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HORA DE DANÇAR CONFORME A MÚSICA

Ricardo Galuppo

Já passou da hora, na minha modestíssima opinião, de o time do Galo e a Massa passarem a agir de acordo com sua superioridade regional e deixar de se deixar enredar pelas maquinações dos adversários mineiros. Aquilo que se viu no sábado, no campo do Sete de Setembro, serve de alerta! Por muito pouco, no primeiro tempo, o Atlético não foi vítima das armações dos adversários — que se jogavam ao chão e faziam cara de dor logo depois de descer a bordoada.

No jogo do sábado, enquanto quis atuar com a bola no chão e trocar passes para encontrar espaço na retranca adversária (como no lance que aconteceu, por exemplo, aos 15 minutos do primeiro tempo, quando a bola passou pelos pés de todo ataque antes se perder pela linha de fundo), o Galo parecia aceitar o antijogo de um time violento, chorão e dissimulado. No segundo tempo, sobretudo depois da entrada do indispensável Keno, o time obrigou que o adversário ampliasse a linha de marcação, o que deu espaço que que o miolo do ataque pudesse trabalhar.

Explorar as alternativas fornecidas por um elenco rico e variado, como foi feito no sábado, será fundamental para furar as retrancas que serão sua rotina ao longo da temporada de 2022. “Time a ser batido”, como se diz por aí, e estudado por todos os adversários, ele terá que aprender a variar o ritmo e dançar conforme a música, como fez no sábado.

Antes que me critiquem por dirigir palavras mais duras a um oponente que muitos ainda tratam como um coitadinho que luta para conquistar seu lugar entre os grandes, vou logo me explicando. O América que derrotamos no sábado é nosso principal adversário em Minas Gerais — e como tal deve ser tratado. Enquanto o Campeonato Mineiro continuar existindo no formato atual, precisamos considerá-lo um inimigo — e não um irmão caçula de quem se admite certas traquinagens. Isso é sinal de respeito.

Mas, aqui entre nós… não será com faniquitos, simulações e pantominas, como as que ensaiou no sábado no gramado do campo do Sete, que o América conseguirá superar o Guarani do Paraguai e prosseguir na Libertadores… deixa esse assunto para lá. É melhor mudar o rumo da prosa antes que ela fique chata. Afinal, estamos aqui para falar do Galo e não da segunda força do futebol mineiro, não é? Então vamos lá!

DINHOS E PATRICS

Voltando ao tema da necessidade de adotar uma postura e assumir uma opinião à altura de nossa superioridade, precisamos entender que a manutenção da liderança (não em Minas, mas no Brasil) exige trabalho e sacrifício. No sábado, enquanto o jogo ainda estava 0 a 0 (o primeiro gol só saiu aos 27 do segundo tempo), vi na internet gente pedindo a cabeça do treinador! Calma, pessoal! Não se constroem novos caminhos com velhas práticas! O que se viu no sábado, no campo do Sete, foi o primeiro teste real do ano. Esperar do time mais do que ele mostrou, sinceramente, é pedir para queimar etapas fundamentais no caminho que ainda temos pela frente!

Com um elenco recheado de craques e um esquema tático que funcionou com a precisão de um relógio suíço no ano passado, é natural que a Massa tenha elevado seu nível de expectativa e se tornado mais exigente em relação ao time do Galo. Erros que não chamavam tanta atenção na época em que o clube raspava o fundo do cofre para formar um elenco minimamente aceitável tornaram-se imperdoáveis depois que tudo começou a dar certo. O limite para erro tornou-se mínimo.

O certo é que, nas novas circunstâncias — e, felizmente — ser jogador ou treinador do Galo tornou-se uma missão mais difícil do que era antes. O problema é que, junto com a exigência de qualidade, veio a impaciência capaz de destruir boas oportunidades. Se o sujeito não brilhar desde o primeiro minuto, poderá se tornar vítima das cornetagens parecem ter aumentado depois que o time subiu de nível. É do jogo!

Nesse ambiente, por mais que os jogadores mais jovens se esforcem para mostrar suas qualidades, sempre haverá alguém dizendo que eles precisam fazer mais. Pouco tempo atrás, o ótimo goleiro Éverson era o alvo preferencial das bordoadas desses mais apressados. Não adiantava ele fazer cinco ou seis defesas espetaculares ao longo da partida. Um gol marcado por um adversário que entrasse livre e disparasse uma bomba a queima-roupa bastava para que as cornetas começassem a soar.

Eu, da minha parte, me impaciento diante da crítica fácil. Tendo a me simpatizar com os jogadores que se tornam alvos dos julgamentos mais implacáveis. Enquanto vestiram a camisa do Galo, defendi até os Dinhos e os Patrics da vida que, mesmo sem um repertório técnico refinado, se entregam de corpo e alma para o time. (Por falar em Patric, que papelão aquele de simular que foi agredido pelo Arana, hein? Ridículo!). Tomando como base o que leio nos poucos grupos de que participo, o alvo preferencial da turma tem sido o atacante Fábio Gomes.

IMPACIÊNCIA

Desde a primeira vez em que pisou num gramado com a camisa alvinegro, no empate em 1 a 1 com o Villa Nova, o jogador de 1m92 vem sendo comparado a outro centroavante grandalhão, o argentino Franco di Santo, que teve por Minas Gerais uma passagem marcada pela falta de intimidade crônica com a pelota. A sentença de que o menino não presta parece ter sido decretada desde o início e antes dele tocar na bola pela primeira vez já tinha gente, talvez inspirada pela moda do cancelamento que anda contaminando as redes sociais, dizendo que Fábio Gomes não servia para jogar no Galo.

Jogadores como ele, que não têm o drible fácil nem a habilidade dos craques, sempre demoram um pouco mais para ganhar o coração da Massa. Para isso acontecer, Fábio Gomes terá que melhorar o desempenho e passar a demonstrar uma eficiência que não teve até agora. Para isso, ele precisa de apoio — e não de cobranças exageradas. É necessário que se encare e explore a estatura do jogador como um trunfo, ao invés de tratá-la como um sinal de falta de habilidade.

No limite das minhas possibilidades, peço que os mais impacientes esperem um pouco mais antes de carimbá-lo como inepto. A atual diretoria de futebol mais acerta do que erra na busca de jogadores e é muito pouco provável que o atacante tenha sido contratado sem que Rodrigo Caetano tenha feito uma avaliação criteriosa de suas características.

No jogo contra a URT, na quarta-feira passada, o rapaz parecia tão deslocado quanto Hulk nas primeiras partidas (se eu menciono a fase de adaptação do nosso craque é justamente para lembrar que, caso a diretoria tivesse se deixado levar pelas cornetagens iniciais, teria aberto mão do melhor jogador do Brasil. Ainda bem que isso não aconteceu!) Jogando como segundo atacante e caindo pela direita, Fábio Gomes pouquíssimas vezes se posicionou na área para transformar sua estatura em arma de ataque.

Com 24 anos, Fábio Gomes já não é um garoto. Tem a mesma idade de Guilherme Arana, que se destaca a cada partida. É um ano mais novo do que Savarino e um ano mais velho do que Zaracho — outro que, até encontrar sua posição em campo, foi visto por muita gente como uma contratação cara demais para o que era capaz de entregar. Acho que com um pouco mais de treino e de autoconfiança, o jogador acabará repetindo a história de outros que tiveram que se esforçar em dobro para conquistar o coração da massa.

EXEMPLO A SER SEGUIDO

O caso mais emblemático de jogador que parecia ter tudo para dar errado mas que acabou se tornando um grande ídolo, sempre é bom lembrar, é o de alguém que parecia ter muito pouco a oferecer além da determinação de dar certo. Refiro-me, claro, ao grande Dario José dos Santos. Antes de se consagrar como o artilheiro que não perdia a oportunidade de mandar a bola para o fundo das redes, costumava dizer), Dario penou.

Com pouco carinho pela bola e uma incrível insistência em usar a canela ao tentar dominá-la, Dario só foi capaz de marcar os 211 gols que fez com a camisa do Galo porque seguiu ao pé da letra todas as instruções de Yustrich. Se empenhou, treinou mais do que os outros, aperfeiçoou o chute, ganhou impulsão, calibrou o cabeceio, aprendeu a se posicionar, ganhou velocidade e se tornou uma máquina de fazer gols. Eram gols de canela, de barriga, de cabeça, de peito de pé, de bico, de tudo quanto é jeito. “Não existe gol feio; feio é não fazer gol”. Tornou-se um jogador indispensável para o Galo e conquistou definitivamente um lugar no coração da massa.

Se isso vai acontecer com o Fábio Gomes são outros quinhentos. Para que aconteça, ele terá que se apoiar nas lições de Dario e de Hulk, se desdobrar e se empenhar mais do que os outros para mostrar que merece um lugar no elenco. Ele precisa ter chances e saber aproveitá-las. O que a massa não pode fazer é cancelá-lo e pô-lo para correr antes que possa mostrar a que veio. Isso não seria uma atitude Atleticana!

Blogueiro

View Comments

  • DEU NO SUPER ESPORTES , QUE O GALO ESTÁ FAZENDO UMA LIMPA NAS CATEGORIAS DE BASE . VÁRIAS DEMISSÕES FORAM FEITAS , INCLUSIVE DOS TÉCNICOS DO SUB 15 E SUB 17.
    ESSA LIMPA PRECISA SER PROFUNDA.

    ATÉ QUE ENFIM.

  • O Flamengo joga no 3-5-2, então esperem um meio campo fortíssimo na decisão do fim de semana. A verdade é que um jogador cansado que não aguenta marcar, não pode jogar no galo, pois sobrecarrega todos os outros companheiros. O Cuca viu isso contra o Bahia, e não mais escalou o Ex River Plate como titular, espero q o Turco não faça essa loucura no fim de semana

  • Bom dia!!!

    Prezado Galuppo,

    Sobre o protagonismo no futebol, em seu ótimo texto, penso que o Atlético está a caminho de sê-lo no Brasil, mas...

    No futebol, o que conta são resultados, triunfos e conquistas.

    Vitórias atraem vitórias e trazem confiança. Derrotas atraem derrotas e geram desconfiança.

    E o protagonismo, no mundo do futebol, é do time vencedor.

    Simples, assim...

    Então, para se impor no cenário estadual, nacional, continental e mundial, o protagonismo se estabelece em cima de vitórias, triunfos, conquistas, taças e canecos.

    Essa é a realidade!

    Para se manter no topo do protagonismo, há que se ter um projeto sustentável, no campo administrativo e financeiro, e vencedor, no campo desportivo.

    Como há uma dívida bilionária em curso, que continua lá como assombração, não há falar em sustentabilidade financeira até que essa questão seja revertida e invertida.

    Em suma: o Atlético não é protagonista de nada, ainda, queiramos ou não, a despeito das conquistas recentes, o que foi muito bom, mesmo que a custa de mais endividamento.

    A dívida bilionária, de longa data construída, impõe o seu equacionamento a fim de que o Clube tenha reais condições de disputar qualquer competição na condição de favorito e prevalecer, com os pés nas costas, como o Chelsea fez com o porco.

    Tudo bem que o Clube parece ter encontrado o caminho para tanto. Agora é manter o foco nesse projeto com a benção dos benfeitores que colocaram a carroça atleticana nos trilhos.

    Sobre a torcida, esta continuará emocional, pitaqueira e corneteira, assim como exigente de vitórias e maldizente das derrotas.

    Qualquer derrota que aparecer, dada à frustração do resultado, isso levará o torcedor, por emocional que seja, a enxergar e apontar erros e falhas em curso, a buscar um judas para malhar e cornetar, assim como chamar de burro e pernas de pau aquele ou aqueles que em alguma medida contribuírem para resultados ruins.

    Ao torcedor, só a vitória interessa. A torcida só se dará por satisfeita nas vitórias.

    Do contrário, a corneta é certa!

    Vamo que vamo!!!

    • Confira, veio? Nenhum ficou fora. Enviou?
      Em tempo: por curiosidade fui no spam e lixeira. Nada! Tinha um fake conhecido que já cai direto no spam, fora isso pode ser aquele problema entre a cadeira e o teclado. Esse independe do blogüeiro.

  • Bom dia para todos(as).
    Para mim todo campeonato é importante. O que o Atlético tem feito, como o jogo com o Vila Nova, URT, é de lascar. Já havia feito anos anteriores com o Tombense. Não pode entrar de corpo mole, com jogadores que não estejam entrosados (caso jogo com a URT), que não treinam juntos. O que adianta ter um dos melhores centros de treinamento do mundo? Estão queimando muitos ótimos jogadores da base.
    Quero ver amanhã contra o bom time do Athetic, não pode dar moleza. Tem que jogar com time principal e ganhar bem. Jogador principal tem que jogar para ganhar conjunto, entrosamento. Para que poupar se o jogo com o flamerda é só no domingo?
    Temos que recuperar a primeira colocação. Um absurdo ficar em 2º, 3º lugar.
    Aqui é Galooo p**** em Volta Redonda/RJ

  • Olá amigos da bola!

    Zaracho é nosso 10.

    Nacho reserva e pronto! No Galo, ele jogou pouca bola até o momento, longe de ser craque, não vê quem não quer!

    Keno Hulk, Ademir na frente

    Jogar de forma ofensiva SEU Mohamed

    Marcação alta seu Mohamed

    • Espetacular comentário. Concordo 100% com você. O Flamengo ontem jogou no 3-5-2, ou seja meio campo inchado, se colocarmos o cansado Nacho podemos perder o título ainda no primeiro tempo

  • Boa dia Massa e Guru.

    Se a rede social veio com o intuito de facilitar a comunicação e aproximar as pessoas, é fato que também trouxe os dissabores dos críticos exacerbados e de muitos valentões por ai que se acham o dono da verdade.
    Para o torcedor atleticano não foi diferente, e hoje temos uma classe que já no primeiro tempo do último jogo, pediu a cabeça do técnico, já jogou a toalha dando o ano como perdido e pior criticando a diretoria e prevendo um clima de terra arrasada.
    Estes, como bem lembrou Galuppo, esqueceram que nós somos o time a ser batido, o time que conquistou quase tudo no ano passado e só não foi campeão da liberta por mero capricho.
    Criticar é errado? De jeito nenhum, a crítica sempre será salutar, mas desde que seja com coerência. A crítica por crítica é o pior dos caminhos.
    Querem outro técnico? Então achem primeiro um técnico para indicar, ou vcs acham que foi fácil pro flamerda contratar o seu? E os Gambás não estão sofrendo também? E olha que para estes clubes o apoio e lobby da imprensa são incalculáveis.
    Enfim, o Galo fez o que vem fazendo desde quando Cuca aqui chegou, ou seja, algumas partidas ruins no primeiro tempo e um segundo tempo se não primoroso, consistente.
    Vida que segue, porque o melhor antídoto à estes críticos é provar que eles são somente uma minoria barulhenta.

  • Meu Deus, a cornetada ta aberta. A torcida ta começando a ficar chata. Estamos em inicio de temporada, o time esta ganhando ritimo de jogo, e tem gente já pedindo a cabeça do tecnico. Desculpe, mas ta ficando muito chato, o imediatismo dos cornetas ficou irritante. Se não ganharmos do Flamerda tenho certeza que muitos vão começar a falar que o tecnico nao vale nada que o time é uma enganação,........ Não podemos esquecer que do outro lado também tem 11 jogadores e bons jogadores, não esta na hora de cornetar.

  • BOM DIA EDUARDO , GALLUPO E MASSA ATLETICANA.
    VEJAM BEM COMO SÃO AS COISAS , O NOBRE E PRESENTE AMIGALO GALO ROBERTO ACABA DE TECER ALGUMAS CRÍTICAS AO EXTRAORDINÁRIO JOGADOR NACHO FERNANDES.
    CONSIDERO NACHO UM CRAQUE , QUE SEGURAMENTE É TITULAR ABSOLUTO EM QUALQUER TIME DO BRASIL.
    NA MINHA OPINIÃO , AQUI , DISCORDANDO DO AMIGALO , GALO ROBERTO , ACHO QUE O NACHO TEM QUE SER TITULAR ABSOLUTO NO GALO , SAIA QUEM TIVER QUE SAIR.
    CRAQUE TEM LUGAR GARANTIDO.
    FELIZMENTE O NOSSO MEIO CAMPO ESTÁ RECHEADO DE CRAQUES.
    NO ATAQUE , KENO E HULK SÃO TITULARES , MAS TEMOS AINDA , SAVARINO , ADEMIR , VARGAS , QUE PODEM ENTRAR A QUALQUER MOMENTO E MANTER O NÍVEL.
    FELIZMENTE , O NOSSO GALO ESTÁ MUITO BEM SERVIDO EM TODOS OS SETORES.
    VEJAM BEM , O EVERSON , ANTES MUITO CRITICADO , INCLUSIVE POR MIM , COM UM INÍCIO MUITO INSEGURO , COM MUITAS FALHAS E ATÉ
    FRANGOS , COM MUITO TREINO E DEDICAÇÃO , SE TRANSFORMOU EM UM DOS MELHORES GOLEIROS DO BRASIL.
    AS CRÍTICAS , FIZERAM EVERSON CRESCER E MUDAR DE PATAMAR.
    NA ZAGA TEMOS MARIANO , EM ÓTIMA FASE , PODE SE DIZER , UM DOS MELHORES LATERAIS DO BRASIL.
    NATAN , GODÍN , RÉVER , ARANA.
    ENFIM , O NOSSO GALO É UM TIMAÇO.

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