O alto custo da insistência

Isso mesmo, o preço da teimosia em manter um comando técnico que se mostrava ineficaz e na contramão de toda expectativa para a temporada – entre Atleticanos ou não – é essa depressão que acordamos nessa segunda-feira. A derrota para o Paranaense, sob o olhar atônito de mais de 25 mil Torcedores que ainda acreditavam numa reação no Brasileiro, pode ter sido a pá de cal numa temporada que iniciou cheia de esperança.

As conquistas do ano passado, três, o Brasileiro, a Copa do Brasil e o Mineiro, anunciavam que se poderia esperar a repetição de parte delas e até mesmo outras maiores. Nesse caso, a Libertadores. Diga-se, esse torneiro da Conmebol, é o único que pode salvar o Galo neste – até agora – fatídico 2022. E muitos, entre os quais me incluo,  confiando numa grande apresentação na quarta-feira. Se o time, diferente daquele arremedo de ontem (tudo bem que eram na maioria reservas) tiver dignidade e honrar a camisa e o alto salário, temos condições de sair de lá classificados.

Mas, para um resultado favorável, os caras tem de ter postura e serem dignos da consideração do Torcedor. Ontem, a exemplo de outros jogos anteriores, foi deprimente o rendimento em campo. Com essa derrota, vergonhosa, chegamos a cinco jogos sem vencer. Cuiabá (empate), ainda sob o comando do Turco; Corinthians (derrota), dirigido pelo interino Lucas Gonçalves; e as três já com Cuca à frente da equipe. Duas derrotas pelo Brasileiro, ambas tomando três gols, para Internacional e Paranaense. E o empate, em dois gols com o Palmeiras (Libertadores), depois de abrir 2 a 0 no placar.

O Atleticano está P… da vida e com razão. Já disse aqui que a responsabilidade por isso é de todos. Até do Cuca, que voltou para tentar salvar sua reputação, por ter deixado o comando naquela situação na virada do ano. Turco nem quero falar. O sujeito sequer foi capaz de uma notinha se despedindo. Será que queria ficar com aquele desserviço que prestou nos quase sete meses que ficou em Belo Horizonte.

Também têm culpa os jogadores, pois é inadmissível que tenham desaprendido a jogar. Tem zagueiro, que assim como volante, corre pra trás. Ontem, o time entrou desligado e por volta de 10 minutos ligou a tomada, até conseguir abrir o placar. Veio o segundo tempo e novo apagão na volta do vestiário. E os gols e a virada foram lentamente acontecendo. Teve jogador, nem quero citar nome, que participou negativamente nos três gols do adversário.

E por fim, também a responsabilidade dos dirigentes. Incluo todos. Sem deixar de considerar a importância e o valor de cada deles nas conquistas recentes. O diretor de futebol, quando a Massa toda pedia a cabeça do antigo treinador, vinha para a imprensa afirmar que o argentino estava prestigiado. E, com isso, os pontos ficando pelo caminho. Também seus superiores, desde o presidente, vice e mesmo os benfeitores. O futebol é business. A desclassificação da Copa do Brasil, o distanciamento da possiblidade de título no Brasileiro e uma eventual eliminação da Libertadores trarão grandes prejuízos para fechar o balanço no final da temporada.

Só nos resta, e insisto que pode acontecer, vencer o Palmeiras e avançar na conquista de mais uma Copa Libertadores. O tempo é curto, conspira contra o Galo, mas é o que nos resta. No Brasileiro, pelo que estamos assistindo, corremos o risco de ficar fora da próxima Libertadores. Sim, pois vaga direta só para o G4. As demais dependem das conquistas brasileiras nas duas competições internacionais (Libertadores e Sul Americana) e da Copa do Brasil. Será que essa insistência e demora na troca do treinador vai nos custar até essa privação? No ano da inauguração do Estádio do Galo? Seria um castigo ao Torcedor.

São 13 pontos já para o líder, e temos à nossa frente os mesmos da rodada anterior, a continuar assim, o risco dos que estão abaixo tomarem mais posições e real e concreto. Nem mesmo os oito pontos, que sempre reclamo, na boca do “apito amigo”, (erros premeditados) que perdemos, seriam suficientes para colocar o Galo na disputa pelo título. O desastre tem sido muito grande e o Atleticano está inconformado. Conforme disse Hulk, tá “na hora de ter vergonha na cara”. Emendo com outra. Separar os homens dos meninos.

A necessidade urgente de medidas a serem tomadas, exige posicionamento da diretoria. Até no time feminino, que sempre defendi e acompanho, o vexame também foi enorme. As três derrotas seguidas para Flamengo (em casa), Ferroviária (fora) e Real Brasília (casa), impediram às Vingadoras de seguir na competição da cbf. Ano passado, quando conseguimos o acesso, o time feminino encantou e agora – com novo comando – em 14 jogos somou apenas cinco vitórias, quatro empates e perdeu cinco jogos. Igual aos marmanjos. Vexame!

*fotos: Pedro Souza/Atlético