Aqui é Galo, por#@!

Que bom chegar ao final de quarta-feira, que ainda não foi a do Goulart, e constatar que os ânimos Atleticanos se acalmaram após o revés do clássico. Vocês sabem, detesto perder para aquela gente, mas, sim, fomos derrotados. É normal, nestes momentos, que o sentimento se divida entre otimismo e receio. Não quer dizer, todavia, que exista Torcedor maior e Torcedor menor. Somos, todos, do Galo, unidos na mesma fé. Troquei e-mails com o Alex e com o Paulo. Pessoas de diferentes convicções, mas com a mesma prioridade: Clube Atlético Mineiro.

Aproveitei o embalo e reli postagens e comentários anteriores. Minha cabeça foi lá nos meus tempos de infância, em Araxá. Já contei aqui que meu pai era flamenguista e meu irmão mais velho, estudando em Belo Horizonte, tentava me persuadir, a fim de que eu torcesse para um time emergente em Minas Gerais nos anos 60. Para minha felicidade, um cunhado Atleticano me mostrou o lado bom da capital mineira.

Sendo do interior, numa época em que nem televisão tinha, eu ouvia apenas a Rádio Tupi de São Paulo e do Rio de Janeiro. De modo desgraçado, o Brasil se resumia aos dois Estados, mesmo assim vivi experiências inimagináveis. Meu pai era um pequeno produtor rural e passava quase todos os dias na fazenda. Acompanhando seu esforço, fui premiado e pude ver ordenha manual em vacas, assistir a parto de bezerros e potros, e acompanhar, de camarote, galinha botando ovo. Metia o bico e tratava de ajudar.

Hoje, tudo isso parece fantasia. Tem criança que acha que ovo é industrializado, frango é coisa branca dentro de geladeira e leite é fabricado e colocado numa caixinha de papelão. Se tive esse privilégio, também paguei caro por demorar a conhecer o Clube Atlético Mineiro.

Só pude ver o Galo no ano de 1968, com dez anos de idade. Voltei para Araxá maravilhado e assumi para meu pai minha definitiva e única opção. Ele morreu anos depois sem me perdoar. Antes disso, numa pré-temporada na minha cidade, o time azul despertou a curiosidade de todos. Apesar de eu ter sete anos, também não fiquei imune e tive curiosidade em saber quem eram aqueles jogadores que diziam ter superado o imbatível Santos.

Na foto, sou a criança agachada, entre três amigas de infância. Em pé: Natal (segundo), Piazza (terceiro) e Tostão (sexto) – Crédito: Arquivo pessoal

O pequeno de sete anos, de modo inocente, aceitou o convite de vizinhos e foi numa casa onde desfilavam alguns jogadores daquela equipe. Guardo esta foto e até hoje ela me serve de chantagem para os algozes adversários – seja de família, contemporâneos e outros – que tentam calar meu sentimento. Recentemente, uma pessoa disse que estava procurando o “retrato” (era assim que chamávamos) para mostrar aos Atleticanos minha presença ao lado do adversário.

Como essa infeliz não conseguiu sucesso, posto a cópia tão desejada. Para “quem não tem culpa no cartório”, não existe nenhum problema e sequer receio. Não devemos entrar na onda dessa gente. Eles querem, a todo custo, provocar a cizânia entre nós. Precisamos ficar atentos, eu principalmente, contra esse tipo de ação de pessoas não Atleticana.

Crédito: Arquivo pessoal

Sabemos o quanto o Galo incomoda. Abaixo, compartilho uma crônica antiga, de 1997, quando já superávamos todo e qualquer time mineiro. Nos tempos recentes, muito mais. Se um Atleticano incomoda muita gente, dois Atleticanos incomodam muito mais, três Atleticanos ainda mais. Oito milhões, então, enlouquecem a minoria.

Crédito: Arquivo pessoal

Com 39 anos, barba curta e preta, e rosto sem rugas. Por outro lado, não troco tudo que vivi, especialmente com o Galo, por outra juventude.

Blogueiro

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  • Continuo com a minha opinião, o time não convence, o técnico não conseguiu mudar nada no time, não vai durar muito tempo, diretoria é muito incompetente, omissa e alguns jogadores deixa a desejar, Rocha, Carioca, Cazares, Giovanni e Robinho, fora alguns reservas que não tem a mínima condição de estar no elenco. Quanto as mariposas, são invejosas, não são torcedores, na verdade são simpatizantes é a pura verdade. O Galo incomoda as meninas. Por isso que temos que ser exigentes, queremos time qualificado e títulos. Não abrimos mão, que nossa diretoria acorde, que nossa torcida cobre, pois aqui é Galo.

  • Eduardo, colocando a paixão clubística de lado, o que essa empresa está fazendo no Independência é errado. Eu sou Galo. Mas se fosse dirigente do América, da mesma forma que eles estão empurrando goela abaixo essas estruturas, sem qualquer respaldo técnico e legal, eu alugaria um tratorzão pra derrubar aquele puxadinho. Outra coisa, se alguém com a capacidade de observação mais aguçada prestou atenção na "obra" sacou logo que quem sentar nos primeiros degraus não terá visibilidade do jogo do lado direito de quem ataca o gol dá parte aberta. Ou seja, estão rasgando contratos, leis e normas da construção civil e futuramente vendendo ingresso em ponto cego. Por favor, tenham consciência, não se trata apenas de querela de torcida, vai muito além disso. Pimenta no olho dos outros é colírio? E se fosse no olho do Galo?

    • Caro Tércio, entendo sua preocupação, entretanto o imbróglio por hora é entre partes que não incluem o Galo. Por enquanto!

      • Eduardo,. O que aparece por cima da linha d'água é uma questão entre o governo do estado, o América e a concessionária. Por baixo da linha d'água, a situação é bem turva. Porque uma empresa colocaria 8 milhões de reais do próprio bolso para ampliação dá capacidade do estádio? Que garantias ela tem? Será que ela está apostando que a torcida do América vai começar a comparecer maciçamente a ponto de ocupar 30 mil lugares? Qualquer um no domínio de suas faculdades mentais sabe que não. Descartando a hipótese da superlotação americana, será que um empresário estaria disposto a colocar os 8 milhões no seu negócio, mesmo com o outro parceiro anunciando maciçamente a sua intenção de ter sua própria casa, inclusive com terreno, projeto e trâmites para aprovação em estágio adiantado na prefeitura? Esse empresário, ou rasga dinheiro ou tem garantias. Isso sugere que tem muita água pra correr por baixo da ponte que vai levar ao estádio próprio do Galo e que essa água é muito turva pra se enxergar o que está por baixo, mesmo estando ainda empoçada embaixo das estruturas metálicas do Independência.

  • Boa noite, Eduardo!
    Sou Cruzeirense...confesso que acessei o seu blog pra ver qual a desculpa um Atleticano teria depois de mais uma derrota para o Maior de Minas.

    A verdade é que me surpreendi positivamente.

    Sou do interior de Minas e vivi uma infância semelhante à sua. Muita gente tinha que passar por essa experiência pra dar mais valor as coisas.

    Diferentemente de vc fui para o lado certo da Lagoa.
    Como vc aqui no interior de Minas somos pressionados a torcer por times do Rio. A TV só passa jogos do Rio...É dose.

    Com todo respeito a mineiros que torcem para times do Rio...isto não é necessário temos dois grandes times em minas: Cruzeiro e Uberlândia ( Que foi capaz de empatar conosco).

    Que torça para o América ou para o Atlético...o importante é valorizar nosso estado.

    Que ironia um Atleticano ter uma foto com essas lendas...Que privilégio!

    • Caro, que legal seu depoimento. Duas considerações. 1) te cedo gratuitamente o lugar na foto. Brincadeira. Tenho pelo Piazza, especialnente, muita consideração e respeito. Os outros dois tive pouco contato e acho o canhoto um tanto estrelinha. 2) quanto aos times, sou mais Galo e Ganso. Este último, apesar de tudo...
      ObriGalo pela visita. Seu depoimento, isento e sem radicalismo, em grande e o trabalho proposto.

  • Boa Noite Ávila e Massa Atleticana,
    Sou e estou otimista com o galo, só quem viveu experiências únicas no mineirão, ao pagar ingresso para aturar Nedo Xavier de técnico, Dinho o mito!, Curê, Catanha, Bilú, dentre outros e mais recente Patrick e Clayton...consegue perceber um trabalho bem formado.
    O Roger está realizando um excelente início de trabalho, faltando muito pouco, para dar liga e o futebol que queremos ver exploda/apareça em campo, como almejamos. Esta situação me faz lembrar o começo de trabalho do Levir Culpi em 1994-95, muita desconfiança da torcida no time(acabara de se desfazer da selegalo) e no Levir Culpi que até aquele momento, tinha ido bem somente no Criciúma e ele desenvolveu um ótimo trabalho no galo.
    Atualmente o plantel do galo é melhor, penso que o Roger já tenha o time titular ideal definido em sua cabeça, irá realizar este testes contando com os reservas em Poços de Caldas, mais para ver se pode contar com o Carlos Eduardo, caso contrário, se este jogador nos brindar com mais uma partida de pé-de-cachorro, irá pegar as malas e como dizem por aí na vázea: "pedir para cagar e dar o fora!".kkkk
    O time está com a faca entre os dentes, na liberta veremos as feras em campo, só para dar uma pitada nostálgica, que acha Eduardo e demais amigos deste blog 100% alvinegro de voltarmos com aquele canto antes dos grandes jogos: "solta as feras!, solta as feras!".#vamosgalo

    • Meu Deus, tristes lembranças destes jogadores.... Cansei de pagar ingressos e sair dos estádios Minera e Indepa com baita raiva, pra não dizer outra coisa. Que sejamos felizes ainda mais agora.

  • O texto é ótimo, assim como a repercussão nos comentários. Mas vou, novamente, de off topic. No início do ano, postei por várias vezes sobre a bipolaridade recente da torcida. Critiquei as críticas excessivas, os faniquitos em cima de especulações e notícias plantadas (várias não se concretizaram). Continuo achando que o grupo de jogadores do Galo possui muita qualidade. No entanto, preocupo-me com a falta de competitividade desse elenco. O portal “uol” hoje trouxe uma matéria sobre a indiferença dos jogadores da seleção argentina quando da visita de Batistuta ao vestiário. O ex-jogador não criticou explicitamente os atuais atletas, mas sim estranhou o comportamento deles perante a alguém que lá já esteve. E isso me remeteu ao elenco atual do Galo. Muitos jogadores estão confundindo as coisas. Ficam fazendo “média” com a torcida, por meio de post, vídeos, frases prontas, etc. Mas não se deram conta do que é vestir a camisa do Galo. Não conhecem a história do Galo, e por isso repetem o comportamento de alguns de alguns de nossos ídolos, sem entender o porquê esses se tornaram ídolos. Certamente, não foi pela cópia de gestos de outros ídolos. O mesmo vale para o treinador. Inegável que o Galo atual possui padrão de jogo, coisa que não tinha desde o fim do primeiro semestre de 2015. É um ponto positivo, mas que está soterrado pela falta de competividade desse grupo. O time simplesmente não pulsa, não vibra. Há uma apatia irritante no conjunto. Não vejo a alegria, não vejo a vontade, não vejo a alma atleticana em muito jogadores. Para ficarmos somente nos “titulares”, Robinho, Cazares, Rafael Carioca e Fábio Santos. 4 jogadores de extrema qualidade. 4 jogadores sem noção do que é ser jogador do Galo. E o treinador tenta minimizar os resultados negativos (na minha opinião, 3), culpando a “passionalidade” da torcida, ao invés de repreender, firmemente, o comportamento apático. Prova que não conhece a Massa. Tanto é que, até o momento, a torcida ainda não se incendiou com o time em 2017, ainda que tenha comparecido em bons números aos jogos. O que demonstra certo desiquilíbrio nessa bipolaridade, com sobras de ansiedade, sufocando à euforia.
    Preocupante.
    Saudações alvinegras!

  • Rômulo,
    Concordo com você, na minha opinião trocar o treinador no meio da temporada é jogar o ano fora.
    Só vale a pena quando tá brigando para não cair igual o cruzeiro fez ano passado.
    Acho que o Roger vai pegar no tranco e dar certo...

  • Eduardo, a cada dia vejo que temos muitas coisas em comum além de atleticano. Também tinha 10 anos em 68, nasci no dia 5/8/58 (a placa dos meus carros sempre são 5858 e hoje tenho 58 anos). Acho que o Galo continua com aquela sina de que tudo acontece com ele. Quando fomos eliminados pelo Inter na Libertadores, foi uma chuva de coisas. De quanto em quanto tempo a gente vê gols de placa nos jogos? Pois é, levamos 2, um do Valdívia e outro do DAlessandro. E entregar gol? Entregamos dois, um com Marcos Rocha e outro com Dátolo. Quando que o Luan perdeu gol decisivo? Perdeu! Aquele jogo foi demais. E no domingo foi outro dia destes. Teve um peru à moda glu-glu-glu do Kafunga, uma expulsão, um meio peru (aquele chute foi muito forte) e para completar um erro do bandeira. Precisamos, além de ajustes pontuais no time, de mais sorte também. Ao contrário da maioria, acho que o Luan deve começar os jogos, enquanto nossos jogadores estiverem melhor, e ir até quando aguentar. Abração a todos os atleticanos fã do seu blog, como eu

    • Caro, obrigalo pelo incentivo. Pois é, temos muito em comum, especialmente o Galo. Acredito nos títulos do ano.

  • Feliz com o GALO nesse ano, ngm está. Se irá dar liga com o Roger, eu sinceramente , já não tenho mais essa certeza. Mas, trocar agora? Trocar por quem? Recomeçar há 1 mês do Brasileirão? Difícil.

  • Galo mostra raça, mostra amor, mostra paixão. Vai para cima deles, sem medo. Bica bicudo. Galo sempre.

  • Cada um é faccioso ao seu lado e gosto. A verdade é que a dupla de Minas anda se notabilizando atualmente pela arte de calotar dívidas, que o diga Grêmio e o time argentino. Que vergonha para os torcedores mineiros, inclusive eu.

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