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Cai ou não cai?

Max Pereira
@pretono46871088
@MaxGuaramax2012

Antes, durante e após o jogo contra o Bragantino o que mais se viu e ouviu nas redes sociais atleticanas e até mesmo de forma velada e cifrada na mídia convencional foram elucubrações sobre a queda do turco Mohamed. Apostas, desafios e sacadas no sentido de que o treinador argentino, naturalizado mexicano, não resistiria às próximas três partidas, de que talvez não conseguisse resistir a um resultado adverso diante do Red Bull e de que, mesmo “prestigiado” pela direção alvinegra, ele sabe que está por um fio no comando do time atleticano, eram conjecturas, opiniões e vaticínios jogados a esmo aqui e ali, tal e qual um monte de barro atirado a uma parede ou a um muro: se colar, colou.

O Atlético, como sempre, é um vulcão dormente que pode entrar em erupção a qualquer momento, graças a uma maldição que parece inata e insuperável: o Galo é uma geratriz incontrolável e inesgotável de crises. Há muito ouvi uma frase que sempre rememoro nestes períodos de ebulição deste incandescente e maluco alvinegro das alterosas: O Atlético não precisa de inimigos.

Em meus últimos artigos, seja aqui neste espaço, seja em minha coluna “PRETO NO BRANCO”, no Fala Galo, tenho alertado para a necessidade imperiosa e urgente de se fazer um diagnóstico acurado e realístico sobre as causas dessa queda brutal de rendimento da equipe atleticana.

Em qualquer atividade humana, em qualquer projeto, em qualquer obra de engenharia, e também no futebol, correções de rota e ajustes são sempre necessários, pois nada na vida dura infinitamente¸ porque os imprevistos, os erros e as falhas acontecem e porque ninguém e nada ficam no topo indefinidamente. Já escrevi mais de uma vez e vale sempre a pena repetir que permanecer no topo, i.e., na prateleira de cima, é muito mais difícil e complicado do que chegar lá. E, por isso, o grande desafio é se planejar, tomar decisões e executar ações para permanecer o maior tempo possível lá ou próximo de lá e, quando os momentos de baixa chegarem, e sempre chegam, lá permanecer o menor tempo possível.

Até o mais incauto dos observadores já tinha percebido que em razão da temporada vitoriosa de 2021 e o inicio também vencedor de 2022, o Atlético seria o time a ser batido. Não sem razão, todo e qualquer adversário do alvinegro das Gerais entra em campo como se fosse disputar um título mundial, como se fosse o jogo decisivo das carreiras de cada um de seus jogadores e de seu treinador. A motivação dos jogadores adversários e a eletricidade que paira no banco rival, muitas vezes alimentadas por incentivos extras, são meras consequências da vontade de bater aquele que é tido como o melhor do Brasil e, claro, de usufruírem os bônus decorrentes de um sucesso. Cabe ao Atlético, portanto, se preparar contra tudo isso.

Claro que, além das dificuldades impostas pelos adversários que sempre buscam anular o melhor do time atleticano e, ao mesmo tempo, explorar os calcanhares de Aquiles da equipe alvinegra, a mudança de treinador e consequentemente da forma de jogar, também conspiram contra o Galo mais famoso e mais querido do mundo. Mas, isso explica apenas em parte a irregularidade do time e as dificuldades que o Atlético vem encontrando jogo após jogo e preocupando sua imensa torcida.

Ah! Mas devemos reconhecer que a ideia de jogo que Mohamed vem introduzindo no Atlético e provocando significativas alterações táticas na forma do time jogar, são assimiladas em velocidades e em tempos diferentes pelos jogadores.  Sim, claro. E essa é uma das principais razões da queda de rendimento de Zaracho e do crescimento de Nacho Fernandes. Da mesma forma que diziam que Allan e Jair não podiam jogar juntos, agora dizem que Zaracho e Nacho também não podem jogar juntos. Tudo é uma questão de ajuste e de tempo para ajustar o que tem que ser ajustado. Mas, volto a repetir: isso não explica tudo.

Quando se vê um jogador como Jair mal conseguindo se movimentar em campo, apagado e engolido por uma letargia mental estranha, quando se vê alguns atletas como Hulk no jogo contra o América e Arana na partida contra o Bragantino excessivamente tensos, quando se vê o goleiro Everson na saída de bola sem inspiração, aparentando não saber o que o fazer e depois distribuindo passes e lançamentos de riscos, quase sempre devolvendo a bola para o adversário, a ponto de fazer Nacho Fernandes explodir de raiva e reclamar de seus companheiros de defesa acintosamente, quando se vê um numero crescente e variado de jogadores oscilarem recorrentemente e quando se vê que o time perdeu a alegria e não sorri mais, é sinal de que algo não vai bem.

A bem da verdade e da justiça, abro um parêntesis para dizer que, diante do Bragantino, o Atlético fez a sua melhor partida neste campeonato brasileiro até então. Isso não quer dizer, porém, que o time tenha sido brilhante e que tenha encantado a sua torcida. Longe disso. Mas, já se viu uma “tesão” para ganhar o jogo que já fazia tempo que não se via. O Atlético apenas jogou melhor e mais ligado do que vinha jogando nessas últimas partidas.

Mohamed tem qualidades sim. Talvez eu receba muitas pedradas por escrever isso. Uma dessas qualidades é o fato de ser bom de grupo e querido de seus comandados. Hulk há algum tempo, Arana recentemente e agora Nacho saíram em defesa do treinador. Em comum nas declarações destes três jogadores a boa relação do Turco com o grupo. Ah! E tem recursos táticos também. Por que não os está conseguindo utilizar plena e eficientemente é o que deve ser investigado e solucionado.

Cuca precisou de um choque de realidade para que o seu trabalho entrasse nos eixos. Diagnosticar o que Mohamed precisa para que a sua ideia de jogo deslanche é o que os próceres atleticanos devem priorizar. Aliás, já deveriam ter priorizado desde sempre. Ganhar ou não os títulos que está disputando será consequência do que o clube fizer e do que o campeonato direcionar. Vamos cuidar do aqui e agora. Se o Galo vai buscar efetivamente todos os títulos em disputa ou se vai ganhar todos ou algum deles, o tempo e o trabalho dirão.

E o que a torcida deve priorizar? A cobrança inteligente e construtiva. Ficar nessa ciranda louca do “vai cair ou não vai cair” é improdutivo, depressivo e, para o clube, um formidável fogo amigo.

Blogueiro

View Comments

  • Infelizmente a mídia de um modo geral procura aparecer mais e divulgar menos.
    Exploram e potencializam erros como se fossem donos únicos da verdade.
    Comercio de "mercadorias" onde super valorizam o próprio trabalho em busca de melhores preços.

  • Olá amigos, realmente os adversários do nosso Galo jogam como se fosse o jogo da vida, prova disso é que em vários programas esportivos os comentaristas não se cansam de dizer que a melhor partida do flamengo este ano foi a final da supercopa contra o Galão, dito isto gostaria de deixar só um pequeno pitaco a respeito das críticas ao time ao técnico claro, para os de memória curta vale lembrar que ano passado nessa mesma altura do campeonato estávamos com 10 pontos só 1 a mais que agora e cuca também se encontrava na corda bamba, todo time tem um momento de queda no brasileirão ano passado o nosso foi justamente nesta etapa da competição ou seja no início depois disso sabemos bem o que aconteceu, quem sabe este ano seja igual, melhor agora do que no meio da competição como aconteceu em 2021 e nós perdemos o título mais fácil que já vi. Abraços alvinegros.

  • O ser humano é mesmo difícil de entender.
    Quando vejo jornalistas, bancários, comerciantes, donos de empresas, auxiliares de escritório, etc falarem mal do trabalho do Turco, fico pensando num negocio chamado empatia.
    Esse pessoal não entende que o futebol é muito dinâmico, e esse dinamismo o torna imprevisível.
    Você vai do céu ao inferno num instante, sem escala.
    Quando o Galo ganhou do Flamengo, vários jogadores perderam pênalti.
    Se os caras do Flamengo tivessem marcado, aí essa turma que só sabe criticar ia dizer que o time foi mal escalado, que fulano não devia bater o pênalti, que as substituições não foram corretas,bla,bla,bla.
    No futebol, um erro pode pôr tudo a perder.
    Já no jornalismo,nas empresas,nas bancas de revista todo mundo pode errar que dá tempo pra consertar.
    Perguntem ao Silvestre, beque do Galo em 80, se ele pudesse voltar atrás,se ele não mandava a bola que deu o terceiro gol e o título aos cariocas, pra linha de fundo.
    O cara é criticado até hoje e vive amargurado.
    E assim acontece com tantos outros....
    Um segundo significa glória ou fracasso.
    Alguém num comentário perguntou
    Pra tirar o Turco, quem vamos trazer?
    Então, pessoal que gosta de crise, parem de falar e se coloquem no lugar do outro.
    O Galo tá bem e já ganhou dois títulos esse ano.
    Vocês fariam melhor?
    Que torcida pé no saco essa nossa!

  • Permita-me amigos de espaço
    Aos que acham que o técnico deva cair fica a pergunta: trazer quem?
    Esta pergunta vem retumbando este espaço há tempos, sem que ninguém até agora tenha se proposto a responder.

  • Boa tarde.
    Excelente texto. Profunda interpretação da situação.
    Então, como já sugeri a outros comentaristas/blogueiros, vamos fazer chegar essas ponderações á diretoria e ao Turco.
    Creio que é a melhor forma de ajudar.
    Gaaaalooooooo! Sempre!

  • Boa tarde, Max, Xará e Amigalos!
    É unanimidade que o GALO não consegue ser o mesmo de 2021 por vários motivos sendo alguns deles: o banco de reserva perdeu qualidade de atacantes, o bipolar Keno voltou a má fase, a tática defensiva de El Turco para o time do GALO é iniciar a marcação do adversário quando o adversário já está perto ou dentro da nossa grande área, demora na substituição de jogador visivelmente cansado ou fora de forma e titular do time. Por estas e outras que estou com minhas barbas de molho. Espero reação no próximo jogo. Acorda Turco!!!!

  • Coincidência ou não, o time começou a cair de produção depois que o técnico participou do Bem, Amigos no SporTV.
    Que zica...

  • Já vai tarde quem nunca deveria ter vindo. Melhor que esse pseudotreinador, há dezenas brasilzão afora.

  • Futebol é simples demais :
    dez caras chutando uma bola pra colocá-la na casinha adversária e um pra não deixá-la entrar na nossa .

    Ah , e um outro do lado de fora só observando o que se passa em campo .

    Portanto , quem resolve mesmo a parada é quem chuta a bola : se estiver bem , tá tudo resolvido .

    A função do que está do lado de fora é ter moral pra sacar o que está mal em campo ( coisa que o torcedor na arquibancada também vê ) , e só .

    Assim , o "melhor elenco do Brasil multi-campeão" ano passado venceu as competições por estarem seus chutadores de bola em um nível elevado de acertos .

    Nada além disso , e por isso mesmo , não houve juiz , não houve VAR , nem entidades malignas e tenebrosos conspiradores do eixo do mal que impedissem as conquistas .

    A que deixamos de vencer foi por falhas estritamente nossas , de um dia ruim de nossos atletas .

    • Caro Barata!
      Que bom que o futebol não seja uma ciência exata. Você, em sucinta síntese, destrinchou o que realmente é o jogo. Permita-me apenas acrescentar que, às vezes, existem jogadores que esquecem em qual time está jogando e mata de ódio os torcedores chutando a pelota para o seu próprio gol. Gol contra não deveria fazer parte do nosso vocabulário futebolístico. Não deveria ser gol contra, mas gol de jogador sem visão de jogo. É muito gratificante que você tenha voltado ao nosso convívio diário.

  • O time do atlético teve seu elenco enfraquecido em 2021. Saíram Diego Costa, Nathan, Hyorran, Alan Franco e agora mais recente saíram Savarino e Dylan e outros menos importantes. Jogadores que não eram titulares, mas que ajudavam a manter um ritmo de jogo mais intenso quando entravam nas partidas no segundo tempo.
    No jogo contra o Bragantino ficou claro que o Turco não tinha peças no banco para mudar o cenário da partida. Hulk de fora. Vargas, Dodô e Mariano contundidos. O único que entrou e que possui alguma qualidade foi o Ademir ( perde gol demais e não toca a bola para o companheiro melhor colocado). Rubens é promessa e Sávio ( já vendido) já jogou umas 20 partidas e nunca fez um gol ou uma jogada que justifique o status de craque.
    A diretoria 'liberou' vários jogadores ( para enxugar a folha) e não fez reposição. O elenco é mais fraco que o de 2021. Só chegaram Ademir, Godin, Otávio e Fábio Gomes ( quem????).
    Quem não vê isto, deve ser 'amigo da diretoria' ou tem algum compromisso com os mesmos. Sobre a diretoria, disseram que iriam aumentar a dívida do Galo, para formar time vencedor e aumentar as receitas. Aumentaram as receitas e agora querem vender a outra metade do Diamond pelo mesmo valor que a outra metade foi vendida há tempos atrás. Se há alguns anos foram 300 milhões pela metade ( para construir Arena), como agora estão falando em 300 milhões pela outra metade? Se tudo subiu neste últimos anos, só o Diamond não se valorizou?
    Colocar a culpa no técnico é no mínimo muito oportuno. Ou há interesses que a torcida não sabe.

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