Sexo e violência na nova série do Cinemax

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Banshee

Criada por um grupo de cinco escritores e produtores, que incluem Alan Ball (escritor e produtor das séries A Sete Palmos e True Blood) e Greg Yaitanes (diretor cujo currículo inclui passagens por séries como Damages, Lost e House), Banshee (2013) foi o primeiro investimento do canal a cabo estadunidense Cinemax em um programa original. Com uma grande dose de violência e sexo – há bastante nudez na série e uma crítica chegou a comparar as sequências de sexo com o que se vê em filmes eróticos – Banshee conquistou bons números de audiência, chegando a bater o recorde para o canal e, com apenas três episódios exibidos, foi renovada para uma segunda temporada, que deve chegar à telinha no começo do próximo ano.

A cidade abriga, basicamente, três comunidades distintas: há os habitantes da cidade, que possuem uma prefeitura, corpo de bombeiros, delegacia de polícia – ainda que esta se localize em uma concessionária falida e conte com um carro permanentemente estacionado em sua recepção – hospital e todas as instalações e instituições de uma pequena cidade moderna; há a tribo indígena localizada na periferia da cidade, que atrai turistas na medida em que mantém um cassino funcionando e, finalmente, há os habitantes originais da região, que pertencem aos Amish, grupo religioso originário da Holanda cuja principal característica é manter um estilo de vida estritamente controlado pela religião e que renega qualquer conforto da vida moderna. Os Amish não têm televisão, telefone ou mesmo saneamento básico, o homens não podem se barbear, as mulheres não podem cortar os cabelos, usam roupas de camponeses (os homens usam ternos e chapéus pretos e as mulheres um vestido preto com a cabeça coberta por um capuz branco)  e vivem, na medida do possível, exatamente como os primeiros colonos que ali chegaram por volta dos séculos XVII/XVIII.

Banshee Thomsen

Apesar de transmitir uma aura de tranqüilidade, Banshee, tem seu lado podre, que se manifesta na figura de Kai Proctor (Ulrich Thomsen, de Caça às Bruxas, 2011 – acima), um empresário do ramo da carne que usa da fachada de respeitado empresário para comandar o crime na região, o que inclui, principalmente, extorsão e assassinato. Como acontece em muitos universos ficcionais, a maior parte da população de Banshee, incluindo o promotor Gordon Hopewell (Rus Blackwell, de Curvas da Vida, 2012) sabe das atividades paralelas de Proctor mas, graças ao poder financeiro do “rei do crime” local, nunca consegue que se prove algo contra ele.

A luta de Gordon contra Proctor ganha fôlego quando o xerife local – que se encontra na folha de pagamento de Kai – se aposenta e o prefeito Dan Kendall (Daniel Ross Owens, de séries como Lie to Me e Prison Break) vai contra o costume e importa um xerife de outro estado para assumir a função e, assim, se empenhar em levar Proctor à justiça (nas cidades pequenas dos EUA tanto o xerife quanto o promotor são geralmente eleitos pela população). Um xerife do estado de Oregon, Lucas Hood (Griff Furst, de Lanterna Verde, 2011) é o escolhido para o cargo.

Banshee couplePraticamente ao mesmo tempo que o novo xerife chega à cidade – e antes mesmo de ele se apresentar ao prefeito, já que os dois nunca se viram sequer por fotos – Banshee recebe um outro visitante. Após servir quinze anos na prisão por roubar diamantes de um gângster ucraniano conhecido simplesmente como “Mr. Rabbit”, o ex-condenado cujo nome nunca é revelado (Anthony Starr, de Wish You Were Here, 2012), descobre que sua ex-parceira de crime – e ex-namorada – Anastasia (Ivana Milicevic de 007 – Cassino Royale, 2006) se refugiou em Banshee e ele parte ao encalço dela.

Chegando lá, ele descobre que Anastasia refez sua vida, e agora atende pelo nome de Carrie Hopewell, esposa do promotor local e mãe de dois filhos. Desconsolado, ele se dirige ao bar local. Entre uma e outra dose de uísque, o dono do bar, o ex-boxeador conhecido como Sugar (Frankie Faison, veterano  cujos créditos incluem de As Branquelas a O Silêncio dos Inocentes) recebe a visita de dois dos “empregados” de Proctor, cobrando uma “taxa de proteção” de Sugar. Coincidentemente ou não, tanto o xerife quanto o ex-condenado também estão no recinto e, no conflito que se segue, tanto os dois marginais quanto o xerife morrem. Após se livrarem dos corpos, o ex-condenado, com a ajuda do hacker Job (Hoon Lee, de Perigo por Encomenda, 2012) decide assumir a identidade e o trabalho do xerife.

É preciso comprar a ideia e usar bastante suspensão de descrença, já que é difícil de acreditar que uma pessoa como Lucas Hood, xerife de uma cidade pequena, esteja totalmente fora das redes sociais, a ponto de não ter sequer uma conta de Twitter ou Facebook e nenhuma foto disponível online. Se a série interessou, basta ligar a TV a cabo nos canais Cinemax. Toda hora tem um episódio de Banshee passando, é fácil de conferir.

Banshee banner

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
Esta entrada foi publicada em Estréias, Indicações, Séries e marcada com a tag , , , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.

2 respostas para Sexo e violência na nova série do Cinemax

  1. Libida disse:

    Olá, gostei do conteúde de seu blog, muitas pessoas buscam assuntos como esse, obrigado por compartillhar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *