilo e essa distância pode aumentar ao ponto de não mais dar para encostar no Porco e babau Brasileirão…

    Como bem lembrou o Eduardo, na temporada passada o Galo enfrentou o Porco pelas semifinais da Liberta e ninguém foi poupado em jogos paralelos (Sport em casa e o São Paulo no Morumbi)...

    Contra o Fortaleza, na rodada passada, o estranho foi o Atlético, além de titulares, poupar inclusive reservas. E não é que o Turco teve que voltar atrás e colocar em campo a cavalaria para salvar aquele jogo.

    Pois é, penso que não precisa poupar ninguém contra o Juventude no sábado para jogar na terça-feira contra o Emelec. Os dois jogos precisam de foco e força total.

    Ademais, é bom não esquecer que no Brasileirão todo jogo é uma final.

    Vamoooooo, Galooooooo!!!

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