A conta não fecha

E não me refiro exclusivamente a essa contabilidade, onde elenco e estádio estão – a meu juízo – hipervalorizados. A conta que reclamo é essa e mais outras que estão sendo debitadas na credibilidade que a Massa deu aos investidores que se tornaram donos do Clube Atlético Mineiro. Com a SAF, é nítido e claro, que quem manda são os donos do dinheiro. A Associação, minoritária na Sociedade Anônima do Futebol alterou a estrutura e gestão dos clubes.

Se antes era associação civil sem fins lucrativos, com a SAF se tornou empresarial e – isso vale para todos que aderirem ao modelo – quem manda é quem tem capital financeiro na sua composição. Diante disso, por questão de racionalidade e respeito, ao presidente Sérgio Coelho nada disso deve ser cobrado. Sim dos donos, pela ordem de participação na composição societária. Nem venda de jogadores, condição que o Galo vem se notabilizando nessa virada de temporada, pode ser cobrado ou debitado ao representante minoritário da Associação.

Pois bem, quando digo que a conta não fecha e imediatamente faço a ressalva acima, quero dizer que muito do que estamos acompanhando segue sem explicação convincente. Não acompanho os demais clubes brasileiros no campo de futebol, menos ainda o desempenho nesse novo modelo de gestão. Não se sabe quem é presidente do campeoníssimo Botafogo e tampouco de outro clube de Minas. Só se fala de Textor e Supermercado, comprovando que efetivamente são esses donos que decidem compra, venda, treinador, contrato e tudo relacionado aos times de futebol.

 

Quanto ao nosso Galo, sendo chato e repetitivo, esses investidores – por mais que reconheça o valor deles nos títulos de 2021 – não adquiriram minha (nossa) paixão voluntária pelo time do nosso coração. Até porque, desde quando essa investida deles na gestão – antes da promulgação da lei da SAF -, não me sugeria admitir que fariam esse papel que estamos assistindo nos tempos atuais. Milito em questões de interesse coletivo, desde a adolescência, o que me educou a saber ouvir a voz das ruas. Fundamental para formar opinião e decisão a serem tomadas.

E o que vimos, assistimos, ouvimos e nos foi transmitido é que o Galo estava aderindo à SAF – nas mãos de Atleticanos abnegados -, que por sua vez em meio a euforia dos títulos prometeram o que não estão entregando. Concomitante a isso, inegável, a frustração do final da temporada passada contaminou a Massa numa moléstia de profunda decepção. Elenco caro, folha de pagamento altíssima, com jogadores que disputaram aquelas duas finais como se tivesse jogando uma pelada entre solteiros e casados da empresa ou familiar. Vale dizer, descompromissados. E isso, ao que a vida me ensinou, vem de cima para baixo. Ou seja, alguma coisa interna desmotivou o plantel milionário do Galo.

Como se não bastasse, as saídas dos principais jogadores – parecendo fim de feira – aguçam, endossam e evidenciam que algo preocupante possa estar ocorrendo internamente. Foi visível o distanciamento do terceiro R (Guimarães) ano passado. O quarto deles (Salvador) nem conto, pois já disse foi e é figurante nessa estória (sim, com e) dos quatro Rs. Os dois majoritários, pai e filho, ao que o sentimento Atleticano sugere é que tem voto decisivo. O mais moço bateu de frente, tipo “sou dono e não devo satisfação”, se esquecendo que o público alvo é o Torcedor. Fred, Marra, Betinho e Frossard foram admoestados. A conta não fecha. Shopping, dívidas, equilíbrio financeiro, balanço. Ainda Zaracho, Paulinho, até Bataglia sendo especulado para saída. Nesse último caso, parece que se esqueceram o jogo duro do Boca na época do Pavón! E o Atleticano que se ph…!

Aonde querem e vamos chegar?

*imagens: 1) Atlético; 2) blog