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A saga de uma curitibana Atleticana

Tentarei ser sucinto, embora nossa convidada de hoje me sugira muitas considerações. Conheci essa lindeza numa de suas viagens para ver o Galo na capital mineira. Essa Atleticana, natural de Curitiba, que perdeu um braço aos 22 anos de idade, é exemplo de superação e Atleticanidade. Quem a conhece pode atestar a alegria dessa moça e o astral invejável que revela se numa grande mulher. Leiam:  

Marceli Cordeiro

Voltando ao passado, me levo para o ano de 1988 ou 89 – não tenho a memória tão boa – vejo uma menina passando em frente à entrada principal da antiga baixada atleticana paranaense. Em um ônibus chega um time de futebol que me chamou atenção, dele desce um jogador do qual meu pai falava muito – Eder Aleixo, ex-jogador da inesquecível seleção brasileira de 1982.

Quem não se lembra do belíssimo gol diante da URSS. Entrei no estádio para assistir ao treino daquele time, que depois descobri ser o Clube Atlético Mineiro. Quando Eder olha pra mim, pega a bola que estava no alambrado e me diz, “no final do treino vai ali à porta da entrada“. Foi o que eu fiz.

No fim do treinamento com todo carinho ele me deu uma flamula, escreveu seu nome e disse que aquele time era o Galo, um time de Minas Gerais. Naquele momento ele, sem saber, estava plantando dentro do meu coração uma semente para depois de muitos anos a árvore crescer e virar uma raiz alvinegra.

Falar do começo da minha história com o Galo é tão emocionante, me traz lágrimas aos olhos… e um sentimento que me toca tão fundo.

Mas essa vida nos reserva tantas situações que nunca imaginamos viver. Essa menina cresceu e se tornou uma mulher que mudou sua vida, deixando lá no fundo aquela flâmula pendurada em cima da cama e que se perdeu com o tempo. Casei, deixei meu amor alvinegro no passado, que dor no meu coração quando lembro que não tenho mais meu amuleto.

No entanto, a roda gigante que é nossa vida fez outra parada, desta vez desci, e fui buscar novamente aquela flâmula dentro das minhas lembranças. Achei que estava amarelada, mas agora eu sabia quem era meu verdadeiro amor. Corri para alcançar o tempo perdido, assistia lives, procurava matérias na internet, assistia aos jogos na TV, foi quando conheci a Galotiba – Consulado do Galo em Curitiba – e coloquei uma foto no fundo do meu perfil numa rede social.

Alguém da Galotiba me convidou para participar de um grupo de whatsapp. Era o que eu precisava. Com a Galotiba, comecei a frequentar o antigo bar onde se reuniam os membros, depois mudamos de local. Também iniciei a ida aos jogos, viajar quando possível e coisas que me traziam para mais perto do Galo.

Mas minha fome do Galo só crescia, foi quando conheci uma pessoa que iria mudar minha vida e me trazer para dentro desse mundo Galático. Hoje ele é um grande amigo meu, me levava para os jogos, assim podia conciliar minhas viagens exaustivas de Curitiba a BH.

Dezesseis horas dentro de um ônibus, com jogos do Galo e muita diversão. Não me esqueço de uma partida que sai de Curitiba às 19h30min e cheguei em BH às 12h30min, morta de cansaço, porque desta vez fui somente para assistir ao jogo do Atlético e Grêmio e participar de uma resenha com os amigos. Naquele dia o Galo me matou foi de ódio e decepção!

Tenho que citar minha alegria ao assistir o primeiro clássico da minha vida. Independência lotado, um calor de derreter e eu ali pulando igual uma louca, nunca tinha visto aquilo. A torcida cantando, que energia, arrepia qualquer ser vivo, eu a cada gol quase tive um infarto.

Até que uma moça que vendo minha alegria ao vibrar diante da apresentação do jogo veio me abraçar e pular comigo. A minha felicidade era tanta que eu mais parecia mais um cachorro, quando reencontra seu dono, depois de um tempo perdido.

E assim continuo nesta vida Atleticana, mesmo na quarentena, ligada no Galo todos os dias, buscando saber as novidades, as mudanças. Não quero aqui criar conflito de opinião quanto a minha posição sobre o assunto da volta aos treinos. Nessa hora, acho sim necessário, com todos os cuidados com certeza, que os jogadores se exercitem nos treinamentos. Eu, que bem longe de ser atleta, fazia meus exercícios regularmente e estou sentindo falta, mesmo com treinos em casa, imaginam eles.

Por enquanto vamos nos preparando, enchendo nosso tempo com lives, matérias, revendo jogos antigos, que em breve veremos nosso Galo cantar de novo.

Agora meu maior sonho é poder estar torcendo dentro do nosso Estádio, mas isso é história pra se falar numa outra oportunidade, por enquanto, sigo firme a passos largos nessa minha caminhada.

Um abraço a todos meus amiGALOs!

*fotos: arquivo pessoal

Blogueiro

View Comments

  • Parabéns Marceli!
    Sempre fui seu fã, no twitter e agora conhecendo sua história fico ainda mais fã teu, somos dois apaixonados pelo galo!
    Vamo que vamo.... Marcipicola...

  • Que sensacional a história dessa menina. E cheio de poesia também nas frases dela.
    Gostei padaná.
    Parabéns a ela e ao blog.

  • Bacana demais a entrevista da Marceli. Eu também tenho histórias lindas com o Galo e algumas decepções (mas quem não tem com o time para o qual torce, não é?). Tenho uma caminhonete personalizada do Galo, tenho um time de futebol chamado Galo Doido e tenho uma torcida organizada chamada Galo'n Maiden. Forte abraço, Ávila....e sucesso sempre.

  • Um grande amigo, infelizmente simpatizante do time da enseada das garças, me indicou a página desse Atleticano no youtube. Não conheço o "dono" da página, mas recomendo demais, pra todos os Atleticanos, que como eu, gostam de relembrar nosso passado de grandes craques e glórias (quem diz que o Galo mudou de patamar em 2013, não conhece nossa história. Sempre fomos gigantes! Os maiores! O que seria do futebol sem o Galo?). Segue o link:

    https://www.youtube.com/channel/UCqJAX5emS8stmiMVqjOKFkg

    Tem coisas novas, mas muitas coisas antigas e raridades tbm. Recomendo a todos (curte aí, meu brother Viana! "Essa estrada é cumprida, ela não tem saída, é hora de acordar pra ver o Galo cantar, pro mundo inteiro escutar!"). SAN

  • Uau! Que grande relato o de Marcelli. Éder Aleixo também é o meu ídolo de infância. Sempre usei a 11 nas peladas e campeonatos amadores que disputei enquanto as hérnias de disco permitiram! Em 1990, acho, ele já veterano, havia se envolvido em confusão com o lateral direito dos smurfs à época, o Balu e estava correndo risco de pegar punição pesada. Antes do julgamento, deu entrevista dizendo que se pegasse pena longa, se aposentaria. Saindo do Independência, num jogo quarta a noite, abordei noso ponta esquerda e disse a ele que ainda não podia parar, porque eu ainda era muito novo para substituí-lo! Ele riu, assinou minha camisa do GALO (Penalty, com o número 11 e o patrocínio da Coca Cola comprados na antiga Boutique Preto e Branco, atual Loja do Galo, em Lourdes, e costurados na camisa, por minha Mãe), e seguiu. A camisa, tal qual sua flâmula, se perdeu ao longo dos anos, mas o GALO segue comigo, sempre! Um grande abraço! SAN.

    • Rindo. Também sou parceiro na hérnia. A causa da minha, não podia ser outra. o Galo. Um dia te conto.

      • No meu caso, meu caro Eduardo, vivo, diariamente, uma ménage a tròis brochante! Convivo com duas hérnias de disco lombares! Inesquecíveis e xexelentas! Além do futebol que joguei desde que aprendi a andar, das muitas e muitas caminhadas da Floresta pro Horto, e das horas em pé, no campo, vendo nosso Galo jogar, sou músico, guitarrista (de rock e do bom e velho blues). Também são muitos anos com minha Fender Stratocaster pendurada no pescoço. Grande abraço, companheiro de alegrias (GALO) e de sofrimento (hérnia de disco)! SAN. PS: Hj (14), faz dois meses sem jogos do Galo. Nada faz mais falta nesses dias de isolamento.

  • Puxa, que história... Embora não a conheça torço que possa rever o Éder e tenho certeza que ele ganharia um presente em reve-la. Eu tô inscrito em alguns canais, espero que tenhamos uma live com sua história de vida e atléticanidade em algum deles.

  • Boa Tarde,

    Muito lindo o relato desta atleticana, Marceli seja bem vinda ao blog e continue a nos prestigiar sempre.
    Em determinado momento me sente até emocionado.
    Mais um Atleticano a distância, a mesma que sempre nos aproxima do que mais amamos.
    Aproveite o convite de todos e venha nós brindar com sua forma de pensar sobre as questões relacionadas ao nosso time do coração.

    Feliz quinta feira para todos!

  • Bom dia Avila. Bom dia a todos. Bom dia Marceli. Olha lendo o seu relato finalmente eu consegui entender a amplitude da atleticaniedade. Seu exemplo diz mais que mil palavras. Penso que nosso clube deveria sim reconhecer e destacar pessoas abnegadas e grandiosas que defendem e engrandecem as suas cores. Lendo os comentários, nao há como nao deixar de se emocionar e ai me recordo do ilustre atleticano, frequentador do bar do Salomão, que quando argumentavamos sobre a paixao da torcida, simplesmente me dizia: enternureca- te!! Parabéns Ávila, Dr. Peter, Marceli, Lucy, Barros, enfim aos apaixonados que enaltecem e qualificam a nossa torcida . Vocês sao pessoas especiais que merecem nosso sincero reconhecimento. Parabéns a todos que tem a atleticaniedade tatuada na alma.

  • Bom dia Marceli, Lucy, Eduardo, atleticanos e atleticanas,
    enquanto a nossa paixão pelo Galo nos unir jamais nos sentiremos sós... Pra gente não existe distância, o que é Curitiba-BH, 16 horas de ônibus pra ver a nossa paixão???? Nada!!!!
    Somos assim!!!!
    Bem seja bem vinda ao nosso blog... Nosso cantinho pra falar do Galo, Marcelinda!!!!!
    Se sinta em casa e fazendo parte da nossa família!!!

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