Caríssimas Atleticanas e caros Atleticanos!
Claro que todos nós aqui reunidos em torno deste minifúndio de espaço (expressão roubada do saudoso Roberto Drumond, que assim se referia à sua coluna diária no Estado de Minas), queremos o melhor para o nosso time do coração. Independente da intensidade e confiança de cada um, fato é que queremos vitórias e títulos. Decorrente disso, muitas festas e comemorações.
Dito isso, vou entrar no assunto Diamond, dívidas e futuro do Galo. É polêmico, sei, não tenho e nunca terei intenção de ser dono da verdade. Entretanto, meu pensar, na medida do possível e com a intenção de deixar a tribuna livre – sem agressões – será explicitado. Tive o cuidado de ouvir quatro pessoas diferentes sobre o assunto para formar minha opinião acerca desse tema tão delicado.
Falei, por sugestão do leitor Ronaldo Brandão, com o Fabrício Marques. Ele, da empresa Trade Shopping, trabalha com consultoria e comercialização em shopping centers há 20 anos. Ainda com Eduardo Gribel, da TENCO Shopping Centers. A título de ilustração, essa empresa foi proprietária do Shopping Pátio Savassi. Ambos Atleticaníssimos.
Além deles, com outros dois não Atleticanos, que, porém, conhecem e atenderam a minha curiosidade. Fernando Guimarães Rodrigues é conterrâneo e amigo de tempos, foi gerente de operações do BH Shopping e também do Diamond Mall por longo período. E o último é em quem confio e consulto sobre qualquer evento financeiro da minha vida pessoal. Benedito Sérgio de Resende, companheiro de repúblicas e adolescência, foi gerente e superintende regional do Banco do Brasil. Foi também presidente da MGI. Hoje está aposentado.
Pois bem, de tudo que extraí, em conversas isoladas com cada um, posso afirmar que estou convencido que o ideal seria mesmo a alienação definitiva dos outros 50% do Diamond. Calma, antes que me atirem pedras os opositores dessa hipótese, vou relatar – sem detalhar um por um e o que ouvi deles – qual minha leitura para essa conclusão.
A simulação a seguir é de meu devaneio pessoal. Suponhamos que eu possua um imóvel que vale cem mil reais. Paralelo a isso, um débito de valor idêntico numa instituição financeira. O aluguel deste imóvel me rende cem reais por mês, mas o custo da minha dívida é da ordem de 400 a 500 reais mensais. Numa aritmética simplista, é fácil perceber que daqui um tempo meu patrimônio não vai pagar a minha dívida. Ordinariamente simplista sim, mas teoricamente aplicável e indiscutível. Se nossas dívidas não forem equacionadas urgentemente, corremos risco de tomar caminhos indesejáveis. Melhor é quitar que pagar juros.
Antes de entrar em outras considerações, dois entre os quais conversei têm absoluta confiança na rentabilidade do novo estádio nos eventos extrafutebol. Citaram, inclusive, exemplos internacionais e nacionais em tempos recentes. Entre eles ainda, existe uma grande preocupação do futuro pós-pandemia. O consumidor está se habituando às compras on-line e entrega na porta da sua casa, o que deixa incerto o futuro de comércio lojista.
Pois bem, dai me veio talvez o que mais nos preocupa a todos. Vendemos o Diamond e como será o futuro? Outra mais. O valor a ser apurado garante o pagamento total das dívidas, exceto – evidentemente – o Profut? É extremamente delicado, vendemos, mas não seria suficiente para quitar e gestões futuras endividariam novamente o Galo. Aí, pessoal, acaba de vez nosso sonho de grande equipe e o futuro será igual ao do vizinho que tanto tiramos sarro.
Porém, tem saída também para isso. Vejamos. Primeiro é fazer a avaliação correta do valor daquele patrimônio. Não é também minha área. Se me disserem que vale 500, 700, 1.000, não posso dizer se sim ou não. Tem de ser com empresas e pessoas qualificadas e idôneas. Daí se for o caso, uma operação casada com os credores. Tipo: te devo dez, mas te pago cinco pela quitação total da dívida, ou até mesmo transfiro esse passivo ao comprador em valores que justifiquem essa transação. Tudo é negociado.
A título de orientação, dos três shoppings da Multiplan em BH, seguramente o Diamond é o que precisa mais urgente de uma grande reforma. Não tenho noção do valor disso, mas o Galo não teria como fazer aporte financeiro para essa necessidade. Outro empreendimento, de grande porte, ao que soube, tem valor acima do nosso patrimônio e teve alienação recente por quantias menores do que muitos dizem aqui. Ah! O nosso tem localização privilegiada. É verdade, porém o tamanho e valores do outro é algumas vezes o nosso.
Por fim, evitar no futuro reviver essa situação perpassa por uma mudança profunda no estatuto do Galo. Talvez ai esteja a maior dificuldade.
Primeiro, é preciso trazer o Torcedor para dentro do clube, conforme defende brilhantemente o amiGalo Roberto Caldeira, aqui neste Canto do Galo, toda terça-feira. Gestão profissional e transparente. A tal da compliance. Presidente remunerado e atento com as conformidades legais e estatutárias.
Vale dizer, na reforma estatutária urgente, é necessário criar instrumentos que impeçam gestores de efetuarem dívidas futuras sem aprovação prévia de um Conselho atuante. Essa segurança só será obtida com um novo texto do estatuto do Clube Atlético Mineiro. Criar, também por este novo regimento interno, punições a gestores que extravasarem as previsões orçamentárias e endividarem o clube de maneira irresponsável. Assim como existe a Lei de Responsabilidade Fiscal que pune gestores públicos, internamente criar essa segurança, travando diretorias atual e futuras de deixar dívidas para a seguinte pagar.
É como penso! Não posso me balizar pela cara ruim do atual presidente, que parece fazer questão de mostrar toda aquela empáfia, como se isso fosse amedrontar o cliente/Torcedor. Cada um tem seu espaço para expor sua posição, reitero apenas que com respeito aos divergentes.
*fotos: 1 e 3) UAI/EM ; 2) montagem e divulgação
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EDUARDO, independente de posições divergentes ou não , parabéns por apurar com quem entende do assunto e nos trazer boas informações para reflexão . Sua coluna é um ponto de referência do atleticano. Muito bom o texto !
Sou a favor da venda do shopping e sou contra a construção de outro estádio em BH. Aqui já temos 2, muito bons por sinal, cada um com suas particularidades. Mineirão e Independência atendem nossas necessidades plenamente.
Porém, acho que a Arena MVR vai sair do papel e não tem volta, pois são muitos interesses e gente poderosa por trás. Fato praticamente consumado. Espero e torço pra que não ocorram superfaturamentos ou prejuízos ao Clube.
Sobre o Diamante, quer dizer Diamond, que teve sua metade negociada a preço de banana, sempre foi e continua sendo nossa redenção. Digo isso porque este imóvel esplendoroso, localizado no metro quadrado mais caro de MG, com projeto de ampliação praticamente pronto, pode nos tirar de vez do atoleiro. Ele vale muito mais do que a maioria pensa. Só a título de lustração, o lucro líquido dele é de cerca de 60 milhões de reais por ano - eu disse lucro líquido!
Portanto, façam as contas de quanto ele vale realmente. Dizem que é na casa de 1 Bilhão. Não posso garantir, mas acredito que valha perto disso.
Trocá-lo pelas dívidas é uma solução sim, como disse o presidente e o diretor financeiro em ótima entrevista ao Rodrigo Capelo (sugiro que assistam).
Mas o principal disso tudo é mudar nosso arcaico estatuto, com regras claras e rígidas sobre as finanças, protegendo o Clube de aventureiros e gestores incompetentes. Somente assim estaremos blindados.
O assunto é longo e precisa ser mais debatido, mas é essencial que a torcida se interesse e cobre dos dirigentes. Afinal de contas o Galo é do povo e ainda bem que temos patrimônio suficiente pra sair do buraco.
Acho que a outra parte do shopping, deve ser vendida. E também sou favorável à construção do nosso estádio. Percebo a atual Diretoria do GALO, aprendendo com os inúmeros erros cometidos por ela no início de sua gestão. Contratou o que há de melhor, como o treinador (Sampaoli),e o Diretor de Futebol (Mattos); trocou o criticado preparador de goleiros; rejuvenesceu (e muito) o outrora envelhecido elenco; prepara lançamento de portal da transparência para divulgar as medidas referentes à conformidade/compliance e outras; além de outras ações. Não acho que vamos "cruzeirar", e nem que estamos nesse caminho. O resultado apresentado este ano (referente ao exercício anterior), apesar de muito ruim, melhorou em comparação aos anos anteriores. Pra finalizar, ontem alguns amigos criticavam o longo tempo dos contratos oferecidos pelo GALO. Vou na contramão, os longos contratos são garantia ao investimento feito pelo Clube. Imaginem se pagamos um valor alto por determinado atleta, que se destaca e logo fica sem contrato, podendo assinar com outro time, saindo de graça do GALO?! O que precisa ser melhorado, é a análise de quais jogadores merecem ser contratados por longo tempo. Não dá pra oferecer contrato longo pra Denilson, Edinho, Zé Welison e outros. Mas os contratos longos, são excelente ferramenta de gestão (tem que saber usar!!). Bom fim de semana para todos! SAN
Prezados, como Economista e Analista de Investimentos, fico feliz de ver que o nobre blogueiro chegou a esta conclusao e entendeu de fato o que esta ocorrendo. Em meus 25 anos de experiencia na area (20 desses anos morando no exterior) sempre digo aos meus clientes: " A melhor divida que se pode ter e a aquela que foi paga". A regra e simples, Juros so da lucro pra uma das partes. Lembrem-se que a maior parte das dividas que o Galo esta pagando e juros. O valor devido quase nao esta sendo abatido.
Eu nao sou fa da 7 Camara, ainda nao ganhou nada, mas ele esta fazendo o que sempre cobramos aqui: informacoes claras do buraco em que estamos e apresentar opcoes para sairmos dele. Consultoria, auditoria, corregedoria, etc. As cartas estao sendo colocadas na mesa como nunca antes. Gostemos ou nao da verdade, temos de enfrenta-las.
As dividas teem de ser pagas, e devem ser feitas o mais rapido possivel, para sairmos do lamacal.
Saude financeira e a nova realidade e sera determinante para definar o valor seja de pessoas fisicas ou juridicas.
Saudacoes Alvinegras
Sempre fui contra a venda do shopping temendo que em 3 anos a dívida volte ao mesmo patamar. Mas ontem uma coisa me chamou atenção. O presidente diz que talvez precisamos vender o restante pra liquidar as dívidas não tributárias. Ok. E disse que criaria regras que impediriam assunção de novas dívidas, gestão fraudulenta, responsabilização do presidente, etc. Então está resolvido. Inverta a ordem presidente, demonstre boa fé, boas intenções. Faça a alteração do estatuto, crie as regras de compliance, governança, blinde as finanças do clube (o Galo arrecada 300, só pode gastar 300, sob pena de responsabilizacão pessoal do presidente e de quem mais assinar com ele). Que administre o clube por um ano, veja o resultado disso, depois venha discutir qlq tipo de venda de patrimônio (pq aí saberemos se essas regras vão evitar endividamento realmente). Está nas mãos de Sette Câmara. Abra o clube pra torcida, exponha as contas em site de transparência, abra pro torcedor votar (associado com pgto em dia). Vamos mudar o Galo. Basta ter vontade. O Gremio deu um salto desta forma, Bahia e Fortaleza, idem. Cresce o socio torcedor, cresce tudo. Vc faz questao de por dinheiro pq sabe que esta indo pro bem do time. Prepare o terreno 7C, crie regras rígidas, tenho certeza que torcida, Conselho e imprensa ficarão favoráveis a qlq tipo de venda de patrimônio.
Vamo Galo!!!
Eu prometi a mim mesmo não comentar assunto de bastidores
Mas , na falta do futebol e ainda trabalhando à meia boca , resolvo dar uma olhada nos comentários e o que temos é mais do mesmo
Como a questão é só de opinião, reitero a minha :
o CAM não tem como seguir como agremiação que vá viver com os recursos do futebol, nem qualquer outro clube de futebol do Brasil
Como não existe um tostão furado em caixa , e não tem nem pro café da manhã, como fazer pra seguir adiante e colocar um time em
campo ?
Os tais “mecenas” já cansaram de ver seus dinheiros indo pro ralo com administrações a la Kalil
ACABOU A FARRA !!!
Estudos , propostas, sonhos, teorias , planejamentos , tudo isso é conversa pra boi dormir
O Clube Atlético Mineiro já têm DONOS , como aqueles da Europa
Só que no lugar de petróleo e gás para sustentar a parada a turma aqui vai de moradia popular, consignado e leito hospitalar
Não sou torcedor de shopping e muito menos de quem os administra,sou apenas um Atleticano q quer ver em sua Instituição, transparência e uma gestão q a beneficie e não se beneficie dela. Dito isto, quem dêem seu jeito nesta situação nada agradável que ELES mesmos trataram de construir. Muito bonito falar das dívidas passadas qdo SEMPRE estiveram envolvidos com elas. Que sejam criadas regras de compliance, governança, normalizadas por normas duras que venham impedir futuras gestões temerárias de fazerem bobagem sob pena de responsabilizar juridicamente quem "estiver" na presidência da Instituição e tb de TODOS que vierem fazer parte de sua diretoria,sem falar do principal: o Estatuto do Clube tem de ser modernizado e os Conselheiros TBM devem ter responsabilidade com o novo modelo e tbm serem responsabilizados qdo fizerem me**a ou tocar o fo$#-$#,como têm feito aprovando orçamentos irresponsáveis ano após ano.
Feito isto,aí podem falar em vender patrimônio,hj, é trocar seis por meia dúzia correndo o risco de ficar sem patrimônio e com a dívida triplicada. Não confio nestes caras, não mesmo! Saudações Atleticanas.
Prezado amigo,
Obrigado pela confiança. A equação é óbvia e serve para qualquer clube ou empresa. Admite varias respostas certas, desde que proporcionem aumento de receitas, redução de despesas, recuperação de dívidas e adequação patrimonial. Porém, você tocou em um ponto crucial, que normalmente os dirigentes não gostam. Eles (em sua quase totalidade) odeiam esses “palavrões “: compliance, controle, governança, transparência...Nesse processo, cabe à torcida e à imprensa uma importante tarefa: vigilância permanente.
Prezado Mauricio. Esse negócio de gestão de estadio é no mínimo estranho. Quando fizemos contrato para jogar no Independência foi alardeado que teríamos lucros até em venda de cochinha. Hoje divulgam que o Galo nunca teve lucro jogando no Independência. Eu sou da sua mesma opinião: Belo Horizonte tem dois otimos estadios. Se houvesse seriedade já teriamos uma CPI para apurar a roubalheira que fizeram nas reformas da Arena do Jacaré, Independência e Mineirão, com utilização de recursos do BDMG e contratos leoninos para o povo de Minas. O Governador, o Ministério Público deveriam investigar isso. Cancelar esses contratos com MinasArena e Luarenas e fazer uma parceria público privada com os Clubes da Capital para utilização desses estadios( construídos e reformados com dinheiro público para fomentar o futebol). Vender o Shopping sim. Quitar as dívidas sim. Mudar o Estatuto sim. Mas essa Arena MRV nao é necessária. Mais uma ilusão dos apaixonados. O Democrata de Sete Lagoas dizia que depois da Arena Jacaré seria um dos grandes de Minas...Vejo uns iludidos acreditando que depois da Arena MRV estaremos entre os cinco maiores clubes do Brasil. Mas a realidade é outra: somos o quinto clube em dividas do pais e não vai ser uma Arena com capacidade para 40 mil lugares a nossa redenção.
Exato, caro Domingos Sávio. Exatíssimo. Não há justificativa para a existência dessa Arena, senão mera vaidade do nosso presidente e, claro, interesses comerciais da construtora. Um lote inútil comercialmente, sem valor algum de fato, vira uma ferramenta de marketing gigantesca e ainda eventuais imóveis que possam ter nas redondezas (não sei se têm, estou inferindo que, se tiverem, se beneficiariam com a construção da Arena). O problema é que há uma questão filosófica comum entre os brasileiros que é: "é melhor ter uma casa própria do que pagar aluguel". Esse pensamento equivocadíssimo é fruto de uma visão distorcida por um viés que é fruto da pobreza do país. A imensa maioria das pessoas paga aluguel por não poder ter uma casa própria. E, nesse contexto, é simples concluir que "é melhor ter uma casa própria do que pagar aluguel", já que isso implicaria em que ele poderia ter uma casa, mas paga aluguel porque nao pode ter uma. Ocorre que a questão aqui é outra: com R$ 800 milhões de divida no lombo, muito disso vencendo em curto prazo, muito disso concentrado em um único credor, muito disso consumindo milhões e milhões em juros, e num contexto de déficits sucessivos, que fazem com que a dívida aumente em níveis muito superiores ao aumento patrimonial, é melhor ter casa própria ou se livrar da dívida, tanto mais quando se sabe que há duas casas disponíveis para uso, uma delas pública, erguida para o fim a que se destina a "nossa" nova casa própria? Pelo amor de Deus. Rigorosa e absolutamente NENHUM analista recomendaria a construção de um estádio nesse cenário dantesco em que nos encontremos. E se ter estádio fosse premissa para ser grande, Guarani, Ponte e Portuguesa seriam gigantescos. Ah, mas o Grêmio isso.... Ah, mas o Internacional aquilo... Ah, mas o Palmeiras aquilo outro.... E DAÍ? Com R$ 800 milhões de dívidas no lombo, receita caindo, despesa subindo, e concentração num único credor, estamos muito, mas muito mesmo, encalacrados. Se a MRV acredita tanto nesse negócio, que o erga por conta própria, e use a marca do Galo para auferir receitas, e em troca nos ceda as arquibancadas livres de quaisquer custos para os jogos. Será que topariam?! E o suado dinheirinho do Diamond seria usado para o que se deve: LIVRAR-SE DESSE MONSTRO QUE SÓ CRESCE, A DÍVIDA.
Muito bem esplanado o assunto. Meu lado de contador concorda com o que foi dito. Pena conseguiram endividar o Galo a ponto de ter que fazermos isso, o ideal era nao ter dividas e um patrimonio como esse. Temos que profissionalizar urgente o clube, errar menos em contrataçoes para que as dividas nao aumentem. Me preoculpo muito com as novas causas trabalhistas que vem por ai dessa barca que foi demitida.