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Psicólogo graduado pela Universidade FUMEC, Pós-graduado em Psicologia Médica pelo departamento de Psiquiatria e Neurologia da Faculdade de Medicina da UFMG e Mestre em Educação, Cultura e Sociedade pela UEMG, tendo desenvolvido dissertação na área de Violência Contra a Mulher.

Pergunta de leitora – Estou saindo com dois mas nenhum me completa. O que fazer?

triangulo amoroso

 

“Querido Dr. Douglas, tenho vivido um impasse. Terminei com meu namorado mas continuo encontrando- o esporadicamente. Entretanto, nesse meio tempo, conheci uma outra pessoa e estou dividida. Na verdade, queria mesmo voltar com meu ex, mas sei que ele é muito imaturo para me assumir de verdade e se casar comigo. Por outro lado, o outro homem com quem estou saindo, não me dá nenhum sinal de querer ter um compromisso sério. Não consigo decidir, nem me livrar de vez, de nenhum dos dois. Acho que estou com medo de ficar sozinha. Mas, ao mesmo tempo, do jeito que está, não tenho nenhum deles por completo. O que você acha que eu devo fazer? Parabéns a você e ao Portal UAI por sua coluna. É muito útil para as pessoas”.

Resposta:

Querida leitora, todos nós temos desejos e necessidades. Penso que seja importante tentarmos diferenciar um conceito do outro para responder sua pergunta. Segundo o dicionário Houaiss da língua portuguesa, um dos conceitos de necessidade é: “algo que é imprescindível”.  Já a palavra desejo, significa ”aspiração de algo que corresponda ao esperado”. E é exatamente a partir da forma como conceituamos as relações afetivas, em nossas vidas, que começam a acontecer os problemas.

Muitas pessoas colocam o relacionamento afetivo na perspectiva da necessidade. Com isso, surgem aqueles pensamentos como encontrar a minha “alma gêmea”, ou então,” minha cara metade”, seguindo uma concepção de que somos seres incompletos, sempre à espera de alguém para nos completar. Não me canso de dizer que não temos de esperar ninguém pra nos completar, mas, sim, alguém que venha para somar. Uma relação é uma união de dois inteiros e não, de duas metades. Se pensarmos que somos uma metade, sempre iremos condicionar a nossa felicidade à situação de estarmos atrelados a alguém. Ou seja, torna-se imprescindível ter um relacionamento (independentemente da qualidade desta relação), para que se sobreviva psicologicamente.

Defendo que a escolha afetiva deva passar pela esfera do desejo e não, da necessidade. Pra muita gente, à medida que o tempo passa, caso não se encontre alguém que valha a pena, parte-se para buscar qualquer pessoa, mesmo que ela não corresponda minimamente ao esperado, ao verdadeiramente desejado. Isso, pelo pavor de ficar sozinho, sem o tal relacionamento, que simboliza a “síntese da felicidade existencial”. O que ocorre nesses casos, geralmente, são relações fadadas à infelicidade, ou então, que duram poucos anos (quando duram), até que a pessoa se vê sozinha novamente.

Veja bem a sequência de sua pergunta. Você terminou com seu namorado e continua se encontrando com ele esporadicamente. Ou seja, você já terminou o namoro porque o achava imaturo demais, a ponto de achar que ele não conseguiria te assumir e casar. Depois você diz que partiu pra cuidar da sua vida, pra conhecer uma outra pessoa, e que ela não te dá nenhuma pista de querer ter um compromisso sério com você. Talvez nem namorar ele queira, quanto mais casar. Com isso, concluímos duas coisas: o seu ex-namorado não consegue te assumir por imaturidade e o segundo não quer assumir uma relação séria porque ele não quer.

Dica pra você: ao que tudo indica, nenhum dos dois, por motivos diferentes, consegue ser compatível com o seu desejo, com o que você espera de um homem. Quanto ao medo de ficar sozinha, pode ter certeza de que, caso opte por isso, nenhuma catástrofe acontecerá e que é necessário aprendermos a ficar bem sozinhos. Penso que seria importante refletir também sobre esse medo de estar só. O que teria de tão amedrontador no fato de não ter uma pessoa ao lado? É por se achar uma pessoa insegura? Ou por pensar que socialmente uma mulher não poderia ficar sozinha e você, tendo um marido, estaria adequada ao que a sociedade espera? É bom pensar nesse temor e tentar entendê-lo. Nada contra você querer ter alguém ao seu lado. No entanto, não pode ser a qualquer custo. Pense que é muito perigoso condicionar a sua felicidade ao fato de estar com alguém, porque a vida também tem muitas outras boas coisas para se viver. Seja fiel ao que você realmente deseja de uma pessoa para se relacionar com ela. Não se engane e não esteja com alguém por necessidade ou medo.

Envie sua pergunta para: perguntaUAI@gmail.com   Não identificamos os leitores que nos enviam as perguntas.

 

Um abraço,

Douglas Amorim

 

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