Roberto Francis Drummond nasceu em Ferros, na Fazenda do Salto, passou por Guanhães, pela minha Araxá e Conceição do Mato Dentro.
Já adolescente, veio para Belo Horizonte, onde se notabilizou como jornalista, escritor e cronista de futebol. Entre suas obras, destaca-se Hilda Furacão, que virou uma minissérie de sucesso na televisão.
Como cronista, assinou por décadas a coluna de futebol no Estado de Minas e no Hoje em Dia. Diariamente, teve espaço como colunista do cotidiano.
Convivi próximo a ele por mais de duas décadas e até hoje mantenho relacionamento com Beatriz e Ana Beatriz – que ele chamava de Tiza e Aninha – sua esposa e filha.
Nos deixou em 16 de junho de 2002, momentos antes da partida entre Brasil e Inglaterra pela Copa do Mundo, que ele – na véspera, me afirmou que seríamos campeões do Mundo.
Atleticano, como nós, Roberto tinha tanta convicção daquele penta que contagiava os amigos. Ele registou isso de maneira clara em sua crônica entregue ao “Estado de Minas” (ele datilografava seus textos numa máquina manual) com o Benjamim Abaliac – também falecido em 2014 próximo à Copa no Brasil – e deixou um grande vazio para seus leitores, amigos e a Nação Atleticana.
Teria inúmeros casos dele pra contar, afinal era meu “caroneiro” na maioria dos jogos do Galo. Morando ao lado do Corpo de Bombeiros, na Rua Piauí, ele marcava o horário de saída. Aos domingos, pontualmente, às 14 horas, se adiantasse, ele não descia; se atrasasse, ele reclamava.
Minha filha, hoje beirando 28 anos, curtia a presença dele no trajeto. Impunha um CD da Bete Carvalho, mas não era “Vou festejar” a música favorita e sim “Andança”, que fazia repetir inúmeras vezes na ida e também na volta do Mineirão.
Tenho comigo que Roberto foi o maior cronista da nossa vida Atleticana, seguido de perto hoje pelo extraordinário Fred Melo Paiva. Roberto sabia ouvir a voz – às vezes silenciosa – do Torcedor e foi assim que ele lançou para a eternidade a frase que está afixada na sede de Lourdes. “Se houver uma camisa preta e branca pendurada no varal durante uma tempestade, o Atleticano torce contra o vento”.
Tive o privilégio e sinto orgulho (nada parecido com vaidade) de ter convivido de perto com essa figura adorável que foi Roberto Drummond. Sempre que encontro com Tiza e Aninha são bons minutos de boa recordação daquela época. Geralmente, as duas passeiam pelo Pátio, seguramente, percorrendo os passos que Roberto faria se ainda estivesse entre nós. A Savassi, onde inclusive tem uma estátua de bronze sua em tamanho real, era o quintal da casa do Roberto.
Foram muitas e longas resenhas, tanto e principalmente, em torno do nosso Galo quanto dos movimentos pela redemocratização no Brasil, que vivemos juntos e intensamente nos anos 70, 80 e 90.
Divido esse sentimento com o Torcedor Atleticano numa singela homenagem ao cronista que nunca escondeu sua paixão pelo Galo.
Em tempo: Sobre Luan e outros nomes que podem sair e chegar, falo amanhã, uma vez que nada do que vem sendo dito tem quem assuma no Galo, tampouco transparência do que está acontecendo.
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Esse poetismo e sentimento descritos nestes textos talvez tenham sido bons e funcionado no tempo em que Lugalo, Lucy e outros aqui foram jovens. Parabéns para vocês que desfrutaram disso. Ponto.
Mas os tempos mudam e os homens mudam com eles. O mundo de 2018 é de resultados, e gostem vocês ou não, é neles que vocês estão vivendo.
Então não venham querer impor seus padrões de valores para gerações que pensam e sentem distinto da sua.
Ficamos pra trás no tempo e me parece muito estranho celebrar sobre o que não se viveu plenamente. Ser 'verdadeiro atleticano' , seguindo os seus critérios de valores , vale para vcs , amigos , parentes e alguns ou muitos da sua geração. Para 2018, a frase de Roberto Drummond já não cola mais. Canseira este negócio do jardim rival constantemente verde e o nosso terra seca.
Chega desse discurso porque já deu.
Uma sociedade sem passado e sem história está
fadada ao auto-extermínio , e se aqui chegamos
foi por termos vivido o que vivemos , aprendido
com aqueles que nos legaram os seus dons ,que
compartilharam conosco a sua sabedoria e arte .
Pena que hoje muitos dos jovens atleticanos só
tenham ouvidos para os versos de Anitta e Vittar.
Eu tenho vinte e poucos anos e não ouço Anitta , nem Pablo Vittar. Porque particularmente não gosto. Mas como gosto de música e tenho algum conhecimento - por conta de meu pai - poderia elencar uma lista de boas e de merdas dos anos 60, 70, 80 e 90. Muita gente ouvia Genival Lacerda décadas atrás sabia? Na minha época, em 2018, tem muita coisa boa sendo feita, mas não somos mais reféns de 4 ou 5 canais 'oficiais' (com seletor) obrigados a assistir um humor pastelão como foi o dos Trapalhões, por exemplo. Não estou totalmente aqui a dizer se foram bons ou ruins (pois não os peguei na minha infância), mas há muita coisa mais inteligente e perspicaz sendo feita hoje. Prova disso foi o fato do youtube da Globo ter pego aquele programa dos quatro trabalhadores do transporte alternativo que fazem análise de filmes do cinema. Então, quem quer eleger troféus e porcarias de cada tempo que eleja. Mas não tomemos isso como verdade. São só opiniões: não verdades.
A Belo Horizonte do passado que tinha as belíssimas serenatas como um hábito cultural, também tinha como corrente normalidade maridos que batiam em esposas; e ai de você se fosse preto e quisesse se engraçar na vida; e ainda antes , ai de você mulher que quisesse ir só ou com a amiga no estádio. Mulherzinha vadia. Diga o que tu fazes que direi quem és. Ai que saudade do passado, não é? Como disse o amigo acima, que o senhor fique lá. Prefiro o meu 2018, ainda que com todas as 'purgações' que hajam nele.
E o futebol neste contexto? Novamente citando o que foi escrito acima ... que discurso mequetrefe e chato a fala e postura de tipos como este Lugalo? Não me importa quem seja porque para mim é só um nome virtual. Mas este negócio de 'verdadeiros atleticanos' é fala de funcionário de clube: não é? Como pode? Que antipatia.
É verdade sim que ficamos a ver navios enquanto o outro lado festeja. Isso é de dar nos nervos! Para mim e muitos atleticanos! Não existe mais ir ao Mineirão antigo. Não existe mais viver 'o jeito bom de torcer do passado' ou as coisas ruins também: passar 'de dois na roleta' ou como diz meu pai 'banheiro com piscina de mijo' ou 'recebi uma copada de mijo na cabeça' . Não, acabou.
Saturou sim o fato de ganharmos pouco ou nada. E o futebol é competição sim, é provocação sim. E a cada ano temos menos argumento. Precisamos de títulos sim. Encarar o hexa do rival como normal e nós com um, não dá. Não há verso e prosa que justifique isso. Este negócio de 'só o atleticano sabe o que é ser atleticano' é o mesmo que o gremista fala de si em Porto Alegre, pois já morei lá. E assim deve ser em outros estados e com outros clubes.
Paremos com essa hipocrisia sim. Saiamos da frente do espelho 'ai como sou bonitinho' e cobremos por conquistas. Isso é o que faz um clube e uma marca grande.
Vamos lá : o que te falta é respeito , antes de mais nada.
E um pouco de capacidade de interpretação de leitura ,
de entendimento de um texto .
Ah ! , também te faz falta um pouco de serenidade , que
impediria a grosseria de se referir a outrem , que você
não conhece , como hipócrita .
E o seu discurso sobre a Belo Horizonte de outrora é de
um desconhecimento e relativismo próprios de quem
entende que o mundo foi criado a partir do momento
em que você veio ao mundo para brilhar .
Definitivamente , dividir espaços com gente como você
é uma perda de tempo inaceitável .
Costumo a ler este blog que considero agradável. Quando o Sr. Eduardo escreve, melhor. Nunca me atrevo mas hoje, deixo aqui algumas linhas. Vou me atrever porque o primeiro texto acima e a réplica chamaram-me a atenção.
Nada de mais diz este Julio Paes. Senhor Barata, descabido o seu comentário.
Não me parece que o jovem se refere ao blogueiro, mas sim a outros que comentam no blog. Nada de desrespeitoso pude ler.
E outra, há que se considerar certas coisas e contradições sim sobre a Belo Horizonte 'antiga'. Havia um pouco de tudo que vai ali no texto quando começo a lembrar de cenas e episódios do passado. Cresci no Padre Eustáquio mas trabalhei para gente da TFM (Tradicional Família Mineira) do final dos anos 60 ao meio dos 70, na rua da Bahia. Era um mundo fechado e cheio de injustiças mesmo. Haviam muitas coisas boas e espontâneas que se foram também.
Tudo é sempre assim: se perde e se ganha. Não 'O' tempo bom. Mas algumas coisas podem se pesar.
Boa noite, Massa atleticana!
Queria muito que o Galo fosse campeão brasileiro em 77, o que coroaria um ano mágico do Rei...mas não foi. Queria muito que o Galo fosse campeão em cima da urubuzada no Maraca, mas não foi. Queria muito que o Galo fosse campeão brasileiro esse ano, mas não foi...
Quero muito que o Galo seja campeão brasileiro ano que vem. PORÉM...se não for, eu continuarei sendo atleticano! Isso não tira de mim o direito de criticar, xingar, ficar P da vida nas derrotas e com jogadores medíocres que não merecem vestir a camisa mais linda, que é a listrada em preto e branco. Da mesma forma eu tenho o direito de me encher de esperança de que as coisas vão melhorar dentro das 4 linhas...uai!!
Aqui é só Galooooooooo!!!!!
Julgar sempre sem perder a capacidade de torcer. Questionar torcedores que vao a campo, torcer para o time nao ir na libertadores...
Nao da pra entender...Melhor mudar pro outro lado da lagoa..
Saudades Eternas de nosso querido Amigo Atleticano Roberto Drummond.Conversei com ele um dia antes de sua partida!Galo!
Mariada infiltrada vazem do blog!Aqui é galo sempre e absoluto independente se tem 47,100 ou 200 anos que não ganha o título brasiliero!Isso é choramingas de quem não foi ao Mineirão lotado empurrar o time que mesmo não ganhando título é nossa paixão!Veio a Libertadores e a Copa do Brasil em cim de nosso arrogante freguês azul,que pode ter um milhão de brasileiros MAS NUNCA.NUNCA chegará ao pés do CLUBE ATLÉTICO MINEIRO!!!!
O "Ser Atleticano"
(Roberto Drummond)
O atleticano é diferente de qualquer outro torcedor
É diferente, pois não se restringe a ser
Somente torcedor
Ser atleticano é como casamento
Na saúde e na doença
Nas alegrias e nas tristezas
Mesmo quando a doença parece não ir
E as tristezas teimam em permanecer
O atleticano é capaz de
Após uma derrota humilhante
Pegar a camisa no armário
E sair às ruas
Mesmo sendo alvo de piadas
Isso por que o atleticano não torce por um time
Torce por uma nação
E tal qual em uma guerra
Um cidadão não renega um país
Mesmo que a derrota seja grande
O atleticano apóia seu time na derrota
Pois os obstáculos engrandecem
Seu sentimento de nacionalismo
E que me perdoem os que têm apenas títulos
Claro que são importantes
Mas o atleticano tem algo que os outros nunca terão
Tem paixão!
Tenho o livro dele na minha cabeceira .
Sou um ‘Ser Atleticano’, tão bem definido por esse grande escritor. Diria que na nossa Igreja Universal do Reino do Galo, Drummond é o Papa, único e insubstituível.
Obrigada Drummomd, por discorrer tão bem sobre o que é viver Uma PAIXÃO em Preto e Branco! Narrar os dogmas da nossa Igreja, pregar a Doutrina da Atleticanidade, ter deixado tantos ensinamentos sobre maniqueísmo e por ter excomungado os hereges.
“Toda manhã, quando acordo, eu rezo: Obrigado, Senhor, por me ter dado a sorte de torcer pelo Atlético.”
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E somente sendo tão iluminado como o Senhor Eduardo para conseguir conviver tanto tempo com sugadores de energia. Socorro!
Torcer e sofrer tal como Jesus Cristo na Cruz. Oh senhor perdoai os hereges eles nao sabem oque querem. Alias sabem so que estao no templo errado.
Sofre e torcer esse é o ideal
Boa tarde Domingos.
É tão bom comemorar vitória sobre o Paraná, vitória sofrida por 1 x 0 com dois jogadores a mais. É tão bom comemorar 47 anos sem conquistar o título brasileiro!
É tão om comemorar o 6º lugar no brasileiro!
Não entendo porque querer comemorar títulos!
Conforme escrevi anteriormente, citando o Cortela, "para se escrever bem é preciso pensar bem".
Quem escreve uma frase dessa citada por você, não PENSA, portanto sofre!
Eu tambem tenho mais de 50 e queria uma ferrari. Tenho emprego, familia, boa vida social e tudo de bom gracas a Deus mas entao sou um fracassado? Para mim nao, agradeco todos os dias por tudo que tenho e por torcer pelo GALO.Pena que a visao de alguns mira as estrelas.
Filosofia de Vida Atleticana de Verdade. Gracas a Deus indo pra bodas de ouro na minha vida.
Bom dia amigos do Galo. Para por fim as especulações, seria bom que alguém da diretoria do Atlético explicasse a saída do Luan. O jogador é ídolo da torcida, declarou que queria ficar no Galo, tem o contrato renovado e de repente se torna reforço do Corinthians? Ele foi vendido para o Corinthians? Como? Quanto? Ele foi emprestado sem custos ao Corinthians? Porque?
Pois é... o tempo passou e o mundo se transformou, quase que por completo. O significado “das coisas” já não são os mesmos. É a vida, é bonita...
Lembro-me do fim de minha infância e início da adolescência, lá no final dos anos 80, início de 90. Ir ao campo de “baláio”, 1204 (cidade industrial/venda nova), uma viagem. Descia até a via expressa, onde já pegava o ônibus cheio e ia em pé. Baixinho, magrelo, por vezes fazia algumas travessuras transgressoras. Ir ao estádio somente com amigos, por vezes escondido dos meus pais que se preocupavam com minha segurança. Passávamos juntos na catraca, pagando somente uma passagem, e entravamos como “crianças até 12 anos” que tinham direito ao acesso gratuito, sem precisa de carteirinha (nem de mostrar identidade). O dinheiro, pouco, “economizado” na passagem e no ingresso, era transformado em tropeiro e picolé. Chicabom. E vejam que os preços eram outros, mais acessíveis. Mas, à época, eram considerados “salgados”. A insegurança e violência eram menores. Mas, à época, eram consideradas preocupantes. As transgressões cometidas no transporte e no acesso ao campo eram admitidas como “erro”, assim como sair sem o conhecimento dos Pais. Talvez por isso, felizmente, não se firmaram na formação de nossos caráteres (meu e dos amigos), ainda que sejam relembradas, hoje, como travessuras.
E amávamos o Galo! Amamos o Galo! Ver o Galo jogar era uma felicidade extrema. Nas conversas, nos “debates”, nas zoações, sempre utilizávamos um argumento infalível (eu diria, invencível) aos torcedores adversários: nossa paixão pelo Galo! Reconhecida nacionalmente, ainda hoje. E, como um golpe finalizador, recitávamos: “Se houver uma camisa preta e branca pendurada no varal durante uma tempestade, o Atleticano torce contra o vento”. Que frase! Arrebatadora, genial. Nós, atleticanos, nos identificávamos ali.
Os tempos mudaram.
Hoje, não faltam críticas a nossa Atleticanidade, a nossa paixão. Ao ponto desta ser apontada como motivo para os insucessos de anos, assim como o atual. Éramos chamados, todos, de Atleticanos. Hoje...Torcedores atuais, modernizados, antenados, “expertos”, preferem ver os jogos no pay-per-view, bebendo uma gelada “artesanal”, ou um vinho estrangeiro, harmonizado com queixos ou massas. Se o time tá ruim, fazem movimento “torcida zero”. Ao invés de apoio, cobrança. Ao invés de união, distinção: uns se intitulam “verdadeiros”, mas são chamados de alienados, enquanto outros se consideram “realistas exigentes”, mas são considerados “falsos e modinhas”.
De certo, no muro não fico. Pois ainda me apego ao maior sentido da frase: enquanto existir o Galo, torcerei por ele!
Mas, ainda assim, respeito os questionadores:
“Porque uma camisa preta e branca, e não somente preta, ou somente branca? ”, “irresponsabilidade deixar uma camisa no varal”, “o que a essa diretoria fez para conter a força do vento? ”, “por isso que o time não vai pra frente: torcem até pela camisa...”
Torcedor virou cobrador. Mas não o de ônibus, que permita nossas estripulias, pois estes estão deixando de existir. Espero que o torcedor do Galo, não!.
Saudações alvinegras!
Parabéns pelo texto! Roberto Drummond teria assinado junto!
Caro Souza, texto irretocável. Bravo, bravíssimo. *APLAUSOS*
Sensacional texto, Souza!
Nessa epoca havia o prazer a paixão e o Amor pelo GALO. Hoje existe a cobranca cega por resultados. Se nao ganha nao presta. Hoje visa-se apenas o momento e o material, oque importa e ser maior, nao importando o passado ou o sentimento. Robos teleguiados querendo apenas as vitorias e na derrota merece a morte tal qual nas arenas romanas. Ainda bem que sou de outra epoca.
Concordo, meu caro, concordo demais! SAN
"Textaço" , Souza !!!