Falta pouco, muito pouco, pouco mesmo! Já podemos sair por aí rindo de qualquer piada, sonhando com as próximas temporadas e nos preparando para a festa que explodirá em algum momento desta semana. O título já é nosso por direito. Mas, como já foi dito mais de uma vez neste espaço, só devemos festejá-lo quando a conquista estiver sacramentada. Faltam apenas dois pontos nossos ou um empate deles para que o título venha.
É óbvio que não acharei ruim se o Clube de Regatas Dois Jogos a Menos (ops! Isso acabou rsrsrs), com a arrogância ainda avariada pelo atropelamento do sábado, tropeçar hoje, na partida contra o bom time do Ceará. Se isso não acontecer, paciência. A festa pode vir depois de amanhã, na partida contra o Bahia. Ou seja: as oportunidades estão nas nossas mãos. É só segurá-las com força. Ou melhor, é só partir para o abraço.
Para mim e para muita gente essa taça terá um valor maior do que teria se tivesse sido disputada com outro clube. Para quem não se recorda, no início da caminhada, o título era dado como favas contadas para o Mais Queridinho da Cartolagem. Mas nós fomos lá e, óh, fomos conquistando nosso espaço e passo a passo garantindo nossa vantagem.
Temos, sem a menor sombra de dúvida, motivos de sobra para festejar o sofrer e o penar daquela gente. Quase tenho um troço a cada vez que ouço um desses rapazes fantasiados de jornalistas neutros, mas que parecem agir como assessores de imprensa do Clube de Regatas Dois Jogos a Menos, afirmarem em seus programas de TV (com aquela voz de conselheiro sentimental das velhas novelas de rádio) que o apito não foi determinante para os resultados nas finais do Brasileirão de 1980 e das semifinais da Libertadores de 1981 — mas o pênalti cometido pelo defensor do Fluminen-C na partida de domingo passado foi um erro clamoroso, que mudou os rumos do campeonato! Tenham a santa paciência, senhores!
Cada vez que ouço um deles falar esse tipo de asneira, mais eu me convenço de que, se tiverem a oportunidade, fariam tudo outra vez. Imagino a saudade que aquela gente está sentindo agora de criaturas da laia de José de Assis Aragão e de José Roberto Wright. Ou melhor, a saudade que a turma anda sentindo do tempo em que podia manipular resultados à vontade e tudo ficava por isso mesmo. Essas coisas, felizmente, estão mudando — como tudo muda na vida.
Tenho certeza de que, se eles pudessem (e se a opinião pública no Brasil ainda fosse moldada por uma única emissora que, com um estalar de dedos, ajeitava tudo conforme sua conveniência), não pensariam duas vezes antes de nos roubar descaradamente só para dar o título a seus Queridinhos.
Independente do resultado que nos aguarda, é certo que o Galo, desta vez, arrombou a festa — e isso aconteceu não apenas porque foi capaz de colocar em campo um grupo de jogadores mais talentosos e bem preparados do que os adversários. Times superiores aos dos rivais o Atlético tinha em 1977, em 1980 e em 2012 (para citar apenas alguns exemplos) e nem por isso levantou a taça. O que acontece, agora, é que a formação de um time superior e vitorioso se dá num ambiente que se mostra favorável a quem trabalha sério no campo e na retaguarda. Esse tem sido o caso do Galo.
Não é preciso ir muito longe para perceber a distância que separa o Atlético de hoje daquele clube que nos enchia de esperança, mas que tropeçava (ou era tropeçado) na reta final, no século passado. Hoje, o Clube tem a melhor estrutura de treinamento, de acompanhamento e de recuperação de jogadores do Brasil. Só para efeito de comparação, convém lembrar que em 1999, depois de aplicar humilhantes 4 a 2 numa equipe vaidosa de Belo Horizonte, na primeira partida das quartas-de-finais do Brasileirão daquele ano, a Massa ouviu o então presidente do lado de lá considerar aquele resultado uma tragédia que não se repetiria.
Afinal, disse ele, o Atlético não tinha patrocínio na camisa nem lugar decente para treinar, como eles tinham. Por esse motivo, O Galo não conseguiria vencer duas vezes seguidas aquele time mimoso, que se julgava três degraus acima de todos os demais. Veio a segunda partida e o Galo, heroico, os humilhou novamente, desta vez por 3 a 2. Avançou mais alguns passos, encheu a torcida de esperança, mas parou diante do Corinthians.
Aquela jornada não nos deu um título. Mas, a despeito das baboseiras ditas pelo dirigente daquele clube de segunda, havia um grupo de pessoas que sabia o que fazer. O Atlético deu início, justamente naquele ano de 1999, na gestão de Nélio Brant, a um trabalho de reconstrução que, com altos e baixos, trancos e barrancos, quedas e ascensões, zigues e zagues, hoje o coloca em condições de se firmar como um clube sólido e, em muito pouco tempo, autossustentável.
O Galo de hoje não é obra apenas dos empresários que colocaram seus recursos à disposição da reconstrução do Clube — e eles são os primeiros a reconhecer isso. Mesmo com os atropelos de alguns momentos delicados, o clube foi construído tijolo por tijolo e contou com ajuda de muita gente, uns mais outros menos anônimos, que mantiveram o clube de pé com atitudes que, se não tivessem sido tomadas, teriam tornado a situação muito mais difícil do que é.
Esse é um ponto para o qual todos nós devemos estar atentos. A conquista deste ano, que está cada vez mais próxima, só terá sido possível por causa de todos os tijolos que foram sendo colocados na obra por ação de milhares de Atleticanos que fizeram o que estava a seu alcance para assegurar a grandeza do Clube Atlético Mineiro.
Esta semana, numa lista de atleticanos da qual participo, meu amigo Eduardo de Ávila, titular deste blog, lembrou a figura de Francisco José Moreno Netto. Foi dele a ideia de, sob proteção da lei, pedir a devolução do terreno do antigo estádio de Lourdes, onde hoje está construído o Diamond Mall. Essa é uma história boa de ser lembrada.
No final dos anos 1970, o velho estádio Antônio Carlos foi desapropriado pela prefeitura, que pretendia construir ali sua nova sede administrativa. Só que o tempo passou e a obra não saiu — o que deu a Moreno Netto argumentos legais para pedir o terreno de volta, ressarcindo os cofres públicos do valor que recebera no ato da desapropriação, com a devida correção monetária.
O processo se arrastou durante dez anos e, em 1988 — último ano de Nelson Campos como presidente — o STF deu a sentença favorável ao Atlético. Graças à iniciativa de Moreno Neto e às voltas que o mundo dá, o território Sagrado onde um dia pisaram Mário de Castro, Said Paulo Arges, Jairo de Assis Almeida, Guaracy Januzzi, o Guará, Olavo Leite Kafunga Bastos, Murilo Silva, José do Monte Furtado Sobrinho, Nívio Gabrich, Carlyle Guimarães Cardoso (astros dessa grandeza precisam ser citados pelo nome completo) voltou a dar alegrias ao Atlético.
Moreno Netto foi o grande responsável pela recuperação do terreno do glorioso estádio de Lourdes pelo Clube Atlético Mineiro. Contou, na caminhada, com a ajuda de outros grandes atleticanos: Demétrio Mendes Ornelas e do ex-presidente José Ramos Filho. Os três merecem nosso reconhecimento. Se não fosse por eles, talvez o Galo não tivesse meios de oferecer aos empresários o lastro patrimonial que os encoraja a investir no Galo. Moreno, Demétrio e Zé Ramos são, sem dúvida, elos da corrente indestrutível que é responsável pela grandeza do Clube Atlético Mineiro.
Sim. Os empresários que hoje investem para transformar o Atlético numa potência continental só estão fazendo o que fazem porque, antes deles, houve uma sequência de Atleticanos que assentaram tijolos nessa construção centenária. A lista é enorme…
Para nossa sorte, e sempre com o apoio incondicional da Massa (o maior de todos os patrimônios) esses e milhares de outros Atleticanos e Atleticanas agiram e contribuíram, cada um à sua maneira e dentro de suas possibilidades, para construir a sua grandeza. Sim. O Atlético é o que é porque soube mudar sem perder a essência. Porque soube evoluir sem deixar de ser o que era. Porque soube se modernizar sem desprezar a própria tradição.
O Atlético de hoje não é o mesmo dos tempos de Margival Mendes Leal, o primeiro presidente. Mas não existiria se não fosse por aqueles 22 estudantes que estiveram no coreto do parque municipal no dia 25 de março de 1908. Não é o mesmo dos tempos em que o presidente Moura Costa, vestido a rigor, caminhava ao redor do estádio Antônio Carlos durante as partidas. Cardiopata, Moura Costa foi desaconselhado pelos médicos da época a assistir os jogos e acompanhava os resultados pelo clamor da torcida. Mas ainda tem muito dele.
O Atlético de hoje não é o mesmo do tempo em que o presidente Nelson Campos montou o time campeão de 1971 com recursos quase inexistentes. Não é o mesmo do tempo em que Elias Kalil comprou o terreno que hoje abriga a Cidade do Galo. Não é o mesmo do tempo em que Joaquim Tóia liderou o grupo que articulou o afastamento de Paulo Cury, em 1988, e impediu que o clube tivesse um destino parecido com o da agremiação vaidosa que um dia existiu no Barro Preto.
O Atlético não é nada disso. Mas sem isso ele não seria o que é hoje — e nós, da Massa não poderíamos sonhar tão alto como sonhamos! E olhar para o futuro com tantas esperanças de novas conquistas. Vamos, Galo, ganhar o Brasileiro! Vamos, Galo, ganhar o Brasileiro!
Não podia imaginar que viveria um primeiro dia da semana, pós derrota, sentindo um grande…
Quem diria! Confesso que, depois do terceiro gol alinhado a entrada do Kardec, não desliguei…
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Agora é pra valer! Estamos à uma vitória do título. Em três jogos. Mesmo perdendo pro Bahia (o que seria muita pressão pro jogo contra o Bragantino). Sei que uma vitória contra os baianos já assegura o caneco, mas um empate... meio termo... traria a derradeira decisão pra um Mineirão ensandecido, o que seria épico. Em casa ahm...torcida merece!
Acompanho desde 1977, várias histórias com risos e choros. Este título que virá, está para colocar o galo no lugar dele. Hoje compreendo melhor o que é o tal "lugar de fala" - Nós, atleticanos, podemos dizer do que vivemos e do que passamos. Saudações alvinegras
Como sempre, parabéns Galluppo! Belíssima lembrança do amigalo Barata em seu comentário, abaixo, sobre a Charanga do Júlio o Mais Amigo e o nascimento do grito Galôoo! Alô Comunicação! Alô Centro Atleticano de Memória! A propósito, foi Júlio quem desceu do avião com a taça de prata do título de 1971, vindo do RJ após o triunfo sobre o Botafogo (a foto está no Google, com Osvaldo Faria e o capitão Oldair aos pés da taça). Pergunto aos amigos: se tudo der certo e o troféu nos for entregue em Salvador, quem deveria repetir o gesto de Júlio?
Se liga vivente .... A base vem como??? ÉHHH... CAMpeão...éhhh... CAMpeão!!! Parabéns molecada.
https://youtu.be/5AfWfeqNZIs
... Coincidências: Jogo q confirmou o título do GALO em 2006,já q o acesso havia sido garantido em Curitiba_ GALO 3 x 2_ foi frente ao Ceará no Castelão_ GALO 1 x 0 gol do Mairon César Reis no 1⁰ min. de jogo. Foi tbm o Ceará q afundou o BBBuuuuuzero p segundona. Vamu vê logo mais se numa dessas "coincidências do destino" envolvendo o Ceará , Jael o cruel ñ cometa o crime e azede o "mingau" dos peruquinha da vovó e afins. Só no aguardo...faltam dois pontos! Por mais história, vamos GALO.
Saudações Atleticanas
Excelente texto! Manteve o alto padrão da coluna Aqui é só Galo. Galuppo e Eduardo, se vocês puderem se inscrevam no meu canal. Falo muito sobre a história do Galo. Tem até um vídeo contando a história do estádio Antônio Carlos. https://www.youtube.com/c/EssediafoiGalo
Excelente texto! Manteve o alto padrão da coluna Aqui é só Galo. Galuppo e Eduardo, se vocês puderem se inscrevam no meu canal. Falo muito sobre a história do Galo. Tem até um vídeo contando a história do estádio Antônio Carlos. https://www.youtube.com/c/EssediafoiGalo
Nesse momento de tanta alegria para todos nós, não deixemos de lembrar daquele torcedor Atleticano que teve sua vida tirada num estúpido e cruel atentado motivado pelo fanatismo e desrespeito ao direito de escolha do outro. Somos torcedores de times diferentes, mas não somos inimigos uns dos outros! Somos, pais, irmãos e filhos, temos famílias que nos amam e nos querem de volta vivos! O Direito à Vida é algo fundamental e está absolutamente acima das loucas e insensatas paixões clubísticas! Meus sentimentos à família enlutada! OBS.: Deixo ao Blogueiro a avaliação da pertinência da publicação dessas palavras. Obrigado!
Procedente manifestação. Muito triste, num novo milênio, assistir essa atrocidade. Lamentável!
SAUDAÇÕES ALVINEGRAS.
Seus textos são de ótima leitura Gualupo.
Parabéns sempre.
É hoje heim.
O tão sofrido Atleticano será campeão na frente da TV hoje só para se acostumar com os novos tempos.
Bica Bicudo.
boa tarde Eduardo e massa e Ricardo Galuppo.hoje secar a mulambada para nos comemor antecipado. esta proximo massa gigantesca do galo espalhado pelo mundo afora. a galo o sonho está próximo. obrigado amigalo paulo silva a lembrar quando falava a meses aqui no blog a galo não nos decepciona mais. agora amigalo eu vou dizer o sonho está próximo. vai galoooooooo.
Estamos a viver hoje aqui no blog a pura essência do que é o ATLÉTICO, mais que um simples clube de futebol , uma paixão eterna .
É o resgate de uma HISTÓRIA construída por milhões de anônimos, com cada sorriso e com cada lágrima de todos eles .
Não , não queiram transferir a NINGUÉM em especial o que pertence a cada um de nós .
Como ouvi por aí , o torcedor do ATLÉTICO torce por sua HISTÓRIA !!!
Bom dia! Num país com a memória tão curta, lembrar daqueles que por suas ações construíram e, ainda constroem a grandeza do nosso Clube, é algo louvável e fundamental. Hoje em que se avizinha a conquista de um título tão esperado, além desses nomes históricos, com a devida licença, cabe também nossa lembrança e agradecimento aos inúmeros funcionários anônimos que com seu trabalho diário também cooperaram com a maravilhosa narrativa centenária do Clube Atlético Mineiro.