Juiz de futebol deveria usar a analogia

Tem situações que poderiam ser evitadas, caso o bom senso fosse utilizado. No meio futebolístico, a lamentável arbitragem de Ricardo Marques Ribeiro, na partida entre Uberlândia e o segundo colocado no Campeonato Mineiro, repercutiu no Brasil e até em algumas partes do mundo. Ele, árbitro FIFA e oficial de apoio judicial, talvez bacharel em Direito, deve saber sobre a possibilidade de, em sua defesa, declarar impedimento e suspeição, a fim de evitar especulações acerca de sua conduta.

Digo isso, pois o Código de Processo Civil, por meio dos artigos 134 a 138, possibilita aos juízes de Direito alegar impossibilidade de exercer suas funções em ações contenciosas. Nas partidas de futebol, por analogia, a tese poderia ser aplicada, de modo que os árbitros pudessem se reservar. Corre à boca miúda, e isso pode ser verificado nas redes sociais, que Ricardo Marques Ribeiro foi estagiário ou assessor de destacado desembargador e dirigente de um dos clubes da capital. Nada mais correto que ele solicitasse não arbitrar partidas desse time. O instituto da suspeição é próprio para ser usado por pessoas ilibadas, íntegras e honestas.

Apesar de frequentes críticas e manifestações públicas em função dessa circunstância, Marques continua trabalhando e seu desempenho, não raras vezes, coloca sua dada parcialidade em pauta. Em 2008, numa partida do Galo com o Villa Nova, no Castor Cifuentes, o mineiro deixou todos perplexos e irritados. O Galo teve um jogador expulso, Agustín Viana, em meio a uma distribuição exacerbada de cartões para nossos jogadores. Em contrapartida, quando Danilinho saiu de campo sangrando pela boca, os adversários não tiveram o mesmo tratamento e cartões não foram aplicados. Ao final, em entrevista à imprensa, lembro-me perfeitamente o que ele disse: o atacante usava aparelho nos dentes, por isso o sangramento.

Crédito: UAI/EM

Tempos depois, em 2010, na semifinal entre Ipatinga e o mesmo time de ontem, sua arbitragem, principalmente no primeiro tempo, foi duramente questionada. A equipe do interior saiu vitoriosa e jogou a final do Estadual frente ao Galo. Naquela ocasião, os comentários foram implacáveis e numerosas foram as críticas, mas Ricardo elegeu um chargista da capital para reagir às generalizadas e incontáveis ponderações a respeito de seu trabalho. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais decidiu favoravelmente ao árbitro, condenando o profissional de imprensa. Penso que o árbitro deveria, há muito, ter solicitado seu afastamento de jogos do time de lá da Lagoa da Pampulha. 

O Galo manteve o veto ao seu trabalho por consideráveis seis anos, em 2016, porém, numa resolução discutida reiteradas vezes, Ricardo voltou a apitar nossos jogos. Ontem, questionamentos vieram à tona, em relação à penalidade mal marcada e a momentos de interpretações questionáveis. Tivesse o árbitro, desde o início de sua carreira ou até mesmo nas eventuais polêmicas do passado, para sua preservação, alegado impedimento ou suspeição, ele e nós estaríamos livres de eventuais especulações.

Parto do princípio de sua total isenção, preferindo creditar as falhas do juiz a eventuais erros de leitura. Caso o diagnóstico seja esse, não temos razões para discutir o assunto que em nada engrandece à evolução do futebol. Depois do “perdão”, o Atlético resolveu reaquecer o veto anterior. Era melhor não ter suspendido aquilo que era histórico. 

Reitero: minha convicção sobre as pessoas, independentemente de suas crenças, leva em consideração o princípio de equidade moral e ética. Admiro, sobretudo, aquelas que se declaram impedidas de se manifestar sobre assuntos que possam lhe causar qualquer tipo de constrangimento. Vida que segue, acredito no cidadão Ricardo Marques Ribeiro, mas não gostaria de vê-lo apitando jogos do Galo. É o que penso.

 

Blogueiro

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  • Nossa este mesmo árbitro na primeira rodada do campeonato mineiro no Mineirão no jogo Villa Nova 1 X 2 Cruzeiro, e prejudicou em varios lances o Villa Nova a favor do Cruzeiro, um cidadãos desse deve ser punido da arbitragem brasileira, se eu tivesse videos de erros deste indivíduo entraria na justiça comum contra seus erros em favor ao Cruzeiro, extranho que nunca erra contra.

  • A diretoria do cruzeiro afirmou que não daria declaração pública sobre a questão do veto do árbitro feita pelo Atlético. Eles estão certos. Nada de declaração pública. Esse é um assunto que tem de ser discutido internamente e com toda a descrição. Tipo : "Xiiii, Benecy, descobriram nossa ideia. Qual o plano B"? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

  • O Atlético agiu certo ao questionar o árbitro na FMF. Mais do que conseguir seu afastamento é necessário deixar claro que essas coisas não estão passando despercebidas e que o Galo estará de olho no comportamento desse rapaz nas próximas atuações. Reclamar depois que "a vaca foi para o brejo" não adianta nada. Então, parabéns à diretoria do Galo por ser proativa.

  • Andrade pode esperar uma bela vitória do Galo Sábado, para os jogos em casa o Atlético está muito bem, e o Mineirão também é nossa casa e nosso salão de festas.
    Precisamos conquistar essa mesma estabilidade nos jogos fora de casa, e com alguns ajustes com certeza vamos conseguir.
    Galooooooooooooooo
    5x0 para o Galo tá bom!!

  • Sábado é dia de clássico. É preciso VENCER! Em termos de tabela vale nada, porque as posições já estão definidas. Porém, vale muito para a sequência de Libertadores neste mês. Naquele jogo de início do ano, o time andou em campo e não deu um chute sequer a gol. Agora, passados dois meses de trabalho, é INACEITÁVEL aquela postura. FOCO, RAÇA E DETERMINAÇÃO. Todos precisam se doar ao máximo, brigar por cada bola, tem que competir... A torcida acredita e espera uma vitória convincente. A Libertadores vem aí, vamos ver o que podemos esperar dela. Acabou a pré-temporada, agora é pra valer!

  • Esse árbitro não deveria estar pedido perdão a Deus?
    Como ele foi parar na fifa?
    Muito triste. Este país não emenda.

  • AmiGalo Eduardo...
    Eu, que pessoalmente citei o Pedro Henrique, reitero e repito minhas palavras de respeito a ele. Eu disse textualmente "o que lhes deve dizer respeito deve ser dito no blog do EDUCADO RAPAZ PEDRO HENRIQUE"
    Espero que não tenha fica nenhuma impressão para ele, o citado, nem para você, nem qualquer outro leitor do blog, Atleticano ou não. Ao PH me referi com todo respeito ao qual ele por seu jeito se faz merecedor...
    Bati com o pé no chão pra enxotar daqui o pessoal maria que entra e entrou neste blog para dar palpite... Porque, afinal das contas, Aqui é Galo!!!
    Saudações Atleticanas

    • Entendi. Não quis fazer referência a você, caro. Só aproveitei a citação para alertar. Pois, acredite, daquele momento até agora cessaram as invasões. Pelo menos em comentários.

  • Caro Eduardo, como o texto com um apontamento histórico. O jogo ente Vila x Galo, ocorrido em 2008, foi vencido pelo Galo, por dois a zero. Chamado à época de “clássico centenário”, em virtude do centenário de ambos os clubes aquele ano, teve como um dos protagonistas o próprio Augustin Viana, que abriu o placar com um belo gol, e foi expulso no segundo tempo, pelo juiz em questão, o outro protagonista.
    Alías, quanto a esse árbitro, figura alvo da coluna de hoje, o que mais me absurda não são as “coincidências” históricas em prol de certo clube. O que me indigna é que o mesmo é o indicado pela CBF à apitar copa do mundo na Rússia, foi eleito pela imprensa mineira, pelo segundo ano consecutivo, com o melhor árbitro de minas. Me revolta o esforço de parte da imprensa em amenizar os erros sempre cometidos por esse arbitro à favor daquele time.
    É fato que é um apitador desempenho ruim. É histórico que erra sempre em favor de um e contra outros.

    • Fi-lo. Agradeço novamente sua observação. Lembro-me de ter voltado de Nova Lima "P da vida" e ouvindo a entrevista sobre o aparelho nos dentes. Foi mais marcante que o jogo e seu resultado. Gosto de leitor atento.

  • Eduardo, o juizinho em foco usou a analogia sim. Para ele se o Galo está ganhando todas porque não usar esse fato para ajudar o time dele a ganhar também? Analogia é isso. Usar um fato consumado e firmado no direito para julgar um outro semelhante. Só que no caso em tela a semelhança é mera ficção. Por isso é preciso distorcer o fato, jogo Uberlândia X Purpurina para fazer analogia com o time do Galo. Analogia ficcional.

    • Boa Paulo !Clarice Lispector já dizia : _ " Decifra-me ,mas não conclua ... Eu posso te surpreender." Forte abraço meu amigo !

      • Obrigado, Galodamata. Clarice Lispector era realmente cheia de surpresas, mas, facilmente decifrável. Benjamim Moser que o diga. retribuo o forte abraço acrescido da certeza de uma grande vitória no sábado. Aqui é Galo e sem surpresas.

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