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O que acontece com a nossa categoria de base?

Imagem: Bruno Cantini/Atlético

Entre os anos de 1970 e 1980, quando o Galo ainda – coincidentemente – estava entre seus 70 e 80 anos de existência, nos caracterizávamos como o maior celeiro de revelações do futebol brasileiro. A Copa São Paulo era o grande e único torneio da categoria de base, e o Galo conquistou os títulos de 1975 e 1976. Dirigido por Barbatana, posteriormente Dawson, naquela ocasião revelou dezenas de jogadores para os profissionais.

Decorrente dessa safra, o Galo dominou o cenário mineiro e nacional, tendo chegado em Minas ao hexacampeonato. No Brasileiro, sabemos como fomos derrotados pela malandragem em 1977 e 1980. Para ilustrar o que digo, no time da decisão de 1977, dirigido por Barbatana, entre os onze titulares, sete eram da base. Terminamos a competição com o vice-campeonato, somando dez pontos a mais que o time declarado campeão. No post de hoje, como o tema é a base, não vou entrar no mérito dos fatos daquela maracutaia.

Imagem: UAI/EM

Pois, como disse, nada menos que sete eram jogadores da base Atleticana, considerando que o centroavante foi Caio (que veio do Rio), cuja vaga era de Reinaldo. Vale dizer, oito titulares formados aqui no Galo. O Rei, diga-se, foi o artilheiro daquela competição, com 28 gols. O Galo jogou 21 vezes e ele esteve em campo em todas as partidas. Vencemos 17 jogos e empatamos quatro vezes, sem uma única derrota. Disputaram o Brasileiro 62 equipes.

E hoje, o que vemos? Entre os titulares da última partida, apenas a dupla de zagueiros, Gabriel e Bremer, é oriunda das divisões de base (considerando ainda que o segundo chegou ao Galo depois de passar por outros clubes). No elenco atual, entre os profissionais, além dos dois, de defensores apenas os goleiros Uilson, Cleiton e Michael. Entre os meio campistas, temos Yago, Bruno Roberto e Marquinhos. E no ataque, Alerrandro.

Vale dizer, nove ao todo, sendo que entre eles, quais podemos apostar nossas fichas? Bremer e Gabriel estão no sacrifício e o segundo é constantemente criticado. Dos três goleiros, diria que Cleiton e Michael ainda podem ser úteis e considerados revelações, porém, falta-lhes rodagem. Entre os jogadores da meiuca, Yago é igualmente contestado. Já Bruno Roberto tem entrado apenas nos momentos difíceis e Marquinhos sequer compondo banco. O atacante Alerrandro, que muitos depositam esperanças, entrou num jogo complicado e não rendeu o esperado.

Onde estaria o problema, uma vez que assistimos a outros clubes – notadamente Santos, Fluminense e até o Vasco – revelando jogadores a cada temporada? Até ano passado, em meio à Torcida, constantemente era pedida a cabeça do diretor da base. Muito se falou sobre seu trabalho, mas como até disse o ex-presidente Kalil num determinado momento, ninguém comprovou absolutamente nada contra o profissional. Fred, Tabata e outros ganharam liberdade e procuraram outras equipes. Onde estaria o erro?

A nova administração, que – reitero – tem rejuvenescido o elenco e buscado equacionar as finanças, embora ainda sem resultado positivo nas competições –, mudou toda a estrutura da base. Lá, estão profissionais que no passado foram ídolos. Distribuíram funções, sob a coordenação de Marques, colocando gente para acompanhar atletas emprestados, eventuais descobertas na várzea, interior e até noutros estados. Até o momento, entretanto, ainda não tivemos qualquer retorno. Claro, o prazo é muito curto, mas me lembro de que ao final da Copa São Paulo, foi dito que alguns garotos foram monitorados e em poucos dias estariam na Cidade do Galo. Esqueceram-se de trazê-los ou de divulgar quem são? Até agora, ao que soube, apenas Kevin, que está inclusive relacionado entre os profissionais.

O Atleticano está ávido por saber a respeito do trabalho na base. Afinal, um clube que revelou um time inteiro nos anos 70 e que chegou a ser a base da Seleção Brasileira, não pode ficar por décadas revelando um ou outro jogador esporadicamente. Bernard, uma das últimas joias, teria sido dispensado insistentemente pelo diretor anterior. Além dele, Jemmerson e um tanto de foguete molhado.

Revelar jogadores é barato e cria profissionais identificados com a raça e a força da nossa Torcida.

Blogueiro

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  • Mais uma vez parabéns. Brilhante leitura do momento atual e sem revelações de base nunca conseguiremos ter um grande time e muito menos pagar esta dívida assustadora.

  • JotaGalo. Boa noite a todos. Tanto se fala em rodagem , preparação física e psicológica, etc ,etc que todos acabamos por esquecer o que foi FUNDAMENTAL para o surgimento de vários craques. Falo das preliminares que antecediam os jogos dos profissionais. A garotada sentia de perto e desde cedo o CALOR da MASSA e quando subiam, não sentiam a angústia e a ansiedade de uma ESTRÉIA. Abraço a todos.

  • Cá pra nós, se na base do Galo não tem um moleque que possa, sequer fazer sombra ao Patric e ao Fábio Santos, significa que "o trem tá feio mesmo". Não é possível! Esses caras são ruins demais. Quem são os responsáveis por deixar jogadores sem futuro, na maioria (e bota maioria nisso), desfrutarem do melhor CT do Brasil, sendo que eles não vão dar retorno algum? O que vai ser do Yago, por exemplo? Vai ser jogador, num futuro próximo, de segunda, terceira divisão? Porque já vimos que ele não serve.

    Outra coisa, o que TL tinha em mente quando trouxe esse Galdezani pro Galo? Isso tá cheirando coisa de empresário. Esse cara não vai virar nada no Galo. Tem muita escuridão nesse túnel!

  • Parabéns pelas colocações,
    Bela matéria!!
    Resumindo. Estar faltando coragem de apostar nos garotos como faz as diretorias do santos, Fluminenses e outro clubes reveladores do futebol brasileiro.
    É o cabide de emprego o comando das categorias de base.

    Abraços.

  • Assistindo jogo da Copa, os locutores a cada gol de um determinado jogador o chamavam de robozão. Estamos falando nada mais, nada menos do melhor jogador do mundo na atualidade. Por que coloco isso? Porque ao meu ver um bom jogador nasce com uma parte do talento e tem o restante moldado. Não adianta pegar moleques fortes e inserir a técnica neles, é mais fácil, pegar moleques técnicos e inserir força neles. Para isso é preciso critério técnico para escolher os que tem fundamentos natos, transparência para evitar as indicações e deixar os melhores, maior número de amostragem, de forma a diminuir o desvio padrão, etc. Problema hoje é que esse negócio rende muito dinheiro, precisa portanto de um controle apurado, check e contra-check, por pessoas distintas, uma lista de pré-requisitos que façam parte da avaliação e seja de conhecida e divulgada à todos. Talvez com isso, e se nossos administradores não estiverem combinados com empresários, poderemos ter êxito. Quer saber como funciona nossa base? Façamos um diagnóstico técnico de todos os jogadores que hoje estão nelas, verifiquemos, não se limitando a isso, alguns pontos: procedência familiar, por quem são empresariados e qual a relação desses empresários com nossos administradores, avaliemos todos os fundamentos em cada um desses atletas, por no mínimo três membros isentos (seria a peneira da peneira), feito isso, pode ter certeza que ao menos 30% da base será suspeita. É difícil, mais se tivermos seriedade, arruma-se, e vamos em breve estar nas cabeças. Ah... importante fazer uma análise também em nossos servidores, talvez tenhamos ai muita indicação e pouco suor...

  • Caro Ricardo, o Fred foi aliciado antes de assinar o contrato, devido a sua pouca idade não podia ter o contrato. o Assis o aliciou dando uma casa a seus pais e o levou para o "Porto Alegre", equipe de sua propriedade, e um mês depois repassou ao Internacional. Na verdade foi tramoia do Internacional e utilizou o Assis como instrumentalizador.
    O Galo precisa sair fora das equipes de Portugal, são notadamente exploradores do mercado de baixo custo de jogadores brasileiros, o Galo precisa deixar esse mercado, passar a revelar jogadores para outros mercados da Europa. O Santos já conseguiu se desligar desse mercado explorador e efetuar excelentes vendas.

  • A base do nosso GALO já foi considerada uma das 3 melhores do Brasil na década de 70 e 80, prova disto foram os grandes craques que aqui nasceram e jogaram... pra não citar todos, Reinaldo foi o maior e grande ídolo da MASSA!!!!!!

    Com o passar dos anos fomos sendo mal tratados por dirigentes etc... e daí chegamos no nível que estamos hoje, de mal a pior... quando revela, o jogador não vinga ou briga pra sair por questões financeiras etc... tivemos várias revelações que como dizem, não passaram de foguetes molhados e outros nem jogaram e foram embora pra fazer a vida em outros clubes!!!!!!!

    OBS.: parece que ter um CT de primeiro mundo, aliás, o melhor das Américas não faz diferença alguma pro nosso CAM em relação a base... o Santos que é falado como o maior revelador de meninos no Brasil, mal mal têm um CT e de lá todo ano aparece um """craque""" pra jogar no time principal... que tal o nosso Marques passar um tempo por lá fazendo um curso??????????

  • Os jogadores que o Galo forma são fracos, psicologicamente. Alguns ainda conseguem atingir a maturidade, depois dos 23 anos. A maioria, vide Renan Oliveira, não realiza nos profissionais, aquilo que realizavam no sub-20. É necessário contratar profissionais sérios e definir metas para cada atleta.

  • Bastante oportuna a crônica sobre as categorias de base. A do Atlético reflete o que acontece na maioria dos times brasileiros. Colocam profissionais de educação física para coordenar as equipes e os eventuais jogadores. A maioria não tem o "olhar clínico" dos "olheiros" de antigamente, porque estes priorizam o porte físico, os aspecto teórico, o tático. Aqueles olhavam a qualidade técnica, saiam dos limites dos centros de treinamentos, iam aos campos de várzea, às favelas, às periferias, buscavam os "canelas secas", percebiam os habilidosos e pouco importavam com o porte físico. Hoje não, os "professores" de educação física priorizam o tamanho, o porte e, portanto, no máximo, revelam um zagueiro, um cabeça de área. Há quanto tempo América, Atlético ou Cruzeiro não relevam meio-campistas e atacantes de qualidades? Apontem o último
    originalmente vindos da base. Não existe. Precisamos substituir os educadores físicos pelos barbatanas e zés das camisas em nossas categorias de base. Menos elite e mais povo. E é simples. Não precisa esperar o garoto nos centros de treinamentos. O clube precisa ir atrás deles nas favelas, nos campos de várzea. Ficar em casa esperando é comodismo. Precisa-se de ação, ir às ruas, à cata dos talentos, principalmente agora, quando eles não caem mais do céu.

  • Bom dia massa e Guru. Tema mais que pertinente. Para mim o mais estranho em tudo que se relaciona a base é o fato de que em outros tempos, não tínhamos estrutura e revelávamos mais. Hoje temos o melhor centro de treinamento, com vários campos e inclusive concentração e não conseguimos revelar. A base do Galo sempre foi uma caixa preta infestada de empresários. O que faltou em seu comentário meu guru foi comentar que mesmos os jogadores revelados na base que estão emprestados, também não conseguem se destacar mesmo em equipes menores. Então surgem algumas indagações: Será que não deveríamos contratar os responsáveis pelas revelações dos clubes que estão tendo êxito? Não posso fazer acusações, até porque não há evidências, mas será que não tem gente pagando pra jogador jogar na base? Como a nova diretoria está fazendo uma reformulação, temos que ser pacientes e esperar que tenhamos resultados com os novos profissionais que estão lá.

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