Mais que pano, camisas revelam paixão ao Galo

O Atleticano tem orgulho de seu “manto sagrado”. Já vi muitas coleções, pessoalmente e por meio de redes sociais. Contemplei desde aquele Torcedor que tem centenas de camisas até o admirador da antiga geral que possui apenas uma surrada e antiga camiseta do Galo. Este, não tem mais lugar no estádio. Nos meus tempos de Araxá, quando ia para a fazenda do meu pai, o Zezé, um peão da roça, dizia que roupa boa era aquela de “ver Deus”.

Para nós, Atleticanos da gema, nossa roupa de gala é a camisa do Galo. Usamo-la no dia de Galo. Todos os dias. Tem aquela com cheiro de roupa nova, as surradas e as suadas que o dono nunca tira do corpo, as que ficam no guarda-roupa e só saem de lá em ocasiões muito especiais. O manto preto e branco é destaque por onde passa.

Semana passada, aqui neste blog, alguns leitores comentaram sobre suas coleções. Tem acervo com centenas de camisas. Números exageradas ou não, o fato é que nossas vestimentas do Galo são guardadas com carinho e cuidado. Mais até do que o último terno comprado, por melhor que seja.

Temos orgulho de nossas cores e de nosso traje. Orgulho, nada de vaidade. Lendo e relendo comentários sobre nossas façanhas com o Galo, desde a compra desmedida de camisa até as viagens e loucuras que fizemos, resolvi contar quantas tenho. Deparei-me com uma situação que desconhecia.

Antes, um dado interessante. Tempos atrás, ao entrar em um shopping de Belo Horizonte, descobri uma loja que borda o Galo Volpi. No dia seguinte, deixei com eles, bem cedinho, mais de 30 camisas. Em todas, gravei o nosso símbolo, acima do bolso e do lado esquerdo do peito. De lá para cá, sempre ao ganhar ou adquirir uma nova camisa social, passo lá e mando colocar a marca do nosso time do coração.

Sobre minha coleção. Houve uma época em que cheguei a ter cerca de 15 camisas do Galo. Em um momento de “terminar” minha relação com o time (daqueles que todos nós temos), distribuí todas. O arrependimento, claro, se fez presente.

De lá pra cá, nunca mais desfiz ou abri mão de qualquer camisa Atleticana que eu tenha comprado ou ganhado de presente, seja oficial ou meramente alusiva ao Galo. Não me preocupo em contar ou fazer inventário sobre este patrimônio.

Agora, por curiosidade, acabei tirando todas do cabide e das gavetas. Ao todo, quase cem; 34 oficiais — oito da coleção retrô, dez de Torcidas Organizadas e mais de 50 relacionadas ao Galo. Constatei um sentimento guardado, até então, no meu inconsciente.

Percebi que as camisetas das Organizadas e dos Consulados são as que mais uso, na academia, nas caminhadas de fim de semana e até durante o carnaval, pois não perco um único dia da festa de Momo. Visto todas com apreço. Sem precisar ir ao divã compreender, fiz o diagnóstico.

Tempos atrás, compartilhei com os leitores o início de minha relação com o Atlético, que se deu após um saudoso cunhado me apresentar essa paixão. Decisão acertada num contexto que incluía pai flamenguista e irmão mais velho que estudava em Belo Horizonte e torcia para um time modinha da virada dos anos 60/70.

Minha primeira partida no Mineirão foi entre Galo e Flamengo. Saí de nosso salão de festas maravilhado com a louca e apaixonada Torcida. A opção de usar camisas das organizadas deriva desse momento; fui despertado pelo show das arquibancadas que só acontece e sabe ser feito por nós.